Édipo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: [[Édipo]], em fuga porque ouvira de um bêbado que ele mataria o pai e casaria com a mãe, foge de Corinto e vai para Tebas. Mas ele não sabia que os pais com que vivia eram adotivos. Em Tebas todos estão apavorados com a Esfinge, que propõe os Enigmas e mata quem não os resolve. Édipo resolve ir ao encontro da Esfinge, [[Esfinge]] que lhe propõe os famosos [[enigmas]]. Caso os solucionasse viveria, em caso contrário, seria morto pela [[Esfinge]]. Eis os [[enigmas]]:
: [[Édipo]], em fuga porque ouvira de um bêbado que ele mataria o pai e casaria com a mãe, foge de Corinto e vai para Tebas. Mas ele não sabia que os pais com que vivia eram adotivos. Em Tebas todos estão apavorados com a Esfinge, que propõe os Enigmas e mata quem não os resolve. Édipo resolve ir ao encontro da Esfinge, [[Esfinge]] que lhe propõe os famosos [[enigmas]]. Caso os solucionasse viveria, em caso contrário, seria morto pela [[Esfinge]]. Eis os [[enigmas]]:
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     : E, sem hesitar, responde: O Homem que, na infância, arrasta-se sobre os pés e as mãos;   
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     : na idade adulta mantém-se sobre os dois pés; e na velhice precisa usar um bastão para
     : na idade adulta mantém-se sobre os dois pés; e na velhice precisa usar um bastão para

Edição de 20h36min de 12 de Agosto de 2019

1

No ensaio "... poeticamente habita o homem..." (1), há um poema de Hölderlin que Heidegger interpreta, fazendo referência ao terceiro olho de Édipo. A fim de aprofundar a questão, confira o ensaio "Diana e Heráclito" (2), de Emmanuel Carneiro Leão.


- Manuel Antônio de Castro
Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. "... poeticamente habita o homem...". In:______. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002.
(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Diana e Heráclito". In: Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 1977, pp. 187-8.


Ver também:
*Aparência
*Olhar
*Édipo Rei, de Sófocles

2

O mito do homem é a estrutura fundamental da cultura ocidental, daí a vigência do humanismo. A questão fundamental metafísica é o Humanismo. A poíesis (o vigor poético) não é metafísica nem humanista, mas defende a realização do humano do homem. E o maior exemplo é Édipo. Édipo realiza o humano do homem, porque toda a sua vida se funda numa disputa com o destino, para no final deixar que este o tome e dê o sentido da sua vida, quando então ele faz do humano do homem a liberdade como libertação, dimensionando-se pelo destino enquanto sabedoria. Arrancar os olhos é um ato livre de negação do saber e de se deixar tomar pela sabedoria.


- Manuel Antônio de Castro

3

"Pensa-se que destino é o que a razão, fonte do livre agir do ser humano, não podia determinar nem controlar. Pela visão racionalista, o destino se opõe à liberdade humana. No existir o ser humano deve-se dar livremente a sua essência, o seu genos enquanto seu quinhão. Nessa visão, a existência precede e determina a essência. O existir enquanto o como é deve determinar livremente o que é. O homem não tem um destino, dá-se um destino. Esta foi a utopia moderna, esquecida dos ensinamentos do mito de Édipo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 26.


4

"O ser humano, desde Édipo - o mito imemorial que pensa o humano no que lhe é próprio em sua essência sócio-político-histórica - sempre teve a pretensão de ser o sujeito das suas escolhas e realizações. A Moira sorri, em silêncio, diante de tais pretensões, deixando-o iludir-se, em seu pseudo-poder racional de dar-se a existência, segundo a liberdade fundada na sua vontade. É uma ilusão que custa caro e gera o sofrimento de muitos fracassos inúteis" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eduardo Portella, o professor". In: Quatro vezes vinte - Eduardo Portella - Depoimentos. Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 2012, p. 40.


5

"Mas vem Édipo e, impulsionado pela procura da verdade e convicto de sua inteligência, certo de que é o mais inteligente dos homens, defronta-se com a Esfinge. Brilhando na luminosidade da inteligência e da razão, decifra os enigmas e passa a ser aclamado como o salvador de Tebas. Sem rei, pois Laio, o rei, seu pai, ele o matara. Naturalmente desposa a viúva, sua mãe. É o mais dócil e cuidadoso dos reis para com seu povo, para com seu genos. O seu corpo se confunde com o da pólis. Com o saber da razão achava que tinha resolvido os enigmas. Será que hoje o saber da razão é suficiente para resolver nossos enigmas ou apenas nossos problemas funcionais?" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 31.


6

Édipo, em fuga porque ouvira de um bêbado que ele mataria o pai e casaria com a mãe, foge de Corinto e vai para Tebas. Mas ele não sabia que os pais com que vivia eram adotivos. Em Tebas todos estão apavorados com a Esfinge, que propõe os Enigmas e mata quem não os resolve. Édipo resolve ir ao encontro da Esfinge, Esfinge que lhe propõe os famosos enigmas. Caso os solucionasse viveria, em caso contrário, seria morto pela Esfinge. Eis os enigmas:
 :   " - Qual é o animal que tem quatro pés de manhã, dois ao meio-dia e três ao entardecer?
   : E, sem hesitar, responde: O Homem que, na infância, arrasta-se sobre os pés e as mãos;  
   : na idade adulta mantém-se sobre os dois pés; e na velhice precisa usar um bastão para
   : andar. A Esfinge, aflita com aquela inteligência clara e rápida, recobra o fôlego e 
   : propõe novo enigma: - São duas irmãs. Uma gera a outra. E a segunda, por seu turno, é 
   : gerada pela primeira. Quem são elas? A Luz e a Escuridão, responde Édipo. A luz do dia,
   : clareira aberta no céu, gera a escuridão da noite, que, por sua vez, precede a luz do 
   : dia" (1).

Os cidadãos de Tebas lhe dão o trono que estava vazio, pois seu rei tinha sido morto numa estrada. Fora justamente Édipo que o matara.


- [Manuel Antônio de Castro]].
(1) MITOLOGIA. São Paulo: Abril Cultural, 1973, Volume III, p. 554.
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