Verdade
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : (1) HEIDEGGER, Martin. ''Introdução à metafísica''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 139. |
Edição de 19h27min de 29 de Setembro de 2017
1
- A tese central de Heidegger em A origem da obra de arte (1) é a de que arte é verdade e a obra é a verdade operando. Mas então o que Heidegger entende por verdade é a realidade eclodindo, desvelando-se na disputa com o velar-se. Por isso, à verdade corresponderá a não-verdade. Então verdade enquanto desvelamento é a realidade se dando como presença. E presença é sempre corpo denso e inteiro, tendendo à plenitude, à esfericidade. E isso é o ser humano: corpo-presença entre-sendo.
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. A Origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70 / Almedina-Brasil, 2010.
- Ver também:
2
- O verdadeiro diz sempre respeito ao sendo em seus atributos. A verdade diz originariamente respeito ao Ser do sendo, pela e na qual o sendo chega a Ser o que é: sendo do Ser.
3
- Todas as verdades enunciadas e anunciadas foram e são errâncias originárias.
4
- "A verdade é, portanto, uma dimensão, isto é, a possibilidade do real como dinâmica se estabelecer e, em se fazendo presença, desencadear as possibilidades de medida, não como conversão a uma convenção pré-estabelecida, mas a instauração da possibilidade do real fazer-se medida de si mesmo" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 78.
5
- "A exigência do verossímil é que, no seu domínio, a correspondência esteja correta, certa. Para o que é verossímil basta a certeza. No domínio da verdade, a certeza não é suficiente. O verdadeiro não é o correto, o certo. A verdade necessita do movimento e da memória para que se estabeleça como dimensão, unidade e desencadeador de realidade. Verdade é des-velar o que se vela. É desocultar o que necessariamente se oculta. A dinâmica da verdade não pretende depurar a realidade de seus processos de ocultação. A verdade vive do oculto, pois é este, e somente este que necessariamente tende a se mostrar, a se des-ocultar" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 86.
6
- A verdade pode se referir ao real enquanto desvelamento e velamento e aí então ela se realiza enquanto sentido e essência da phýsis como agir/poíesis. Mas também pode referir-se à proposição e então será verdadeira ou falsa dentro do estreito ciclo de relação do código, onde verdadeiro e falso dizem respeito ao significado. Não há significação fora do código e da proposição. Esta verdade do e como significado vive das relações inerentes:
- a) À proposição;
- b) Ao período;
- c) Ao contexto.
- Nem sempre parte-se do significado da proposição em relação ao código. Um tal significado e uma tal verdade é necessariamente relacional aos predicativos e à representação do que se diz na enunciação e no enunciado. Olhando uma rede/texto, notamos que cada nó rizomático tem múltiplas linhas que se originam nele mas que constituem relações de manifestação predicativa do que é inerente ao nó. Essas relações nunca levam em consideração os vazios onde estão suspensas as linhas/relações. Mas é do vazio surgem os sentidos. As relações entre os nós formam os períodos e os textos e o todo como dis-curso. Um dis-curso resulta de uma linearidade que pressupõe o ideológico que dá origem a diferentes dis-cursos. Isso é motivado pelas diferentes disciplinas e pela redução da poíesis à práxis. Porém, a práxis pressupõe a poíesis e a reduz a um aprendizado. À práxis não é possível ser a poíesis, como não é possível o discurso cronológico ser o tempo-currere-linguagem.
- A Linguagem fala. Isto implica a poíesis, o verbo como sentido e verdade como alétheia. Aí a rede se dimensiona no horizonte do vazio. E as relações deixam de ser só epistêmicas para serem poético-ontológicas. A Linguagem fala dizendo: a poíesis/verbo/Hermes fala.
7
- "Nosso conceito de verdade e o conceito grego da verdade tiram sua respectiva inteligibilidade intuitiva de áreas e conjunturas de relações intuitivamente diferentes. "A-letheia", descobrimento, provém do feito e do fato de encobrir, velar, respectivamente, desvelar, descobrir. Correção provém do feito e do fato de reger uma coisa por outra, através de medida e medir. Desvelar e medir são feitos e fatos inteiramente diferentes " (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Ser e verdade. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 111.
8
- "A verdade está em alguma parte: mas inútil pensar. Não a descobrirei e no entanto vivo dela" (1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Artenova, 1973, p. 36.
9
- "Ler Alice, em consequência, nos ajuda a entender a potência do pensamento criativo e não normativo. Para a verdade, as coisas podem ser úteis tanto do lado direito quanto do avesso. A verdade não tem bom senso. A verdade é selvagem e paradoxal - e nem sempre suportamos isso. Pois Alice com suas aventuras sem pé nem cabeça, nos ajuda a suportar. Volta e meia, a menina se pergunta quando as coisas voltarão a acontecer "de forma natural". O que ela descobre, não sem alguma dor, é que não existe tal forma estável e sensata de existir" (1). O autor se refere à obra de Lewis Carroll Alice no país das maravilhas.
- Manuel Antônio de Castro
- (1) CASTELLO, José. "Por que ler 'Alice'?. In: O Globo, Caderno "Prosa e verso", 23-05-2015, p. 5.
10
- A luz é a energia do silêncio e seu manto é a claridade. Sem luz não há claridade nem escuridão. A claridade da luz é o sentido e verdade do agir, o vigorar do silêncio da luz. Portanto, a luz é o princípio de tudo, pois dela provêm tanto a claridade quanto a escuridão. E o silêncio é essa energia de plenitude e origem de sentido e verdade em que se constitui originariamente a luz. Como origem de tudo, a luz pode-se mostrar como desvelamento e velamento, como claridade e escuridão.
11
- "A verdade é o desvelamento do sendo enquanto sendo. A verdade é a verdade do ser. A beleza não aparece junto desta verdade. Quando a verdade se põe na obra, ela aparece. O aparecer é – como este ser da verdade na obra e como obra – a beleza. Assim, o belo pertence ao acontecer-se apropriante da verdade" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 207 .
12
- "Na conclusão do livro de Heidegger A origem da obra de arte, o pensador-poeta diz: “Na frase “Pôr-em-obra-da verdade”, em que fica indeterminado, porém, determinável de que modo quem ou o que “põe”, vela-se a referência do Ser e da essência humana, e tal referência, nesta formulação, já é pensada inadequadamente...” (Heidegger: 2010, p. 221. Grifo meu) (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Dialética e diálogo: A verdade do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 192, Dialética em questão I. Rio de Janeiro, jan.- mar., 2013, p. 9.
13
- "Um homem verdadeiramente sábio não é aquele que persegue cegamente uma verdade. É somente aquele que conhece constantemente todos os três caminhos: o do Ser, o do não-ser e o da aparência.
- Os três caminhos proporcionam uma indicação em si unitária:
- O caminho para o Ser é inevitável.
- O caminho para o Nada é inacessível.
- O caminho para a aparência é sempre acessível e frequentado, mas evitável" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 139.