Não-saber

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
: (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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: "Poética e miticamente a [[Palavra Cantada]] nos aparece como [[Memória]], [[Musas]] e [[Sereias]]. Estas, por tudo saberem, têm como reverso a [[morte]]. Há a [[definição]] da [[morte]] “biológica”, mas nós não sabemos o que é a [[morte]] do que somos. E por quê? Quem experimentou a [[morte]] não voltou para [[dizer]]. A [[morte]] é o umbral do [[não-saber]], do [[saber]] [[infinito]]. Nosso [[saber]] é [[finito]]" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 177.

Edição de 22h17min de 22 de Setembro de 2020

Tabela de conteúdo

1

"E era bom. 'Não-entender' era tão vasto que ultrapassava qualquer entender - entender era sempre limitado. Mas não-entender não tinha fronteiras e levava ao infinito, ao Deus. Não era um não-entender como um simples de espírito. O bom era ter uma inteligência e não entender. Era uma bênção estranha como a de ter loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura de estupidez" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 42.

2

Quem pergunta é porque já quer (saber) e este querer não nos vem de nossa vontade, mas do ser / saber (em Parmênides: einai / noein) que nos foi doado e o qual tendemos já desde sempre a realizar completamente, mas porque somos limitados nunca conseguimos de maneira completa, pois nele não mais poderia haver saber e não-saber. Daí surge a dialética enquanto procura incessante de proximidade e distância, de completude e falta, de sentido e não-sentido, de verdade e não-verdade, onde um tal não não indica falta, mas o que já se tem e tem demais e nunca cabe em nossos limites. Por isso, dentro deles só fazemos nos entregar incessantemente à procura da plenitude para a qual tendemos por sermos e não-sermos, e jamais como uma decisão de nossa vontade, que só aparentemente é que quer.


- Manuel Antônio de Castro.

3

"A pergunta implica sempre dois elementos: o saber e o não-saber. É este que faz surgir a pergunta para saber, mas ele não é um não-saber totalmente vazio, algo totalmente desconhecido. Trata-se antes - na unidade do saber e não-saber já ciente - de um não-saber em que pelo fato de perguntarmos o perguntado já é conhecido numa forma geral e indeterminada, mas não é ainda em forma específica e determinada" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

4

"Para que haja pergunta já se exige mais que uma mútua delimitação de saber e não-saber: exige-se um não-saber ciente, que ciente do seu próprio não-saber e ultrapassando-o se projeta para mais adiante do que onde ele está, na direção do ainda-não-sabido, pois, do contrário, não poderia constituir uma direção. De um tal não-saber ciente surge o querer saber e do querer saber surge a pergunta" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

5

"Dos dois elementos, saber e não-saber, fizemos assim um só, uma condição de possibilidade da pergunta e que, na sua ainda indeterminação, podemos chamar de “pré-saber ou pré-compreensão que a pergunta implica”. No entanto, o pré-saber da pergunta nunca está na pergunta sob forma temática, mas a-temática. Tematicamente está nela o não-saber e o querer-saber" (1).
Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

6

"Poética e miticamente a Palavra Cantada nos aparece como Memória, Musas e Sereias. Estas, por tudo saberem, têm como reverso a morte. Há a definição da morte “biológica”, mas nós não sabemos o que é a morte do que somos. E por quê? Quem experimentou a morte não voltou para dizer. A morte é o umbral do não-saber, do saber infinito. Nosso saber é finito" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 177.