Dor

De Dicionário de Poética e Pensamento

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: ''Liv & Ingmar - Uma história de amor''. Documentário dirigido por DHEERAL AKOLKAR. Narrado por Liv Ullmann, 2013.
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: "...todo [[conhecimento]] [[grego]] se funda na [[possibilidade]] de [[ver]]. Ao destruir a [[visão]], [[Édipo]] renega, explode, [[simbolicamente]], o [[conhecimento]] [[humano]], que se revela [[limitado]], [[finito]], [[aparente]] e, portanto, culpado. O [[ato]] do [[trágico]] rei é o máximo de [[sofrimento]] [[humano]], mas também de sua [[purificação]]: é a [[catarse]]" (1).
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:  Referência:
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em ''Vidas Secas''". In: -----. ''Travessia Poética''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 75.

Edição de 15h55min de 3 de Agosto de 2019

1

"Crê-me, em qualquer parte resta ainda uma alegria. A dor autêntica entusiasma. Quem penetra a sua miséria encontra-se acima. E é magnífico que somente na dor cheguemos a sentir corretamente a liberdade da alma" (1).


Referência:
(1) HÖLDERLIN, Friedrich. Hipérion ou O eremita da Grécia. Trad. Marcia C. de Sá Cavalcante. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 137.

2

"Uma das situações que mais evidenciam a indigência da existência é a experiência da dor. A dor é uma sensação indizível que se inaugura colada à condição corporal. Ela aparece permeada pelo medo, o medo da dor. A dor não se limita ao corpo. Ela pertence à existência" (1).


Referência:
(1) POMPEIA, João Augusto. "Corporeidade". In: Rev. Daseinsanlyse, No. 12, 2003, p. 36.

3

"E a dor é que não estamos à altura de nossa perfeição, e quanto à nossa beleza, nós mal a suportamos" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. A maçã no escuro. Rio de Janeiro: José Ãlvaro, 1970, p. 252.

4

A dor está ligada ao verbo grego páskho, que compõe diferentes palavras em que alegria e dor estão ligadas da mesma forma que paixão e compaixão; empatia e simpatia; apatia e antipatia.


- Manuel Antônio de Castro

5

O tema da dor que aparece no poema de Fernando Pessoa "Autopsicografia" é, sem dúvida, fundamental. Esse é um tema recorrente nas variadas experiências de pensamento. Aparece em Jó, Cristo, Sócrates e, sobretudo, na experiência de pensamento do sagrado de SiddhÄrtha Gautama, o Buda. É também o tema central ou motriz do romance de Hermann Hesse: Sidarta.


- Manuel Antônio de Castro

6

"A dor é parte do amor e precisamos aceitar isso. A dor pode deixá-lo com raiva ou torná-lo mais incondicional em seu amor. A dor pode destruir o inimigo do amor, a cobrança. A dor é aquela arma que o amor tem a fim de se livrar da cobrança interior. A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional" (1).


Referência:
(1) SRI SRI RAVI SHANKAR. "A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional". Entrevista à jornalista Celina Machado. In: O Globo, Quarta-feira, 14.12.2016, 1o. Caderno, p. 36.

7

“A dor é o rasgo do dilaceramento. A dor não dilacera, porém, espalhando pedaços por todos os lados. A dor dilacera, corta e diferencia, só que ao fazer isso arrasta tudo para si, reunindo tudo em si†(1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. 4. e. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 21.

8

"Socrates: Digo que em nós, seres vivos, quando a harmonia sofre uma ruptura, ocorre simultaneamente uma desintegração em nossa natureza e o nascimento da dor" (1).


Referência:
(1) Platão. Filebo. In: Diálogos de Platão IV. Trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2009, p. 213. Filebo, 31 d.

9

"Como médico conheci o valor místico do sofrimento" (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. "Diálogo com Guimarães Rosa". In: COUTINHO, Eduardo (org.). Guimarães Rosa. Coleção Fortuna Crítica. 2. e. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991, p. 62-97.

