Sol
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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- | : (1) ANSELMO, Santo. "Cap. XVI - Que a luz em que ele habita é inacessível". In: | + | : (1) ANSELMO, Santo.''' "Cap. XVI - Que a [[luz]] em que ele habita é inacessível". In: Proslógio. Coleção: Os [[Pensadores]]. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 113.''' |
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+ | : (1) HOOD, Juliette. '''O [[livro]] [[celta]] da [[vida]] e da [[morte]]. O [[Sol]] e a [[Lua]]. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora [[Pensamento]], 2011, p. 39.''' |
Edição atual tal como 20h16min de 25 de março de 2025
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1
- Os dias, as noites, nós, somos uma doação do sol, que tanto mais se dá quanto mais retrai para que cheguemos a ser o que somos: filhos e doação do sol E da terra. No fundo e essencialmente somos a dis-puta de Terra E Sol. Originários do sol e da terra, nosso viver consiste nesse per-curso entre o sol e a terra. Guimarães Rosa chamou a esse per-curso do entre de travessia. É que nesse percurso nos trans-vertemos, nos vertemos na densidade vertente do que nos constitui: sol e terra. Sol é energia acontecendo. O sol é a linguagem que dá sentido, que vivifica e faz eclodir a vida e a morte enquanto sentido do que somos, como doação da terra. Por isso nosso corpo é a língua da linguagem. Em todos os sentidos, em nossa constituição poética e ontológica somos sempre e sempre Entre-ser, ou seja: travessia.
2
- "A Terra se entretecendo como mundo é o Sol se doando em dias e noites. Terra E Sol tanto mais se doam quanto mais se retraem. O mundo doado pela Terra E pelo Sol é a clareira do claro aberto do “entre” ambíguo. A clareira originária do “entre” integra Mundo E Terra e Sol" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o entre". Revista Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro: Interdisciplinaridade: dimensões poéticas, 164, jan.-mar., 2006, p. 34.
3
- "É realmente inacessível a luz em que habitas, ó Senhor, e não há ninguém, exceto tu, que possa penetrá-la bastante para contemplar-te com clareza. Eu não a vejo, sem dúvida, por causa do seu brilho, demasiado para os meus olhos, e, todavia, o que consigo ver, vejo-o através dela, da mesma maneira que o olho fraco do nosso corpo vê tudo aquilo que vê pela luz do sol, que, no entanto, não se pode contemplar diretamente" (1).
- Referência:
- (1) ANSELMO, Santo. "Cap. XVI - Que a luz em que ele habita é inacessível". In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 113.
4
- "O segundo exemplo nos vem de Platão no "epos" da caverna. O homem acorrentado às sombras da caverna se desprende. E por que se desprende? Porque pro-cura o que já é. Caminha o caminho do ser, nosso maior bem. Ultrapassa o mundo das sombras e adentra a clareira e começa a ver o que cada um é na e pela luz do sol. Nessa luz pode até ver a noite estrelada. E aí vem a experienciação do extraordinário: ele só não pode olhar o que não pode ser olhado, a fonte de todo ver e luz: o sol" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. Série Aulas Inaugurais. Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 25.
5
- "Segundo a tradição celta, as formas mais sagradas de sabedoria provêm do reino dos ancestrais - o mundo dos mortos. Isso explica por que até o Sol brilhante faz seu trajeto descendente, à noite, até o reino sombrio de Donn. O Sol é a fonte de toda a vida, e seu movimento entre o mundo dos vivos, durante o dia , e o mundo dos mortos, durante a noite, determina o ritmo do tempo" (1).
- Referência:
- (1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 19.
6
- ": : : : : : O Sol.
- " Seja bem-vindo, Sol das estações, enquanto viajas lá no alto do céu
- : : : : Teus passos são fortes em teu voo nas alturas,
- : : : : : : :Tu és a mãe gloriosa das estrelas" (1).
- Referência: