Poesia
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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Edição de 01h43min de 24 de Junho de 2018
1
- O eu-lírico é um conceito abstrato-formal inexistente, a que nenhuma realidade corresponde. Quando num poema fala um eu, se o poema é verdadeiro, este será sempre fala da poesia. Jamais será fala do poeta ou um formal e abstrato eu-lírico. É o eu-concreto da poesia manifestando-se no poeta e nos leitores que verdadeiramente têm o poema da poesia. O poeta ou o leitor fala, mas quem diz é a poesia. Um poema é verdadeiro quando é esse dizer concreto da poesia.
- Ver também:
2
- "As palavras '...poeticamente o homem habita...' dizem muito mais. Dizem que é a poesia que permite ao habitar ser um habitar. Poesia é deixar-habitar, em sentido próprio. Mas como encontramos habitação? Mediante um construir. Entendida como deixar-habitar, poesia é um construir"(1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "...poeticamente o homem habita...". Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. In: ----. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 167.
- Ver também:
3
- "A poesia é a Memória feita imagem e esta convertida em voz. A outra voz não é a voz do além túmulo: é a do homem que está dormindo no fundo de cada homem. Tem mil anos e tem nossa idade e ainda não nasce. É nossa avó, nosso irmão e nosso bisneto" (1).
- Referência:
- (1) PAZ, Octavio. A outra voz. Trad. Wladir Dupont. São Paulo: Siciliano, 2001, p. 144.
4
- "A relação entre o homem e a poesia é tão antiga como nossa história: começou quando o homem começou a ser homem. Os primeiros caçadores e colhedores de frutas um dia se olharam, atônitos, durante um instante interminável, na água estagnada de um poema. Desde então, os homens não deixaram de se olhar nesse espelho de imagens. E têm se olhado, simultaneamente, como criadores de imagens e como imagens de suas criações" (1).
- Como se vê, Paz ainda reflete a posição moderna de que o ser humano é criador. Aqui ele aparece como criador de imagens, evidente, através de sua faculdade imaginativa. Porém, o ser humano não cria nada. Tudo já é. Cabe, apenas, a ele se deixar tomar pelo vigorar do ser que nele habita e manifestar o que já é. Esse vigorar é que faz com que ele seja poeta, pois é no vigorar da linguagem nele que mora o ser. A linguagem falando constitui o que cada ser humano é. Ele não cria, pois ele é o que recebeu para ser. O ser humano é uma doação da linguagem. E é no vigorar desta que ele é poeta. Todo ser humano é poeta. Se assim não fosse não poderia dialogar com os poemas de qualquer língua e qualquer época.
- Referência:
- (1) PAZ, Octavio. A outra voz. Trad. Wladir Dupont. São Paulo: Siciliano, 2001, p. 148.
5
- "A poesia nunca foi privilégio exclusivo do poema. Ela sempre esteve e estará nos lugares mais diversos. A própria ciência, enquanto linguagem e não simplesmente na sua ostensiva dimensão semântica, guarda a poesia. O cientista tem que ser poeta, isto é, fundador, para ser cientista". (1)
- Referência:
- (1) PORTELLA, Eduardo. “Limites ilimitados da teoria literária”. In: PORTELLA, Eduardo (org.). Teoria Literária. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976, p. 17.
6
- "Assim, ser homem é de alguma maneira suportar a disciplina, a ascese de morar no interior das questões: entre realidade, real e realização. Esse interior é o que nós chamamos de utopia. E o que abre a possibilidade de fazer essa experiência de utopia é sempre a poesia" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Poesia e utopia. In: FAGUNDES, Igor (Org.). Permanecer silêncio - Manuel Antônio de Castro e o humano como obra. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2011, p. 132.
7
- "Deixar dizer o que é digno de se pensar significa - pensar. Escutando o poema, pensamos desde a poesia. Desse modo, é a poesia, é o pensamento." (1)
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "A palavra". In: A caminho da linguagem. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 188.
8
- "A filosofia grega é uma experiência de Pensamento. Mas não é a única experiência grega de pensamento. Outra experiência grega de Pensamento é o Mito e a Mística. Uma outra, são os deuses e o extraordinário. Ainda uma outra é a Poesia e a Arte. Ainda outra é a Polis e a Politeia. A última, por ser no fundo a primeira experiência grega de Pensamento, é Vida e a Morte, Eros e Thanatos " (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Apresentação". In: -------. Filosofia grega - uma introdução. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 11.Texto em itálico
9
- "Ao nomear ou renomear inicialmente as coisas, mas também as atitudes, as pessoas, a poesia as devolve à sua integridade. Ela as subtrai à objetivação, à manipulação; ela as arranca da universalidade forçada, da banalização. "A poesia celebra em cada coisa o que esta guarda de "indene", de "salvo": um "sagrado" que deve ser pensado independentemente de qualquer referência religiosa" (1).
- Referência:
- (1) HAAR, Michel. "A 'elaboração' da verdade". In: -----. A obra de arte. Trad. Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Difel, 2.000, p. 95.
10
- "Pois o "poético" parece pertencer, quanto ao seu valor poético, ao reino da fantasia. O habitar poético sobrevoa fantasticamente o real. O poeta faz face a esse temor e diz, com propriedade, que o habitar poético é o habitar "esta terra". Assim, Hölderlin não somente protege o poético contra sua incompreensão usual corriqueira mas, acrescentando as palavras "esta terra", remete para o vigor essencial da poesia. A poesia não sobrevoa e nem se eleva sobre a terra a fim de abandoná-la e pairar sobre ela. É a poesia que traz o homem para a terra, para ela, e assim o traz para um habitar" (1). Esta passagem de do pensador Heidegger é extremamente importante, porque desfaz completamente a falsa noção de ficção, atribuída a toda literatura. É necessário, certamente, repensar tanto a noção corrente de ficção, bem como de fantasia, quanto o que se entende por real e realidade.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "...poeticamente o homem habita...". Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. In: ------. Ensaios e conferências. Petrópolis, Vozes, 2002, p. 169.