Dicotomia
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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: Como vemos, [[rotular]] é se pautar pelas [[dicotomias]] citadas e outras. As [[dicotomias]] ou [[rótulos]] não deixam a [[realidade]] [[acontecer]] em seu [[vigor]] [[originária]], sempre [[inaugural]]. Eis aí uma perfeita [[ideia]] do que é [[dicotomia]] e como elas tolhem o [[caminho]] do [[entre]], da [[plena]] [[realização]] pela [[iluminação]] e [[libertação]]. O [[rotular]] cria um [[pseudo]]-[[mundo]]. Quem é escravo do [[hábito]], do [[costume]], do diz-se, não [[pensa]]. | : Como vemos, [[rotular]] é se pautar pelas [[dicotomias]] citadas e outras. As [[dicotomias]] ou [[rótulos]] não deixam a [[realidade]] [[acontecer]] em seu [[vigor]] [[originária]], sempre [[inaugural]]. Eis aí uma perfeita [[ideia]] do que é [[dicotomia]] e como elas tolhem o [[caminho]] do [[entre]], da [[plena]] [[realização]] pela [[iluminação]] e [[libertação]]. O [[rotular]] cria um [[pseudo]]-[[mundo]]. Quem é escravo do [[hábito]], do [[costume]], do diz-se, não [[pensa]]. | ||
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- | : (1) ROCHA, Antônio Carlos Pereira Borba. "Diálogo com Chuang Tzu, hoje". In: '''Revista Tempo Brasileiro, 171 - Permanência e atualidade da Poética. Rio de Janeiro, out.-dez., 2007 | + | : (1) ROCHA, Antônio Carlos Pereira Borba. "[[Diálogo]] com Chuang Tzu, hoje". In: '''Revista Tempo Brasileiro, 171 - [[Permanência]] e atualidade da [[Poética]]. Rio de Janeiro, out.-dez., 2007, p. 167.''' |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "A [[globalização]] e os desafios do [[humano]]". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - [[Globalização]], [[pensamento]] e [[arte]]. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 22.''' |
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- | : "Pode-se [[estar]] sem [[ser]]? [[Ser]] sem [[estar]]? [[Ser]] não é [[estar]] e [[estar]] não é [[ser]]? Com essa formulação não há o [[perigo]] de se cair em mais uma [[dicotomia]] [[funcional]] e [[metafísica]], tão presentes na [[cultura]] [[ocidental]]? O melhor [[caminho]] para evitar as [[dicotomias]] é sempre [[questionar]] em [[lugar]] de simplesmente [[conceituar]]. Portanto, questionemos: O que é [[ser]]? O que é [[estar]]? Ora, as [[respostas]] não serão [[conceitos]]? Não. São os passos que nos reencaminham para as [[questões]] de [[ser]] estando e de estando [[ser]]" (1). | + | : "Pode-se [[estar]] sem [[ser]]? [[Ser]] sem [[estar]]? [[Ser]] não é [[estar]] e [[estar]] não é [[ser]]? Com essa formulação não há o [[perigo]] de se cair em mais uma [[dicotomia]] [[funcional]] e [[metafísica]], tão presentes na [[cultura]] [[ocidental]]? O melhor [[caminho]] para evitar as [[dicotomias]] é [[sempre]] [[questionar]] em [[lugar]] de simplesmente [[conceituar]]. Portanto, questionemos: O que é [[ser]]? O que é [[estar]]? Ora, as [[respostas]] não serão [[conceitos]]? Não. São os passos que nos reencaminham para as [[questões]] de [[ser]] estando e de estando [[ser]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ser e estar". In:------. '''Arte: o humano e o destino | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "[[Ser]] e [[estar]]". In:------. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 21.''' |
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- | : "A característica [[essencial]] da [[dicotomia]] é que parte [[sempre]] de [[oposições]] excludentes. Mas desde a formulação lapidar de | + | : "A característica [[essencial]] da [[dicotomia]] é que parte [[sempre]] de [[oposições]] excludentes. Mas desde a formulação lapidar de Aristóteles do que seja [[princípio]] ('''arché''') em sua [[consumação]] (''[[telos]]'') somos convocados a [[pensar]] a [[realidade]] sem exclusões, pois afirma na ''[[Metafísica]]'': “Só é [[possível]] [[pensar]] em [[princípio]] porque ''[[physis]]'', a [[realidade]], não é estática, é [[dinâmica]]. Só é [[possível]] [[pensar]] em [[princípio]] porque a [[dinâmica]] da ''[[physis]]'' não é linear, é [[circular]]. Só é [[possível]] [[pensar]] em [[princípio]] porque a circulação da ''[[physis]]'' não é [[finita]], é [[infinita]]. Só é [[possível]] [[pensar]] em [[princípio]] porque a [[infinitude]] da ''[[physis]]'' não é de exclusão, mas de inclusão” (In: Leão, 2010, 89 (1))" (2). |
