Felicidade
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : De alguma maneira a [[angústia]] está ligada à nossa [[condição humana]] de [[finitos]], ou seja, à nossa [[finitude]], pois nesta nos defrontamos com o [[nada]] que elimina quaisquer [[limites]] e então surge a [[angústia]] diante do [[infinito]]. É que a [[finitude]] se faz presente em todo o nosso [[caminhar]], em todo o nosso [[querer]], em todas as nossas [[ações]] em sua [[essência]]. Como fica a nossa [[liberdade]] e o nosso [[conhecer]]? Devemos seguir Sócrates quando diz que só sei que [[nada]] sei? Certamente somente o [[ser humano]] é tomado pela [[angústia]], pois só ele [[é]] [[finito]] e sabe que [[é]] [[finito]] diante do [[infinito]]. Como fica diante da [[finitude]] a nossa [[plenitude]] e [[felicidade]]? | ||
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+ | : (1) HEIDEGGER, Martin. "Que é metafísica?". In: ------. ''Heidegger''. Coleção ''Os pensadores''. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 40. |
Edição de 12h49min de 12 de Setembro de 2017
Tabela de conteúdo |
1
- "Na maior parte das vezes, a nossa felicidade ou infelicidade não deriva da vida propriamente dita, mas do sentido que lhe damos. Dediquei minha vida a tentar explorar esse sentido" (1).
- Referência:
- (1) PAMUK, Orhan. A maleta de meu pai. São Paulo: Cia. das Letras, 2007, p. 66.
2
- "De onde eu tinha tirado essa ideia de que a felicidade é que media a qualidade da vida de uma pessoa?" (1). A felicidade da vida está na medida ou a medida está na felicidade? Por que esta pergunta em torno da medida? Não podemos esquecer que era a hybris - desmedida - que trazia a infelicidade e a desgraça, lançando a pessoa no mais profundo sofrimento. Por isso, em nossa vida toda ação ética tem como fundo a justa medida. Assim sendo, a medida se torna para o ser humano em seu agir e viver a questão decisiva. A presença mais efetiva da medida está na morte. Esta, em última e primeira instância, é a medida do sentido. Mas não há morte sem vida (zoé, em grego. É nesse sentido que eros e thanatos são para nós, mortais, a fonte de todas as grandes experienciações (2).
- Referências:
- (1) PAMUK, Orhan. A maleta de meu pai. São Paulo: Cia. das Letras, 2007, p. 66.
- (2) Manuel Antônio de Castro.
3
- "... Apenas na solidão pode-se descobrir que o diabo não existe. E isto significa o infinito da felicidade. Esta é a minha mística" (1).
- Referência:
- (1) Entrevista com Guimarães Rosa, conduzida por Günter Lorenz no Congresso de Escritores Latino-Americanos, em janeiro de 1965 e publicada em seu livro: Diálogo com a América Latina. São Paulo: E.P.U., 1973. Acessada no site: www.tirodeletra.com.br/entrevistas/Guimarães Rosa - 1965.htm, p. 10.
4
- Referência:
- (1) KUNDERA, Milan. A insustentável leveza do ser. São Paulo: Círculo do livro, s/d., p. 174.
5
- Felicidade é a harmonia e unidade de cada um em seu mundo próprio nos diferentes e contínuos embates com o mundo e travessia de vida.
6
- "Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la" (1).
- Referência:
- (1) EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Trad. e Apresentação de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 21.
7
- "A angústia nos corta a palavra. Pelo fato de o ente em sua totalidade fugir e, assim, justamente, nos acossar o nada, em sua presença, emudece qualquer dicção do "é". O fato de nós procurarmos muitas vezes, na estranheza da angústia, romper o vazio silêncio com palavras sem nexo é apenas o testemunho da presença do nada. Que a angústia revela o nada é confirmado imediatamente pelo próprio homem quando a angústia se afastou. Na posse da claridade do olhar, a lembrança recente nos leva a dizer: Diante de que e por que nós nos angustiamos era "propriamente" - nada. Efetivamente: o nada mesmo - enquanto tal - estava aí" (1).
- De alguma maneira a angústia está ligada à nossa condição humana de finitos, ou seja, à nossa finitude, pois nesta nos defrontamos com o nada que elimina quaisquer limites e então surge a angústia diante do infinito. É que a finitude se faz presente em todo o nosso caminhar, em todo o nosso querer, em todas as nossas ações em sua essência. Como fica a nossa liberdade e o nosso conhecer? Devemos seguir Sócrates quando diz que só sei que nada sei? Certamente somente o ser humano é tomado pela angústia, pois só ele é finito e sabe que é finito diante do infinito. Como fica diante da finitude a nossa plenitude e felicidade?
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "Que é metafísica?". In: ------. Heidegger. Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 40.