10

"Incorporamos a ossatura da dor na medida em que damos a esta o estatuto da dificuldade física e sensorial. No entanto, a dor não está restrita à superficialidade dos sentidos, pois é por ela que se levantam os membros e se põem a rodopiar no eixo do não-compreendido. Heidegger ainda nos aponta uma possibilidade de se pensar a dor, ou seja, enquanto corte reunidor que, à medida que irrompe, traz para si o lugar e momento do rasgo. Portanto, a dor 'traça e articula o que no corte se separa' (2), dando ao corpo a musicalidade de um improviso, ao repentino modo de acolher na desfeitura do correto um pouco das inúmeras possibilidades de se abismar e se desfazer de plangente ossatura" (1).


Referências:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. "Homem: corpo insólito". In: GARCÃA, Flavio; PINTO, Marcello de Oliveira; MICHELLI, Regina (orgs.). O insólito e seu duplo – Anais do VI Painel Reflexões sobre o Insólito na narrativa ficcional/ I Encontro Regional Insólito como Questão na Narrativa Ficcional. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2010, p. 139.
(2) HEIDEGGER, Martin. "A linguagem". In: -----. A caminho da linguagem. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 21.


11

É muito difícil dizer o que é dor, porque faz parte de nossas emoções. E estas são modos de ser e experienciar-se muito ricas, e que exigem outras palavras para dizê-las, como, por exemplo: sofrimento, tristeza, angústia, desespero, mágoa...


- Manuel Antônio de Castro

12

"Socrates: Digo que em nós, seres vivos, quando a harmonia sofre uma ruptura, ocorre simultaneamente uma desintegração em nossa natureza e o nascimento da dor...Se, todavia, a harmonia é recuperada e a natureza reintegrada, digo que ocorre o nascimento do prazer, se é que me é permitido expressar-me com o mínimo de palavras e a máxima brevidade sobre matérias de suma importância" (1).


Referência:
(1) Platão. Filebo. In: Diálogos de Platão IV, trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2009, p. 213. Filebo, 31 d.S


13

"...uma boa definição do próprio prazer, tal como Epicuro o concebe. O prazer, como bem principal e inato, não é algo que deva ser buscado a todo custo e indiscriminadamente, já que às vezes pode resultar em dor. Do mesmo modo, uma dor nem sempre deve ser evitada, já que pode resultar em prazer" (1).


Referência:
(1) LORENCINI, Ãlvaro e CARRATORE, Enzo del. In: Epicuro. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Trad. e Apresentação de Ãlvaro Lorentini e Enzo Del Carratore. São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 16.


14

"O anseio é a dor da proximidade do distante" (1)


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Quem é o Zaratustra de Nietzsche". Trad. Gilvan Fogel. In: ------. Ensaios e conferências. Petrópolis / RJ: Vozes, 2002, p. 93.


15

"Não é o parto que causa a dor. A dor é o uno se fazendo diversidade, a mulher se fazendo diferença do eu que é ela e do tu que é seu filho. Aqui há diferença e identidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 20.


16

"Na mulher, o corpo influi na normalidade da vida mais do que o do homem; porém, ao contrário, esse comportamento frequente faz com que a mulher, não doente, domine mais seu corpo do que o homem. Daí o estranho fenômeno de que a mulher resista à grande dor e à miséria física melhor que o homem e, em contrapartida, seja mais comedida em entregar-se aos prazeres excessivos, daí a surpreendente eurritmia e comedimento na postura feminina, no compasso e contenção em seus gestos, um não sei quê de recolhido e contenção que tem o corpo da mulher" (1).


Referência:
(1) ORTEGA Y GASSET, José. "Como nos vemos a nós. A mulher e seu corpo". In: Obras Completas de José Ortega y Gasset, 6. e. Madrid: Revista de Occidente, 1964, Tomo VI (1941-1946), p. 162.


17

"Sabe, existem dores no mundo, grandes dores, que até agora nem eu nem você sentimos como fome e destruição, e muitas coisas desse tipo. Mas existe uma dor que é enorme também: a dor de ser abandonada. É uma dor de solidão muito profunda, uma dor que machuca" (1).


Referência:
Liv & Ingmar - Uma história de amor. Documentário dirigido por DHEERAL AKOLKAR. Narrado por Liv Ullmann, 2013.


18

"...todo conhecimento grego se funda na possibilidade de ver. Ao destruir a visão, Édipo renega, explode, simbolicamente, o conhecimento humano, que se revela limitado, finito, aparente e, portanto, culpado. O ato do trágico rei é o máximo de sofrimento humano, mas também de sua purificação: é a catarse" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "As faces do trágico em Vidas Secas". In: -----. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 75.
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