Processo

De Dicionário de Poética e Pensamento

(Diferença entre revisões)
Linha 10: Linha 10:
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
 +
 +
== 3 ==
 +
: "... a [[crítica]] acerba ao [[sistema]] [[hegeliano]], feita pelos [[existencialistas]] (a começar por Kierkegaard), precisamente com a acusação de que, em [[Hegel]], chegou ao seu auge uma [[filosofia]] do [[sujeito]], mas em quem o [[homem]] [[concreto]], este [[sujeito]] [[concreto]], acabou se perdendo na [[identidade]] [[absoluta]] do [[sujeito]] [[infinito]]. No [[sistema]] [[hegeliano]], o [[homem]] [[concreto]] e [[individual]] não tinha mais [[sentido]] como tal.  Ora, diziam os [[existencialistas]], é o [[homem]] [[concreto]] que se trata de [[salvar]] e de [[explicar]]" (1).
 +
: O [[ser humano]] faz parte [[essencialmente]] da [[realidade]]. O [[lugar]] do [[ser humano]] no todo da [[realidade]] é que se torna a grande [[questão]]. A [[experiência]] [[histórica]], desde Esparta, é que não se pode reduzir a [[realidade]] e nela incluído o [[ser humano]] a um [[sistema]], por mais [[ideal]] que seja, pois a [[realidade]] é não se reduzirá jamais a um [[sistema]], pois ela em sua [[essência]] é um [[processo]] contínuo e complexo. Esse [[processo]] é a [[História]] como [[Sentido do Ser]].
 +
: E é como [[processo]] e no [[processo]] que cada [[ser humano]] encontra o seu [[sentido]] de [[realização]]. Ele é experienciado por cada um de acordo com seu [[próprio]] e manifestado nas [[obras de arte]]. A [[obra de arte]] inclui [[trabalho]], [[sentido]] e [[existência]].
 +
 +
 +
: - [[Manuel Antônio de Castro]].
 +
 +
: Referência:
 +
 +
: (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

Edição de 22h07min de 30 de Junho de 2020

1

Para compreender o fato devemos apreendê-lo em seu acontecer, que é o acontecer da realidade. Esta não cessa de se manifestar em fenômenos, sejam históricos, sejam naturais, sejam psíquicos ou até artísticos, enfim, sejam humanos. Fenômeno é em si um processo acontecendo, se realizando. O fato indica o resultado final do processo ou fenômeno em sua realização. Todo fato é o resultado de um fazer no sentido de acontecer de tempo e ser, ou seja, da manifestação da realidade em suas realizações. Não há fato sem o agir. Muitas vezes à totalidade dos fatos denominamos real. Ao estudo do sentido desse processo que se denomina fenômeno da realidade recebeu o nome de fenomenologia. Como pode-se ver, tudo se funda em processos contínuos de eclosão, ou seja, de fenômenos, na medida em que tais processos são o acontecer do sentido da realidade, enfim, da história. Enfim, real é como nos aparece a realidade realizando-se continuamente em fenômenos ou processos, ou seja, as realizações. Desse modo, falar de estrutura (algo estático) é algo impróprio, talvez melhor dizer: padrão de comportamento. E isto diz respeito a cada ser humano, seja interna, seja externamente. A energia, a força e o sentido de todo processo ou fenômeno é o que os gregos pensaram como ousia, traduzida para o latim como essentia, ou seja, em português: essência.


- Manuel Antônio de Castro

2

O próprio de todo sistema e em todo sistema é o horizonte sem horizontalidade, sem o que gera todo horizonte. O sistema é uma “matrix†sem o novo, somente origem do repetível dentro das funções já programadas, dentro de uma determinada estrutura, próprias de cada sistema. A realidade – não sistema nem real – é além de origem também originário do sempre novo, do sempre inaugural, do inesperado. E a sua manifestação acontece dentro de um processo infinito. Ela é mãe ou matriz de criatividade. O sistema é modelo, paradigma, suporte, dependente das suas estruturas.


- Manuel Antônio de Castro

3

"... a crítica acerba ao sistema hegeliano, feita pelos existencialistas (a começar por Kierkegaard), precisamente com a acusação de que, em Hegel, chegou ao seu auge uma filosofia do sujeito, mas em quem o homem concreto, este sujeito concreto, acabou se perdendo na identidade absoluta do sujeito infinito. No sistema hegeliano, o homem concreto e individual não tinha mais sentido como tal. Ora, diziam os existencialistas, é o homem concreto que se trata de salvar e de explicar" (1).
O ser humano faz parte essencialmente da realidade. O lugar do ser humano no todo da realidade é que se torna a grande questão. A experiência histórica, desde Esparta, é que não se pode reduzir a realidade e nela incluído o ser humano a um sistema, por mais ideal que seja, pois a realidade é não se reduzirá jamais a um sistema, pois ela em sua essência é um processo contínuo e complexo. Esse processo é a História como Sentido do Ser.
E é como processo e no processo que cada ser humano encontra o seu sentido de realização. Ele é experienciado por cada um de acordo com seu próprio e manifestado nas obras de arte. A obra de arte inclui trabalho, sentido e existência.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.