Significado
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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: Diz Antonio Jardim: "Em geral existe a crença de que pela [[análise]] é-se capaz de alcançar a [[unidade]]. Nada mais falaz. A análise desfaz precisamente a unidade, despedaça o [[sentido]] e, assim, se a alguma coisa não permite o acesso é à unidade" (1). | : Diz Antonio Jardim: "Em geral existe a crença de que pela [[análise]] é-se capaz de alcançar a [[unidade]]. Nada mais falaz. A análise desfaz precisamente a unidade, despedaça o [[sentido]] e, assim, se a alguma coisa não permite o acesso é à unidade" (1). | ||
- | : O importante a destacar é como se pode conceber tanto o [[sentido]] quanto o [[significado]]. O [[sentido]] está ligado à [[unidade]] e o [[significado]] à [[análise]] enquanto identidade abstrata. Daí se poder falar de significado no triângulo semiótico, mas jamais de sentido. | + | : O importante a destacar é como se pode conceber tanto o [[sentido]] quanto o [[significado]]. O [[sentido]] está ligado à [[unidade]] e o [[significado]] à [[análise]] enquanto identidade abstrata. Daí se poder falar de significado no triângulo semiótico, mas jamais de [[sentido]]. |
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- | : As proposições da [[língua]] fundamentam os [[significados]]. O [[sentido]] é o [[silêncio]] de todo [[significado]], de toda [[semântica]]. Com [[significados]] se faz muito barulho e discussão, se tomam [[posições]] e [[oposições]], se afirmam [[verdades]] e | + | : As proposições da [[língua]] fundamentam os [[significados]]. O [[sentido]] é o [[silêncio]] de todo [[significado]], de toda [[semântica]]. Com [[significados]] se faz muito barulho e discussão, se tomam [[posições]] e [[oposições]], se afirmam [[verdades]] e falsidades. Mas só o [[silêncio]] acolhe o [[sentido]] e conduz toda [[fala]] para o [[agir]] [[essencial]], aquele onde o [[ser humano]] encontra a sua [[medida]], o seu [[sentido]], o seu [[motivo]] de [[viver]] a [[vida]] como [[vivente]], na [[certeza]] de que tem como [[finalidade]] o [[pleno]] [[sentido]] e [[realização]] de sua [[vida]]. |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "A gota d’[[água]] e o [[mar]]". In: -----. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 250.6 |
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- | : (1) Cf. HEIDEGGER, Martin. ''Ser e tempo | + | : (1) Cf. [[HEIDEGGER]], Martin.''' [[Ser]] e [[tempo]], volume I. Vozes: 1993, p. 208.''' |
Edição atual tal como 15h59min de 11 de janeiro de 2025
1
- A questão do significado está ligada fundamentalmente à identidade e sua transformação em algo abstrato, genérico, pelo qual se deu uma cisão entre fenômeno e linguagem, gerando a linguagem instrumental.
- Diz Antonio Jardim: "Em geral existe a crença de que pela análise é-se capaz de alcançar a unidade. Nada mais falaz. A análise desfaz precisamente a unidade, despedaça o sentido e, assim, se a alguma coisa não permite o acesso é à unidade" (1).
- O importante a destacar é como se pode conceber tanto o sentido quanto o significado. O sentido está ligado à unidade e o significado à análise enquanto identidade abstrata. Daí se poder falar de significado no triângulo semiótico, mas jamais de sentido.
- Referência:
2
- As proposições da língua fundamentam os significados. O sentido é o silêncio de todo significado, de toda semântica. Com significados se faz muito barulho e discussão, se tomam posições e oposições, se afirmam verdades e falsidades. Mas só o silêncio acolhe o sentido e conduz toda fala para o agir essencial, aquele onde o ser humano encontra a sua medida, o seu sentido, o seu motivo de viver a vida como vivente, na certeza de que tem como finalidade o pleno sentido e realização de sua vida.
3
- Das vivências pode-se perguntar o significado, mas da vida só se pode esperar sentido. Sentido é a linguagem sem significado, mas fonte de todos os possíveis significados semânticos e discursos. É o sentido ético da vida de cada vivente em seu destino.
4
- Só o sentido possibilita plenitude, a plena realização das possibilidades que todo ser humano já recebeu, ou seja, seu destino. Portanto, destino diz a morte como horizonte de possibilidade de realização do sentido da vida, que nos advém no saber inerente a todo questionar. Há questionar quando se fazem e assumem perguntas essenciais, aquelas que só se podem fundar no sentido, uma vez que este se diferencia do significado, ou seja, o sentido reduzido a uma representação sígnica. Em vista disso todo sentido remete para uma significação, que não pode ser reduzida a uma representação sígnica e, sim, pode remeter para um símbolo, sobretudo religioso.
5
- "As proposições da língua fundamentam os significados. O sentido é o silêncio de todo significado, de toda semântica. Com significados se faz muito barulho e discussão, se tomam posições e oposições, se afirmam verdades e falsidades. Mas só o silêncio acolhe o sentido e conduz toda fala para o agir essencial, aquele onde o ser humano encontra a sua medida, o seu sentido, o seu motivo de viver a vida como vivente, na certeza de que tem como finalidade o pleno sentido e realização de sua vida" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 250.6
6
- "Das vivências pode-se perguntar o significado, mas da vida só se pode esperar o sentido. Sentido é a linguagem sem significados e conceitos, mas fonte de todos os possíveis significados semânticos e discursos. É o sentido ético da vida de cada vivente em seu destino" (1).
- Referência:
- CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d'água e o mar": In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 252.
7
- Há questionar quando se fazem e assumem perguntas essenciais, aquelas que só se podem fundar no sentido, uma vez que este se diferencia do significado, ou seja, o sentido reduzido a uma representação sígnica.
8
- O sentido é a dimensão sagrada da qual, ao modo da música, a palavra chega a articular o engendramento originário da realidade. A linguagem como linguagem é sempre sentido e não simples significado. O significado é a articulação da linguagem como representação. Somos mais atraídos pela linguagem enquanto significado porque o real se nos dá como representação, onde o sentido propriamente se retrai. E nesse sentido, a música é a que mais resiste à representação. Mas também ela, articulada nas relações intra-mundanas das linguagens diversas enquanto significados, cai nas malhas da repetição. Esta é representação? Hoje não se fala simplesmente de música mas de gêneros seguidos de adjetivos . E a música para consumo se não é representação é repetição representada na repetição do já manifesto. Todas as "artes" podem tornar-se repetições do já manifesto com modificações circunstanciais e contextuais. Toda arte inaugural é sempre inauguradora de História (1).
- Referência: