Resposta
De Dicionário de Poética e Pensamento
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- | : "Como tantas vezes em minha [[vida]], aqueles dois [[demônios]] acordados, o [[Sim]] e o [[Não]] lutavam e se arranhavam em mim. Sempre que encontro uma [[resposta]] para as [[perguntas]] que me atormentam, a aceito com [[inquietude]] porque sei que esta [[resposta]] sem falha trará novas [[perguntas]]. Assim a caça conduzida em mim pelos dois [[demônios]] é [[infinda]]. Parece que cada [[resposta]] esconde [[perguntas]] [[futuras]] no seio de suas [[certezas]] temporárias. Por isto vejo sempre a sua vinda não com alÃvio, mas com uma [[secreta]] [[inquietude]]" (1). | + | : "Como tantas vezes em minha [[vida]], aqueles dois [[demônios]] acordados, o [[Sim]] e o [[Não]] lutavam e se arranhavam em mim. [[Sempre]] que encontro uma [[resposta]] para as [[perguntas]] que me atormentam, a aceito com [[inquietude]] porque sei que esta [[resposta]] sem falha trará novas [[perguntas]]. Assim a caça conduzida em mim pelos dois [[demônios]] é [[infinda]]. Parece que cada [[resposta]] esconde [[perguntas]] [[futuras]] no seio de suas [[certezas]] temporárias. Por isto vejo [[sempre]] a sua vinda não com alÃvio, mas com uma [[secreta]] [[inquietude]]" (1). |
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- | : (1) KAZANTZAKIS, Nikos.''Testamento para El Greco | + | : (1) KAZANTZAKIS, Nikos.'''[[Testamento]] para El Greco. Trad. Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Artenova, 1975''', p. 255. |
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- | :"Diferentemente dos [[conceitos]], sempre generalizantes e redutores das complexidades da [[realidade]], as questões pulsam o [[ritmo]] da [[vida]] sempre em movimento inaugural e único. Seu teor circular não tem nem [[inÃcio]] nem [[fim]] premeditados, pois o [[questionamento]] e a [[sabedoria]] daà advindos não culminam em respostas fixas e acabadas. A resposta que se segue a uma [[questão]] não pretende solucioná-la, mas sim abranger e aprofundar ramificações, possibilitando a [[fecundação]] de outra [[pergunta]], impulsionando-se, assim, o [[pensamento]]" (1). | + | :"Diferentemente dos [[conceitos]], [[sempre]] generalizantes e redutores das complexidades da [[realidade]], as [[questões]] pulsam o [[ritmo]] da [[vida]] [[sempre]] em [[movimento]] [[inaugural]] e único. Seu teor circular não tem nem [[inÃcio]] nem [[fim]] premeditados, pois o [[questionamento]] e a [[sabedoria]] daà advindos não culminam em respostas fixas e acabadas. A [[resposta]] que se segue a uma [[questão]] não pretende solucioná-la, mas, sim, abranger e [[aprofundar]] ramificações, possibilitando a [[fecundação]] de outra [[pergunta]], impulsionando-se, assim, o [[pensamento]]" (1). |
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- | : "Deve deixar cada [[palavra]] vir com sua força [[poética]] e nela descobrirá [[algo]] [[maravilhoso]]: que a [[resposta]], qualquer [[resposta]], só é verdadeiramente [[resposta]] se recolocar a [[questão]], pois somos radicalmente [[seres]]-do-[[entre]], [[entre]] [[pergunta]] e [[resposta]], [[entre]] [[vida]] e [[morte]]. Vivemos sempre em [[liminaridade]], uma [[liminaridade]] em que [[vigora]] a [[essência]] [[originária]], porque [[poética]], pela qual tanto mais realizamos nossa [[finitude]] quanto mais, corajosamente, nos lançamos no [[não-finito]]" (1). | + | : "Deve deixar cada [[palavra]] vir com sua força [[poética]] e nela descobrirá [[algo]] [[maravilhoso]]: que a [[resposta]], qualquer [[resposta]], só é verdadeiramente [[resposta]] se recolocar a [[questão]], pois somos radicalmente [[seres]]-do-[[entre]], [[entre]] [[pergunta]] e [[resposta]], [[entre]] [[vida]] e [[morte]]. Vivemos [[sempre]] em [[liminaridade]], uma [[liminaridade]] em que [[vigora]] a [[essência]] [[originária]], porque [[poética]], pela qual tanto mais realizamos nossa [[finitude]] quanto mais, corajosamente, nos lançamos no [[não-finito]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In:----------- (org.). ''Arte: corpo, mundo e terra''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 14. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In:----------- (org.). '''Arte: corpo, mundo e terra'''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 14. |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. ''Arte: o humano e o destino | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o [[mar]]". In: -----. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011''', p. 246. |
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- | : (1) LISPECTOR, Clarice. ''Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres''. 4. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, pp. 56-57. | + | : (1) LISPECTOR, Clarice. '''Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres'''. 4. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, pp. 56-57. |
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- | : "O [[saber]] de toda [[resposta]] é sempre o [[limite]] experienciado a partir do [[não-saber]], mas manifesto no plano do [[saber]] [[orgânico]], que é sempre [[entitativo]]. Isso significa que a [[resposta]] não se dá nunca no âmbito do [[ser]], mas tão-somente no plano do [[ente]]. Isso se dá porque a [[resposta]], só em parte, é [[resposta]] à [[questão]] posta na [[pergunta]]. A [[resposta]] nunca se dá no plano do [[ser]], e sim somente no plano do [[ente]] enquanto [[ente]] do [[ser]]. A [[resposta]] vai sempre ser [[paradoxal]], pois responde no plano do [[ente]], embora se mova e só se possa mover no plano do [[ser]]" (1). | + | : "O [[saber]] de toda [[resposta]] é [[sempre]] o [[limite]] experienciado a partir do [[não-saber]], mas manifesto no plano do [[saber]] [[orgânico]], que é [[sempre]] [[entitativo]]. Isso significa que a [[resposta]] não se dá nunca no âmbito do [[ser]], mas tão-somente no plano do [[ente]]. Isso se dá porque a [[resposta]], só em parte, é [[resposta]] à [[questão]] posta na [[pergunta]]. A [[resposta]] nunca se dá no plano do [[ser]], e, sim, somente no plano do [[ente]] enquanto [[ente]] do [[ser]]. A [[resposta]] vai [[sempre]] ser [[paradoxal]], pois responde no plano do [[ente]], embora se mova e só se possa mover no plano do [[ser]]" (1). |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. ''Arte: o humano e o destino | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser feliz]]". In: -------. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011''', p. 199. |
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- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser feliz]]". In: -------. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011''', p. 200. |
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+ | : "''Que é isso o que somos?'' Aqui podemos nos mover numa dupla articulação. (1)No plano do [[ente]]: '''O que é?''' Pois tudo que [[é]] [[é]] [[ente]](2).Ou, o que é [[necessário]], movermo-nos no plano do [[ser]] do [[ente]]. Neste caso, o alcance da [[resposta]] será medido não pelo [[ente]], mas pelo [[ser]] do [[ente]]. Isso significa que a [[resposta]] não se dá nunca no âmbito do [[ser]], mas apenas e tão-somente no plano do [[ente]]. Significa isto que a [[resposta]] só em [[parte]] é [[resposta]], porque ela nunca se dá no plano do [[ser]], mas somente no plano do [[ente]] enquanto [[ente]] do [[ser]]. Ou seja, a [[resposta]] vai [[sempre]] [[ser]] [[paradoxal]], pois responde no plano do [[ente]], embora se mova, e só pode se mover, no plano do [[ser]]" (1). | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “[[Heidegger]] e as [[questões]] da [[arte]]â€. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). '''[[Arte]] em [[questão]]: as [[questões]] da [[arte]]'''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005''', p. 14. | ||
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+ | : "A [[resposta]] nunca pode dar mais do que o que é perguntado, ou seja, a [[resposta]] para [[ser]] [[resposta]] deve-se mover no mesmo [[vigor]] e [[horizonte]] da [[pergunta]]-[[questão]]. Isso significa que devemos examinar a [[resposta]] no mesmo [[vigor]] e [[horizonte]] da [[questão]]" (1). | ||
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O [[mito]] de [[Midas]] da [[morte]] ou do [[ser feliz]]". In: ---. '''[[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011''', p. 202. |
Edição atual tal como 20h55min de 21 de Setembro de 2024
1
- "A resposta à pergunta é, como cada autêntica resposta, a última saÃda do último passo de uma longa seqüência de passos questionantes. Cada resposta somente conserva sua força como resposta enquanto ela permanecer enraizada no questionar" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. A Origem da Obra de Arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70/Almedina, 2010, p. 179.
- Ver também:
2
- "Como tantas vezes em minha vida, aqueles dois demônios acordados, o Sim e o Não lutavam e se arranhavam em mim. Sempre que encontro uma resposta para as perguntas que me atormentam, a aceito com inquietude porque sei que esta resposta sem falha trará novas perguntas. Assim a caça conduzida em mim pelos dois demônios é infinda. Parece que cada resposta esconde perguntas futuras no seio de suas certezas temporárias. Por isto vejo sempre a sua vinda não com alÃvio, mas com uma secreta inquietude" (1).
- Referência:
- (1) KAZANTZAKIS, Nikos.Testamento para El Greco. Trad. Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Artenova, 1975, p. 255.
3
- "Diferentemente dos conceitos, sempre generalizantes e redutores das complexidades da realidade, as questões pulsam o ritmo da vida sempre em movimento inaugural e único. Seu teor circular não tem nem inÃcio nem fim premeditados, pois o questionamento e a sabedoria daà advindos não culminam em respostas fixas e acabadas. A resposta que se segue a uma questão não pretende solucioná-la, mas, sim, abranger e aprofundar ramificações, possibilitando a fecundação de outra pergunta, impulsionando-se, assim, o pensamento" (1).
- Referência:
- (1) MAROUVO, PatrÃcia. (a indicar a referência).
4
- "Deve deixar cada palavra vir com sua força poética e nela descobrirá algo maravilhoso: que a resposta, qualquer resposta, só é verdadeiramente resposta se recolocar a questão, pois somos radicalmente seres-do-entre, entre pergunta e resposta, entre vida e morte. Vivemos sempre em liminaridade, uma liminaridade em que vigora a essência originária, porque poética, pela qual tanto mais realizamos nossa finitude quanto mais, corajosamente, nos lançamos no não-finito" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Apresentação". In:----------- (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 14.
5
- "Para a questão, a resposta só é resposta se tiver a dimensão de recolocar a questão em novo horizonte. Por isso, é imprescindÃvel perguntar e responder. Tudo e sempre se torna diferente" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A gota d’água e o mar". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 246.
6
- "O que é real? E ela não sabia como responder. Às cegas teria que pedir. Mas ela queria que, se fosse à s cegas, pelo menos entendesse o que pedisse. Ela sabia que não devia pedir o impossÃvel: a resposta não se pede. A grande resposta não nos era dada. É perigoso mexer com a grande resposta." (1)
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, pp. 56-57.
7
- "O saber de toda resposta é sempre o limite experienciado a partir do não-saber, mas manifesto no plano do saber orgânico, que é sempre entitativo. Isso significa que a resposta não se dá nunca no âmbito do ser, mas tão-somente no plano do ente. Isso se dá porque a resposta, só em parte, é resposta à questão posta na pergunta. A resposta nunca se dá no plano do ser, e, sim, somente no plano do ente enquanto ente do ser. A resposta vai sempre ser paradoxal, pois responde no plano do ente, embora se mova e só se possa mover no plano do ser" (1).
- Referência bibliográfica:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 199.
8
- "... isto não nos deve fazer esquecer que o ente não é o ser e que, portanto, a resposta não dá conta da questão, não dá conta do ser. E que não há aà uma dicotomia, mas uma tensão dinâmica na qual qualquer resposta já solicita, convoca e recoloca a questão. Todo agir dá-se sempre em uma dobra. A questão se move, portanto, na densidade complexa e abismal de não-ser-ser. A resposta-conceito se move no âmbito paradoxal, mas restrito, do ente. A questão sempre se dá como pergunta" (1).
- Referência bibliográfica:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 200.
9
- "Que é isso o que somos? Aqui podemos nos mover numa dupla articulação. (1)No plano do ente: O que é? Pois tudo que é é ente(2).Ou, o que é necessário, movermo-nos no plano do ser do ente. Neste caso, o alcance da resposta será medido não pelo ente, mas pelo ser do ente. Isso significa que a resposta não se dá nunca no âmbito do ser, mas apenas e tão-somente no plano do ente. Significa isto que a resposta só em parte é resposta, porque ela nunca se dá no plano do ser, mas somente no plano do ente enquanto ente do ser. Ou seja, a resposta vai sempre ser paradoxal, pois responde no plano do ente, embora se mova, e só pode se mover, no plano do ser" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arteâ€. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 14.
10
- "A resposta nunca pode dar mais do que o que é perguntado, ou seja, a resposta para ser resposta deve-se mover no mesmo vigor e horizonte da pergunta-questão. Isso significa que devemos examinar a resposta no mesmo vigor e horizonte da questão" (1).
- Referência: