Matemática

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: A [[prática]] vai levar a [[metáfora]] do [[relógio]]/[[tempo]] para todas as esferas da [[realidade]]/[[natureza]]. Temos de ficar atentos às reduções que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da preocupação [[ontológica]] com ''o que é'' e o foco único ''no como é'', mas não mais relacionado a ''o que é''. Agora ''o como é'' diz respeito a ''o como se conhece''. É este em última [[instância]] que determina [[tudo]], pois [[tudo]] será [[objeto]] do [[conhecimento]] que se torna o [[verdadeiro]] [[sujeito]], o [[verdadeiro]] ''[[criador]]''.  E vamos ter as seguintes reduções:
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: ''[[Ente]] > [[obra]] > [[relógio]]/[[organismo]]>[[corpo]]''. Por isso não se fala mais em [[ente]] nem em [[obra]] nem em [[corpo]], mas se falará sempre e para [[tudo]] em [[objeto]]. No lugar da ''[[Ontologia]]'' vamos ter na [[Modernidade]] a ''[[Epistemologia]]''. E no lugar da ''[[Poética]]'' vamos ter a ''[[Estética]]''  E cada [[objeto]]/[[corpo]]/[[máquina]]/[[organismo]] é [[objeto]] de um [[conhecimento]], submetido à [[razão]] [[crítica]], que [[fundamenta]] ''o como se conhece''. Surgem as [[disciplinas]] e seus [[objetos]] de [[conhecimento]]. Isso tanto no plano [[singular]] quanto no plano das [[entidades]] [[coletivas]], como o [[Estado]], a [[Sociedade]], as [[Épocas]]. Daí a [[história]] [[estar]] submetida [[radicalmente]] à [[cronologia]]. Aliás, [[tudo]] ficará submetido à [[cronologia]]/[[tempo]]. [[Conhecer]] a partir do [[tempo]]/[[cronologia]] é uma [[questão]] de [[medição]]/[[cálculo]]. No fundo, [[tudo]] estará submetido ao [[tempo]]. Mas este passa a [[ser]] ''o que é acessível à [[medição]]/[[cálculo]]''. Disso se encarregam as [[diferentes]] [[disciplinas]] que para tal são criadas. Porém, o [[princípio]] de [[medição]] que dará o [[verdadeiro]] [[conhecimento]] será o efetuado a partir do que se opera pela [[matemática]], base  de todo  [[cálculo]], a [[possibilidade]] de [[aprender]] e [[ser]] [[ensinado]].
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: ''[[Ente]] > [[obra]] > [[relógio]]/organismo>[[corpo]]''. Por isso não se fala mais em [[ente]] nem em [[obra]] nem em [[corpo]], mas se falará sempre e para [[tudo]] em [[objeto]]. No lugar da ''[[Ontologia]]'' vamos ter na [[Modernidade]] a ''[[Epistemologia]]''. E no lugar da ''[[Poética]]'' vamos ter a ''[[Estética]]''  E cada [[objeto]]/[[corpo]]/máquina/[[organismo]] é [[objeto]] de um [[conhecimento]], submetido à [[razão]] [[crítica]], que [[fundamenta]] ''o como se conhece''. Surgem as [[disciplinas]] e seus [[objetos]] de [[conhecimento]]. Isso tanto no plano [[singular]] quanto no plano das [[entidades]] [[coletivas]], como o [[Estado]], a [[Sociedade]], as [[Épocas]]. Daí a [[história]] [[estar]] submetida [[radicalmente]] à [[cronologia]]. Aliás, [[tudo]] ficará submetido à [[cronologia]]/[[tempo]]. [[Conhecer]] a partir do [[tempo]]/[[cronologia]] é uma [[questão]] de [[medição]]/[[cálculo]]. No fundo, [[tudo]] estará submetido ao [[tempo]]. Mas este passa a [[ser]] ''o que é acessível à [[medição]]/[[cálculo]]''. Disso se encarregam as [[diferentes]] [[disciplinas]] que para tal são criadas. Porém, o [[princípio]] de [[medição]] que dará o [[verdadeiro]] [[conhecimento]] será o efetuado a partir do que se opera pela [[matemática]], base  de todo  [[cálculo]], a [[possibilidade]] de [[aprender]] e [[ser]] [[ensinado]].
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Aprender e ensinar". In: ------. ''Aprendendo a pensar''. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 49.
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: "Com o [[surgimento]] da [[ciência]], a partir dos [[conceitos]] [[filosóficos]], estes sofrem uma [[transformação]]: além dos [[limites]] [[definidos]], passa a ser exigidos deles [[exatidão]]. E então, além da [[lógica]], introduz-se a [[linguagem]] [[matemática]], a [[linguagem]] da [[exatidão]] e da [[precisão]]. A maioria dos [[conceitos]] com que se [[analisam]] as [[obras de arte]] surgiram a partir do [[paradigma]] [[científico]]. E acabaram por ocultar as [[questões]] em que sempre a [[arte]] se move. O [[conceito]] traz a [[ideia]] de [[objetividade]]. Esta, fundada na [[exatidão]] da [[matemática]], traz a [[certeza]]. Porém, hoje, tudo isso está, de novo, em [[questão]]" (1).
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: "Com o [[surgimento]] da [[ciência]], a partir dos [[conceitos]] [[filosóficos]], estes sofrem uma [[transformação]]: além dos [[limites]] [[definidos]], passa a ser exigidos deles [[exatidão]]. E então, além da [[lógica]], introduz-se a [[linguagem]] [[matemática]], a [[linguagem]] da [[exatidão]] e da [[precisão]]. A maioria dos [[conceitos]] com que se analisam as [[obras de arte]] surgiram a partir do [[paradigma]] [[científico]]. E acabaram por ocultar as [[questões]] em que sempre a [[arte]] se move. O [[conceito]] traz a [[ideia]] de [[objetividade]]. Esta, fundada na [[exatidão]] da [[matemática]], traz a [[certeza]]. Porém, hoje, tudo isso está, de novo, em [[questão]]" (1).
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte em questão: as questões da arte''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 15.
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). [[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 15.'''
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Aprender e ensinar". In: ------. ''Aprendendo a pensar''. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 46.
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.'''"[[Aprender]] e [[ensinar]]". In: ------. [[Aprendendo]] a [[pensar]]. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 46.'''

