Social
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 240. |
Edição de 22h45min de 14 de Abril de 2017
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1
- Proximidade e distância não são entes abstratos. Elas só acontecem onde os homens convivem. É, pois, fundamentalmente uma situação do ser e estar um com o outro, ou seja, social. Social vem do latim socius, que significa sócio, ou seja, reunião de duas ou mais pessoas. Só por metáfora se diz que outros entes vivem em sociedade. Só o ser humano é social. O social não é uma opção, mas uma condição existencial essencial porque somos uns-com-os-outros. Somos essencialmente diálogo. Se a solidão pode ocorrer, isso significa que a proximidade e a distância são uma conquista. Elas não se dão por si. Isso significa também que a sociedade, o grupo social, não é a justaposição de pessoas.
2
- O social sempre me pré-ocupou, mas não e jamais como sistema, modelo ou ideologia. Nenhuma teoria sociológica dará jamais conta do enigma que é o social, enquanto fenômeno constitutivo do humano e, portanto, da própria realidade. Assedia-me um social poético inaugural, utópico, fraternal, livre.
3
- Todo social para ser universal concreto precisa da energia das diferenças para se tornar um real vivo e atuante, enquanto realização da realidade em sua manifestação permanente. Noutras palavras, o social é um fenômeno real da realização da realidade histórica em que o humano de todo ser humano é a energia que lhe dá corpo e o projeta em sua presença concreta para além das meras circunstâncias conjunturais. O social é o humano, o humano é o social. E a unidade de ambos perfaz o histórico em seu sentido. Que energia será essa que constitui o humano, o social e o histórico, e acontece como realização da realidade? Não temos a menor dúvida de que essa energia, que se torna a própria possibilidade do acontecer, isto é, do tempo em seu devir permanecendo, é a memória.
4
- "O soma [ corpo ] de que fala Platão passou a ser entendido – enquanto organismo – como um ente composto de matéria e forma, como qualquer utensílio é constituído. Porém, quando Platão reflete sobre a obra, jamais a pensou no horizonte de um utensílio, com seus aspectos formais e materiais (causas material e formal) ou com seus aspectos de finalidade funcional e utilitária (causa final), tanto melhor quanto for a sua funcionalidade, incluída aí a eficiência funcional estética. A concepção da linguagem e do próprio ser humano como social parte deste horizonte funcional e sistêmico. E é justamente o contrário: tanto a linguagem como o ser humano (e um coincide com o outro) são seres dialogais. A essência originária do homem e da linguagem é o logos (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 240.