Finitude

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:A afirmação tanto do "[[eu]]" quanto do "[[sou]]" implica a [[existência]] do [[limite]], mas a [[finitude]] é mais: é o saber-se limitado no tender ao [[ser]] e sempre tão [[próximo]] quanto [[distante]] dele. Vivemos na [[finitude]] a [[dialética]] de [[distância]] e [[proximidade]]. É assim que o [[eu]] encontra a sua [[medida]] no [[sou]]. Em realidade, verdadeiramente, só podemos falar de [[finitude]] em [[relação]] ao [[ser humano]] e não em [[relação]] aos [[outros]] [[entes]], embora todos sejam limitados. A [[finitude]] inclui o [[limite]], mas todo e qualquer [[limite]] não inclui a [[finitude]]. Nesta nos deparamos com a [[questão]] da [[morte]] e é, então, que a [[finitude]] aparece em toda a sua dramaticidade. Nesta [[época]] da [[globalização]] acentua-se e procura-se incutir nas [[pessoas]] o [[poder]] de fugir à [[finitude]] e à [[morte]]. Estas passam a ser algo que se pode protelar com tratamentos adequados e milagreiros. Acontece então que a [[finitude]] nos advém em meio a essa promessa de [[felicidade]] aqui e agora e [[eterna]] quando somos tomados pela [[angústia]] e pela [[solidão]]. Há um [[palíndromo]] [[entre]] [[finitude]] e [[solidão]]. A [[finitude]] gera a [[solidão]] que não é [[ser]] só, mas só [[ser]] o [[sendo]] que somos e tende continuamente para o [[ser]], ou seja, experiência-se [[sendo]] e gerando a [[angústia]] da [[finitude]] e seu apelo de ser [[infinito]], pleno, [[luz]] e [[claridade]] total vigorando. É da [[condição humana]]: ser finitude e [[solidão]].
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Edição de 07h39min de 4 de Agosto de 2017

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A afirmação tanto do "eu" quanto do "sou" implica a existência do limite, mas a finitude é mais: é o saber-se limitado no tender ao ser e sempre tão próximo quanto distante dele. Vivemos na finitude a dialética de distância e proximidade. É assim que o eu encontra a sua medida no sou. Em realidade, verdadeiramente, só podemos falar de finitude em relação ao ser humano e não em relação aos outros entes, embora todos sejam limitados. A finitude inclui o limite, mas todo e qualquer limite não inclui a finitude. Nesta nos deparamos com a questão da morte e é, então, que a finitude aparece em toda a sua dramaticidade. Nesta época da globalização acentua-se e procura-se incutir nas pessoas o poder de fugir à finitude e à morte. Estas passam a ser algo que se pode protelar com tratamentos adequados e milagreiros. Acontece então que a finitude nos advém em meio a essa promessa de felicidade aqui e agora e eterna quando somos tomados pela angústia e pela solidão. Há um palíndromo entre finitude e solidão. A finitude gera a solidão que não é ser só, mas só ser o sendo que somos e tende continuamente para o ser, ou seja, experiência-se sendo e gerando a angústia da finitude e seu apelo de ser infinito, pleno, luz e claridade total vigorando. É da condição humana: ser finitude e solidão.


- Manuel Antônio de Castro

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"O homem não é só um ser simplesmente finito. O homem é o mais finito dos seres, porque, na finitude, ele sente sempre o infinito do nada, mesmo em toda pretensão, escamoteada, de ser infinito. É na finitude sem fim do nada que afirma, em tudo que faz e/ou deixa de fazer, o infinito" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O sentido do pseudônimo". In: -----. Aprendendo a pensar III. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2017, p. 121.
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