Edição atual tal como 20h39min de 20 de março de 2025

Tabela de conteúdo

1

A prática vai levar a metáfora do relógio/tempo para todas as esferas da realidade/natureza. Temos de ficar atentos às reduções que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da preocupação ontológica com o que é e o foco único no como é, mas não mais relacionado a o que é. Agora o como é diz respeito a o como se conhece. É este em última instância que determina tudo, pois tudo será objeto do conhecimento que se torna o verdadeiro sujeito, o verdadeiro criador. E vamos ter as seguintes reduções:
Ente > obra > relógio/organismo>corpo. Por isso não se fala mais em ente nem em obra nem em corpo, mas se falará sempre e para tudo em objeto. No lugar da Ontologia vamos ter na Modernidade a Epistemologia. E no lugar da Poética vamos ter a Estética E cada objeto/corpo/máquina/organismo é objeto de um conhecimento, submetido à razão crítica, que fundamenta o como se conhece. Surgem as disciplinas e seus objetos de conhecimento. Isso tanto no plano singular quanto no plano das entidades coletivas, como o Estado, a Sociedade, as Épocas. Daí a história estar submetida radicalmente à cronologia. Aliás, tudo ficará submetido à cronologia/tempo. Conhecer a partir do tempo/cronologia é uma questão de medição/cálculo. No fundo, tudo estará submetido ao tempo. Mas este passa a ser o que é acessível à medição/cálculo. Disso se encarregam as diferentes disciplinas que para tal são criadas. Porém, o princípio de medição que dará o verdadeiro conhecimento será o efetuado a partir do que se opera pela matemática, base de todo cálculo, a possibilidade de aprender e ser ensinado.


- Manuel Antônio de Castro.

2

"Aprender-e-ensinar é, pois, a identidade e diferenciação de nossas diferenças com a realidade, tanto com a realidade que nós mesmos somos, como com a realidade que nós mesmos não somos. Para aprender, não podemos receber tudo, mas devemos, de certo modo, trazer alguma coisa conosco para o encontro. Os gregos chamavam esta dinâmica, do que pode ser aprendido e do que pode ser ensinado, de máthema donde provêm os termos ocidentais de matemático e matemática" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Aprender e ensinar". In: ------. Aprendendo a pensar. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 49.

3

"Com o surgimento da ciência, a partir dos conceitos filosóficos, estes sofrem uma transformação: além dos limites definidos, passa a ser exigidos deles exatidão. E então, além da lógica, introduz-se a linguagem matemática, a linguagem da exatidão e da precisão. A maioria dos conceitos com que se analisam as obras de arte surgiram a partir do paradigma científico. E acabaram por ocultar as questões em que sempre a arte se move. O conceito traz a ideia de objetividade. Esta, fundada na exatidão da matemática, traz a certeza. Porém, hoje, tudo isso está, de novo, em questão" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de.Heidegger e as questões da arte”. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 15.

4

"Como chamavam os gregos o movimento de ensinar e aprender? Chamavam com um só radical: manthano. Assim, mathesis é o ensino e a aprendizagem, tanto no sentido do que é aprendido e ensinado como no sentido do processo de ensinar e aprender. Mathémata, o que pode ser ensinado e o que pode ser aprendido [ Matemática, em português]; e mathetés, o aluno, aquele que ensina aprendendo; o professor, aquele que aprende ensinando" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro."Aprender e ensinar". In: ------. Aprendendo a pensar. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977, p. 46.
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