Certeza
De Dicionário de Poética e Pensamento
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- | : (1) PRIGOGINE, Ilya. "Uma nova racionalidade". In: | + | : (1) PRIGOGINE, Ilya.''' "Uma nova [[racionalidade]]". In: ---. O [[fim]] das [[certezas]] - [[Tempo]], [[Caos]] e as [[Leis]] da [[Natureza]]. São Paulo: Editora UNESP, 1996, 3. e., p. 13.''' |
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- | : "E o fÃsico Ilya Prigogine defende o [[fim]] da [[certeza]] (“O fim da certezaâ€, in: ''Representação e complexidade''. Rio de Janeiro, Garamond, 2003, p. 49-67). No entanto, ele é [[paradoxal]], pois o [[fim]] da [[certeza]] da [[ciência]] apenas se dá em [[virtude]], não das [[questões]], mas de uma nova [[matemática]] da [[complexidade]], por isso afirma: “O que quero [[dizer]] é que a [[humanidade]] está em [[transição]], não há [[dúvida]], e também não há [[dúvida]] de que a [[ciência]] está em [[transição]]†p.49. Essa [[transição]] não significa o [[fim]] da [[certeza]] [[matemática]], daà o [[paradoxo]] no tÃtulo do seu [[ensaio]]" (1). | + | : "E o fÃsico Ilya Prigogine defende o [[fim]] da [[certeza]] (“O fim da certezaâ€, in: '''Representação e complexidade'''. Rio de Janeiro, Garamond, 2003, p. 49-67). No entanto, ele é [[paradoxal]], pois o [[fim]] da [[certeza]] da [[ciência]] apenas se dá em [[virtude]], não das [[questões]], mas de uma nova [[matemática]] da [[complexidade]], por isso afirma: “O que quero [[dizer]] é que a [[humanidade]] está em [[transição]], não há [[dúvida]], e também não há [[dúvida]] de que a [[ciência]] está em [[transição]]†p.49. Essa [[transição]] não significa o [[fim]] da [[certeza]] [[matemática]], daà o [[paradoxo]] no tÃtulo do seu [[ensaio]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]â€. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]] em [[questão]]: [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 15.''' |
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1
- "Os atenienses, como a maioria dos homens em todas as épocas, tinham muitas certezas, sem jamais se perguntarem de onde e como tinham surgido tais certezas. Pensavam saber o que era cada uma das coisas, a beleza, a coragem, a justiça, mas quando indagados mais profundamente e mais insistentemente, o ser do seu pretenso saber se diluÃa em uma multiplicidade de palavras desconexas e proposições contraditórias" (1).
- Referência:
- (1) BENOIT, Hector. O nascimento da razão negativa. São Paulo: Moderna, p. 5.
2
- A questão do verdadeiro enquanto proposição adequada entre o dito e a coisa (ente, sendo, to on, real), o que é, gera as certezas e estas anulam o vigorar verbal da dialética de verdade e não-verdade. Estas não são meros atributos, mas o próprio ser se dando, manifestando e retraindo em tudo que é e não-é. O certo surge da proposição enquanto juÃzo, mas não é necessariamente o verdadeiro, porque este não é um simples atributo de um sujeito, mas o modo como o ser se manifesta e vem ao aparecer. Sem aparecer não pode haver proposição e, portanto, certeza. A certeza é a verdade da proposição, regida pela lógica. Porém, a dinâmica da realidade é mais do que o certo, o estático e abstrato da lógica. A realidade é um acontecer incessante e complexo. Uma foto de uma flor exalando o seu perfume não o capta, mas ele está lá acontecendo, vivo e atuante. Esses são os limites da certeza lógica. Por isso a ciência também passou a trabalhar com a incerteza.
3
- "Como já ressaltamos, tanto na dinâmica clássica quanto na fÃsica quântica, as leis fundamentais exprimem agora possibilidades e não mais certezas. Temos não só leis, mas também eventos que não são dedutÃveis das leis, mas atualizam as suas possibilidades. Nesta perspectiva, não podemos evitar de colocar o problema da significação desse evento primordial que a fÃsica batizou de "big-bang". Que significa o big-bang? Fornece-nos ele as raÃzes do tempo? Começou o tempo com big-bang? Ou o tempo preexistia ao nosso universo?" (1).
- Referência:
- (1) PRIGOGINE, Ilya. "Uma nova racionalidade". In: ---. O fim das certezas - Tempo, Caos e as Leis da Natureza. São Paulo: Editora UNESP, 1996, 3. e., p. 13.
4
- "E o fÃsico Ilya Prigogine defende o fim da certeza (“O fim da certezaâ€, in: Representação e complexidade. Rio de Janeiro, Garamond, 2003, p. 49-67). No entanto, ele é paradoxal, pois o fim da certeza da ciência apenas se dá em virtude, não das questões, mas de uma nova matemática da complexidade, por isso afirma: “O que quero dizer é que a humanidade está em transição, não há dúvida, e também não há dúvida de que a ciência está em transição†p.49. Essa transição não significa o fim da certeza matemática, daà o paradoxo no tÃtulo do seu ensaio" (1).
- Referência: