Existência

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:"Ek-sistência, a [[essência]] ou o modo [[próprio]] de ser do homem, enquanto o ''lugar'' (o ''Da'' de ''Da-sein'') ou a ''[[clareira]]'' do ser, fala do aberto ou do exposto (disposto, pré-disposto ou ''apto'') do homem ao [[aparecer]], ao fazer-se visível ou mostrar-se, ou seja, o [[desvelar-se]] ou desencobrir-se. Ser ek-sistência, ek-sistir, é ser no ''ek'', no ''ex'', isto é, no ''fora'', melhor, no ''aberto'' ou ''ex-posto'', portanto, ser na ex-posição a... o ser, que é ser exposto ou no aberto (revelado, mostrado) de ser e isto perfaz ou constitui o [[sentido]] de ser. Isto é ser no sentido de ser. O homem '''é''' este modo de existir (isso é o ek-sistir) ou de ''viver'' " (1).
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: "Ek-sistência, a [[essência]] ou o modo [[próprio]] de ser do homem, enquanto o ''lugar'' (o ''Da'' de ''Da-sein'') ou a ''[[clareira]]'' do [[ser]], fala do aberto ou do exposto (disposto, pré-disposto ou ''apto'') do [[homem]] ao [[aparecer]], ao fazer-se visível ou mostrar-se, ou seja, o [[desvelar-se]] ou desencobrir-se. [[Ser]] ek-sistência, ek-sistir, é [[ser]] no ''ek'', no ''ex'', isto é, no ''fora'', melhor, no ''aberto'' ou ''ex-posto'', portanto, [[ser]] na ex-posição a... o [[ser]], que é [[ser]] exposto ou no aberto (revelado, mostrado) de ser e isto perfaz ou constitui o [[sentido]] de [[ser]]. Isto é [[ser]] no [[sentido]] de [[ser]]. O [[homem]] '''é''' este modo de [[existir]] (isso é o ek-sistir) ou de ''viver'' " (1). A [[existência]] constitui para o [[ser humano]] a sua [[diferença ontológica]], aquilo que o diferencia de todos os outros [[entes]]. Pois só o [[ser humano]], de fato, tem [[existência]].  
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: (1) FOGEL, Gilvan. "A respeito de homem, de vida e de corpo". In: SANTORO, Fernando et al. ''Emanuel Carneiro Leão''. Rio de Janeiro: Hexis; Fundação Biblioteca Nacional, 2010, pp. 166-7. (Coleção Pensamento no Brasil, vol. 1)
: (1) FOGEL, Gilvan. "A respeito de homem, de vida e de corpo". In: SANTORO, Fernando et al. ''Emanuel Carneiro Leão''. Rio de Janeiro: Hexis; Fundação Biblioteca Nacional, 2010, pp. 166-7. (Coleção Pensamento no Brasil, vol. 1)
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Edição de 00h54min de 10 de Dezembro de 2017

1

Ek-sistencia é uma questão essencial em Ser e tempo, de Martin Heidegger. O apelo à origem latina da palavra quer destacar que não se trata do significado tradicional de existência, termo usado na filosofia para se opor a essência. Mas o que então compreender por ek-sistencia e qual a sua diferença de existência bem como de essência? É uma provocação do pensamento pela qual tudo que a metafísica diz entra em questão. Tal tematização encontrou ressonância em todos os campos do saber. Aí incluído o repensar as classificações formais, estéticas e ideológicas da arte, nas quais o atuar próprio das obras não acontece. Mais profundamente ek-sistencia é o vigorar de Eros. O traço decisivo do esforço de pensamento consistiu em algo simples, porém, de profundas consequências: pôr em questão o conceito de essência.


- Manuel Antônio de Castro


2

"Ek-sistência, a essência ou o modo próprio de ser do homem, enquanto o lugar (o Da de Da-sein) ou a clareira do ser, fala do aberto ou do exposto (disposto, pré-disposto ou apto) do homem ao aparecer, ao fazer-se visível ou mostrar-se, ou seja, o desvelar-se ou desencobrir-se. Ser ek-sistência, ek-sistir, é ser no ek, no ex, isto é, no fora, melhor, no aberto ou ex-posto, portanto, ser na ex-posição a... o ser, que é ser exposto ou no aberto (revelado, mostrado) de ser e isto perfaz ou constitui o sentido de ser. Isto é ser no sentido de ser. O homem é este modo de existir (isso é o ek-sistir) ou de viver " (1). A existência constitui para o ser humano a sua diferença ontológica, aquilo que o diferencia de todos os outros entes. Pois só o ser humano, de fato, tem existência.


Referência:
(1) FOGEL, Gilvan. "A respeito de homem, de vida e de corpo". In: SANTORO, Fernando et al. Emanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Hexis; Fundação Biblioteca Nacional, 2010, pp. 166-7. (Coleção Pensamento no Brasil, vol. 1)

3

Há uma sentença órfica grega, para diferenciar o ser humano de todos os outros entes, que diz: Dzoion logon echon (O ser humano é aquele ser vivo que é possuído pela linguagem/logos). Quando o ser humano é caracterizado como aquele sendo que é zoé que tem logos, diz então que viver é ek-sistir no logos, enquanto a casa do Ser. Ek-sistir é desde sempre e originariamente con-sistir num re-stituir. Notemos a raiz comum: st (que indica um posicionar-se). Convém, portanto, pensar a formação da palavra existência. Compõe-se do prefixo ek-, que diz o livre aberto do caminho, o não-limite, o para fora do limite. Que limite? O do radical do verbo: sistere, ocupar uma posição, estar. Ek-sistencia diz, ao mesmo tempo, o livre aberto (não-limite) e o limite. Eis a Essência paradoxal e dialética da condição humana. Os gregos a nomearam: Eros.


- Manuel Antônio de Castro



4

"O ser humano, desde Édipo - o mito imemorial que pensa o humano no que lhe é próprio em sua essência sócio-político-histórica - sempre teve a pretensão de ser o sujeito das suas escolhas e realizações. A Moira sorri, em silêncio, diante de tais pretensões, deixando-o iludir-se, em seu pseudo-poder racional de dar-se a existência, segundo a liberdade fundada na sua vontade. É uma ilusão que custa caro e gera o sofrimento de muitos fracassos inúteis" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eduardo Portella, o professor". In: Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 40.


5

"Que a existência é o penhor de todo empenho e desempenho, é a questão de todas as questões verdadeiras, isto é, daqueles que, ao questionarem qualquer coisa, se colocam a si mesmos em questão. É a questão que sempre, sabendo ou sem saber, se questiona em toda questão. Nenhum questionamento, nenhum problema teórico ou prático, racional ou emocional, natural ou cultural, se compreende a si mesmo se não se compreender a questão de todas as questões, isto é, se não questioná-la" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Aprender e Ensinar". In: -----. Aprendendo a pensar. Petrópolis R/J: Vozes, 1977, p. 45.


6

"Numa fossa da vida, quando distamos igualmente da esperança e do desespero, e a banalidade de todo dia estende um vazio onde se nos afigura indiferente se há ou não empenho. Ressoa novamente a questão: a existência se dá sempre como o penhor de todo empenho e desempenho" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Aprender e Ensinar". In: -----. Aprendendo a pensar. Petrópolis R/J: Vozes, 1977, p. 45.
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