Nada criativo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "Toda [[diferenciação]] é um crescer tendo como fim, como plena [[realização]], o que lhe dá [[sentido]] e atrai: o [[originário]], o [[desejo]] a ser conquistado. Toda [[diferenciação]] [[procura]] a [[origem]] daquilo que a constitui, pois é a partir dela, vigorando nela, que se diferencia e é. Mas é um aproximar-se do que se retrai não para outra [[posição]], mas para o que já desde sempre [[é]]: [[vazio]], [[plenitude]], [[não-posição]], ''[[nada criativo]]'' " (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 307.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 307.
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: J - De certo... Para nós, o [[vazio]] é o [[nome]] mais elevado para se designar o que o senhor quer dizer com a [[palavra]] [[ser]]" (1).
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: (1) HEIDEGGER, Martin. "De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador". In: '''Ensaios e conferências'''. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 87.
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: "... em todo [[pensamento]] se dá algo que não somente não pode ser pensado como, sobretudo e em tudo que se pensa, significa [[pensar]], isto é, faz e torna possível o [[pensamento]]. Este "não pensado", que nunca poderá ser pensado, é, pois, um [[nada]]. Mas não um [[nada]] somente [[negativo]], nem um [[nada]] somente [[positivo]] e nem uma mistura, com ou sem [[dialética]], de [[negativo]] e [[positivo]]. Mas então que [[nada]] é este?  Um [[nada criativo]] somente, tanto da [[negação]] como da [[posição]] e da [[composição]] de ambos" (1).
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: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Posfácio". In: HEIDEGGER, Martin. '''Ser e tempo'''. 2. e. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 550.
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: "Não podemos [[limitar]] a [[linguagem]] à [[fala]], pois ficar em [[silêncio]] é já [[radicar]] na máxima [[potencialidade]] da [[linguagem]] de todo [[sentido]] e [[fala]]. Ficar em [[silêncio]] é [[recolher-se]] ao [[ser]], ao [[silêncio]] enquanto [[nada criativo]], de onde surge a [[compreensão]], radicada, portanto, em uma [[abertura]] de [[pré-compreensão]], advinda no [[silêncio]] vigoroso do [[sentido]] do [[ser]]. [[Ser]] é deixar-se tomar pelo [[vigorar]]  do [[silêncio]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas”. In: -----. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 271.
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: "Que esse [[Bem]] é, ao mesmo [[tempo]], e igualmente, o Pai, o Filho e o [[Espírito Santo]], e que, necessariamente, os [[três]] são uma [[unidade]] que é o [[total]] e [[Sumo Bem]]" (1).
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: Na [[Trindade]] [[Nada]] falta porque é o [[Nada criativo]]. Por isso, é o [[Total]] e [[Sumo Bem]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: (1) ANSELMO, Santo. "Cap. XXIII - Que esse [[Bem]] é, ao mesmo [[tempo]], e igualmente, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e que, necessariamente, os três são uma [[unidade]] que é o [[total]] e [[sumo]] [[Bem]]" (1).
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In: '''Proslógio'''. Coleção: '''Os Pensadores'''. '''Santo Anselmo''' - '''Abelardo'''. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 118.
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: "Devemos afirmar, sem mais, que há uma [[relação]] [[real]] da parte do [[ente]] [[finito]] para com o [[ser absoluto]], mas devemos [[negar]] radicalmente qualquer [[relação]] da parte do [[ser absoluto]] para com o [[ente]] [[finito]].  O [[ser absoluto]], embora faça proceder de si os [[princípios]] constitutivos do [[ente]], não muda absolutamente nada em si mesmo, continua sendo [[tudo]] e totalmente imutável em si mesmo" (1).
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: Aqui cai justamente no que quer evitar, a [[ideia]] [[absoluta]] e [[imutável]]. Não é cair no [[oposto]], mas constatar que há a [[terceira margem]] do [[rio]], há o [[universal concreto]], onde concrescem as duas [[posições]] de [[mutável]] e [[imutável]]: há o [[vigorar]] do [[Nada criativo]] ou [[Mistério]].
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: (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. '''Metafísica'''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. Faleceu dia 4 de julho de 2022.

Edição atual tal como 13h13min de 10 de Outubro de 2022

1

"Toda diferenciação é um crescer tendo como fim, como plena realização, o que lhe dá sentido e atrai: o originário, o desejo a ser conquistado. Toda diferenciação procura a origem daquilo que a constitui, pois é a partir dela, vigorando nela, que se diferencia e é. Mas é um aproximar-se do que se retrai não para outra posição, mas para o que já desde sempre é: vazio, plenitude, não-posição, nada criativo " (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 307.

2

"P - O vazio é então a mesma coisa que o nada, isto é, o vigor que procuramos pensar como o outro de toda vigência e de toda ausência?
J - De certo... Para nós, o vazio é o nome mais elevado para se designar o que o senhor quer dizer com a palavra ser" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador". In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 87.

3

"... em todo pensamento se dá algo que não somente não pode ser pensado como, sobretudo e em tudo que se pensa, significa pensar, isto é, faz e torna possível o pensamento. Este "não pensado", que nunca poderá ser pensado, é, pois, um nada. Mas não um nada somente negativo, nem um nada somente positivo e nem uma mistura, com ou sem dialética, de negativo e positivo. Mas então que nada é este? Um nada criativo somente, tanto da negação como da posição e da composição de ambos" (1).


Referência:


(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Posfácio". In: HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. 2. e. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 550.

4

"Não podemos limitar a linguagem à fala, pois ficar em silêncio é já radicar na máxima potencialidade da linguagem de todo sentido e fala. Ficar em silêncio é recolher-se ao ser, ao silêncio enquanto nada criativo, de onde surge a compreensão, radicada, portanto, em uma abertura de pré-compreensão, advinda no silêncio vigoroso do sentido do ser. Ser é deixar-se tomar pelo vigorar do silêncio" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Liberdade, vontade e uso de drogas”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 271.

5

"Que esse Bem é, ao mesmo tempo, e igualmente, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e que, necessariamente, os três são uma unidade que é o total e Sumo Bem" (1).
Na Trindade Nada falta porque é o Nada criativo. Por isso, é o Total e Sumo Bem.


- Manuel Antônio de Castro.
(1) ANSELMO, Santo. "Cap. XXIII - Que esse Bem é, ao mesmo tempo, e igualmente, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e que, necessariamente, os três são uma unidade que é o total e sumo Bem" (1).

In: Proslógio. Coleção: Os Pensadores. Santo Anselmo - Abelardo. São Paulo: Abril Cultural, 2. e., 1979, p. 118.

6

"Devemos afirmar, sem mais, que há uma relação real da parte do ente finito para com o ser absoluto, mas devemos negar radicalmente qualquer relação da parte do ser absoluto para com o ente finito. O ser absoluto, embora faça proceder de si os princípios constitutivos do ente, não muda absolutamente nada em si mesmo, continua sendo tudo e totalmente imutável em si mesmo" (1).
Aqui cai justamente no que quer evitar, a ideia absoluta e imutável. Não é cair no oposto, mas constatar que há a terceira margem do rio, há o universal concreto, onde concrescem as duas posições de mutável e imutável: há o vigorar do Nada criativo ou Mistério.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal. Faleceu dia 4 de julho de 2022.
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