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- | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. '''Filosofia grega - uma introdução | + | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. '''[[Filosofia]] [[grega]] - uma introdução. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2010, p. 89.''' |
- | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Educar poético: diálogo e dialética". In: ..... e outros. '''O educar poético | + | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "[[Educar]] [[poético]]: [[diálogo]] e [[dialética]]". In: ..... e outros. '''O [[educar]] [[poético]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2014, p. 16.''' |
Edição atual tal como 20h57min de 26 de fevereiro de 2025
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1
- "Se, um belo dia, o homem abandonar o hábito, o costume, o condicionamento de rotular, de dar nome, de nomear as coisas entre boas e más, feias e bonitas, altas e baixas, pobres e ricas, agradáveis e desagradáveis, e procurar viver neste "entre", nesse meio caminho para a libertação, estará encaminhado no entre-Caminho de que nos fala Heidegger. É justamente com esse homem que Chuang Tzu quer "conversar", dialogar..." (1).
- Como vemos, rotular é se pautar pelas dicotomias citadas e outras. As dicotomias ou rótulos não deixam a realidade acontecer em seu vigor originária, sempre inaugural. Eis aí uma perfeita ideia do que é dicotomia e como elas tolhem o caminho do entre, da plena realização pela iluminação e libertação. O rotular cria um pseudo-mundo. Quem é escravo do hábito, do costume, do diz-se, não pensa.
- Referência:
- (1) ROCHA, Antônio Carlos Pereira Borba. "Diálogo com Chuang Tzu, hoje". In: Revista Tempo Brasileiro, 171 - Permanência e atualidade da Poética. Rio de Janeiro, out.-dez., 2007, p. 167.
2
- "Globalização é dobra, pois toda dicotomia se tornou um chavão dinossáurico: pensar em termos de materialismo ou espiritualismo, de função ou essência, de identidade ou alienação, de raça ou gênero, de teoria ou prática, de erudito ou popular, de marginal ou não-marginal etc. não passa de uma brincadeira risível sem consequências" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 201/202 - Globalização, pensamento e arte. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 22.
3
- "Pode-se estar sem ser? Ser sem estar? Ser não é estar e estar não é ser? Com essa formulação não há o perigo de se cair em mais uma dicotomia funcional e metafísica, tão presentes na cultura ocidental? O melhor caminho para evitar as dicotomias é sempre questionar em lugar de simplesmente conceituar. Portanto, questionemos: O que é ser? O que é estar? Ora, as respostas não serão conceitos? Não. São os passos que nos reencaminham para as questões de ser estando e de estando ser" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ser e estar". In:------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 21.
4
- "A característica essencial da dicotomia é que parte sempre de oposições excludentes. Mas desde a formulação lapidar de Aristóteles do que seja princípio (arché) em sua consumação (telos) somos convocados a pensar a realidade sem exclusões, pois afirma na Metafísica: “Só é possível pensar em princípio porque physis, a realidade, não é estática, é dinâmica. Só é possível pensar em princípio porque a dinâmica da physis não é linear, é circular. Só é possível pensar em princípio porque a circulação da physis não é finita, é infinita. Só é possível pensar em princípio porque a infinitude da physis não é de exclusão, mas de inclusão” (In: Leão, 2010, 89 (1))" (2).
- Referência: