Estação

De Dicionário de Poética e Pensamento

1

O tempo se dá no seu acontecer como um ciclo de dias e noites. O dia é o tempo se manifestando como pensar, saber e verdade; já a noite é o tempo se ocultando como não-saber e não-verdade. Quem os preside é o ser, o sol, luz originária e energia irradiante que dá unidade à luminosidade do dia e à escuridão da noite. O ciclo pressupõe o circular do tempo em sua essência, que jamais se deixa medir ou calcular. Então temos o ciclo das estações do ano, a sucessão dos anos, dos séculos, dos milênios até o infinito, sempre diferentes. Não dá para calcular em tempo medido, mas só em tempo infinito. Por isso, não é um circular vicioso, repetitivo, porém, aberto e infinito, como o próprio tempo e a própria vida. E, por isso, temos dois modos de realizar reproduções: as que seguem um padrão sempre igual, com uma mesma estrutura, e as que vigoram no nada criativo e, por isso, são sempre criações originais, onde há um diálogo de identidade (dá para apreender como sendo a mesma, o que não quer dizer a mesma coisa) e diferença, onde não se repete a estrutura, mas onde há sempre algo novo, original.


- Manuel Antônio de Castro

2

A divisão (artificial) do tempo em quatro estações segue um padrão mundial, global, mas que não corresponde à realidade, à dinâmica do tempo em todo globo terrestre. Se em algumas partes da terra temos bem nítidas as quatro estações: primavera, verão, outono, inverno, em outras partes não acontece essa sucessão com nítidas diferenças. Por exemplo, nos pólos terrestres; nos trópicos. Em verdade, nestes temos apenas duas estações: aquela em que predominam as chuvas e aquela em que predomina o sol.


- Manuel Antônio de Castro.

3

"O ano celta não tem começo nem fim. Ele segue o ritmo da natureza em seu ciclo contínuo. As marcações no calendário são apenas as mudanças mais evidentes na natureza. A cada nova estação, ocorre uma festividade que celebra seu significado para a agricultura. Durante essas festividades, as fronteiras entre os mundos material e sobrenatural desaparecem, e as entidades espirituais do Outro Mundo rompem o véu que as separa do reino dos vivos" (1).


Referência:
(1) HOOD, Juliette. O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 23.
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