Mortal

De Dicionário de Poética e Pensamento

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: "[[Circe]] adverte [[Ulisses]] do [[perigo]] da [[morte]] e ensina como fugir dele. O mesmo repete [[Ulisses]] aos companheiros. As [[Sereias]] não falam da [[morte]], não poderiam falar de [[morte]], só do [[saber]] pleno, [[divino]] e inefável, porque a tensão [[entre]] [[saber]] e [[morte]] só existe para nós [[mortais]]. Só por sermos [[mortais]] é que podemos [[saber]]. Plantas e animais não morrem, não sabem que morrem, perecem. O [[saber]] das [[Sereias]] é um [[saber]] que nos faz ultrapassar os umbrais da [[morte]]. Um tal [[saber]] só se experiencia como [[fala]] do [[silêncio]], tão [[plena]] que é a não-fala. Se queremos a [[palavra cantada]] e, como [[saber]] [[pleno]] é a [[morte]], então, no fundo, queremos o [[não-querer]], o [[destino]] que nos advém das ''[[Môirai]]'', filhas da [[Noite]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereiasâ€. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 178.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Ulisses]] e a [[Escuta]] do [[Canto]] das [[Sereias]]â€. In: -----. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 178. '''
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Edição de 19h15min de 18 de Abril de 2025

Tabela de conteúdo

1

"Mortais são aqueles que podem fazer a experiência da morte como morte. O animal não é capaz dessa experiência. O animal também não sabe falar" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A essência da linguagem". In: ----. A caminho da Linguagem. Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis (RJ): Vozes. Bragança Paulista (SP): Editora Universitária São Francisco, 2003, p. 170.

2

"Só no plano do ente e porque somos entes é que somos, necessariamente, mortais. E ser mortal diz exatamente isso: experienciarmos como entes ser o ser do não-ente, pois todo sendo é e não é, daí estar sendo sem jamais chegar a ser como sendo o ser do sendo. O ser do não-ente não é mortal porque não é. Se fosse, seria ente e não o ser de todo não-ente. O ser não é" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser felizâ€. In: ------. Arte: o humano e o [[[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 210.

3

"Assim como a clareira é doação da floresta e a música, que é nossa vida, é doação e presentificação do silêncio. Nesse e sempre nesse horizonte, a vida é doação da morte. Por isso, somos mortais. A morte não é o fim, mas a plenitude da vida na qual agir e não-agir são um e o mesmo: ser-feliz" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser felizâ€. In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 210.

4

"Circe adverte Ulisses do perigo da morte e ensina como fugir dele. O mesmo repete Ulisses aos companheiros. As Sereias não falam da morte, não poderiam falar de morte, só do saber pleno, divino e inefável, porque a tensão entre saber e morte só existe para nós mortais. Só por sermos mortais é que podemos saber. Plantas e animais não morrem, não sabem que morrem, perecem. O saber das Sereias é um saber que nos faz ultrapassar os umbrais da morte. Um tal saber só se experiencia como fala do silêncio, tão plena que é a não-fala. Se queremos a palavra cantada e, como saber pleno é a morte, então, no fundo, queremos o não-querer, o destino que nos advém das Môirai, filhas da Noite" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereiasâ€. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 178.

5

"No grito de dor de Édipo dá-se o salto mortal no abismo sem fundo do silêncio pleno" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: Arte: corpo, mundo e terra. CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 33.
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