Libertação
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→4) |
(→4) |
||
(6 edições intermediárias não estão sendo exibidas.) | |||
Linha 1: | Linha 1: | ||
== 1 == | == 1 == | ||
: "É que [[liberdade]] não é um [[presente]] que se recebe ao [[nascer]]. Ninguém nasce com [[liberdade]], como nasce com orelhas. [[Liberdade]] é um [[dom]] de uma conquista. O [[homem]] não [[é]] [[livre]]. O [[homem]] se [[liberta]]. [[Liberdade]] é [[libertação]] de e para [[criar]] com as [[necessidades]] e seus [[bens]] de [[satisfação]], com as [[possibilidades]] e suas forças de [[realização]] de um [[mundo]] realmente [[novo]]" (1). | : "É que [[liberdade]] não é um [[presente]] que se recebe ao [[nascer]]. Ninguém nasce com [[liberdade]], como nasce com orelhas. [[Liberdade]] é um [[dom]] de uma conquista. O [[homem]] não [[é]] [[livre]]. O [[homem]] se [[liberta]]. [[Liberdade]] é [[libertação]] de e para [[criar]] com as [[necessidades]] e seus [[bens]] de [[satisfação]], com as [[possibilidades]] e suas forças de [[realização]] de um [[mundo]] realmente [[novo]]" (1). | ||
- | : Para realizarmos a [[libertação]] e efetivarmos a [[liberdade]], temos de [[fazer]] de nossa [[vida]], isto é, cada um tem de [[fazer]] de sua [[vida]] uma [[caminhada]] de [[iluminação]] pelas [[escolhas]] que vai fazendo e pela [[escuta]] do que [[é]]. João Guimarães Rosa chamou esta [[caminhada]] de [[iluminação]] e [[libertação]]: [[travessia]]. | + | |
+ | : Para realizarmos a [[libertação]] e efetivarmos a [[liberdade]], temos de [[fazer]] de nossa [[vida]], isto é, cada um tem de [[fazer]] de sua [[vida]] uma [[caminhada]] de [[iluminação]] pelas [[escolhas]] que vai fazendo e pela [[escuta]] do que [[é]]. João Guimarães [[Rosa]] chamou esta [[caminhada]] de [[iluminação]] e [[libertação]]: [[travessia]]. | ||
Linha 8: | Linha 9: | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: ''Filosofia contemporânea''. Teresópolis / RJ: Daimon Editora, 2013, 63. | + | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: '''Filosofia contemporânea'''. Teresópolis / RJ: Daimon Editora, 2013, 63. |
== 2 == | == 2 == | ||
- | : "O [[ser humano]] é uma doação da [[linguagem]]. Sempre se movendo na [[linguagem]] em sua [[ânsia]] [[essencial]] de [[ser]] o [[não-ser]], [[procura]] incessantemente o [[horizonte]] de seu [[mistério]] e [[presença]] como [[escuta]] de sua fala. A [[escuta]] exige de nós uma entrega e [[caminhada]], que se torna uma [[travessia]], um [[percurso]] de [[iluminação]]. Ela nos leva à fala da sua [[escuta]] para melhor escutá-la. É quando a [[palavra]] se torna o [[vigor]] de seu [[desvelamento]] e [[velamento]] como [[língua]]. Porque a [[palavra]] é o [[vigor]] desse " ''[[entre]]'' " que identifica e diferencia fala e [[silêncio]], [[desvelamento]] e [[velamento]]. E assim surgem algumas das mais importantes [[reflexões]] dos [[pensadores]] " (1). O [[percurso]] de [[iluminação]] nos conduz a uma posse do que somos e recebemos para [[ser]]. Será, portanto, um [[percurso]] [[ontológico]] e não meramente [[temporal]] ou [[espacial]]. O [[ontológico]] é o [[originário]] de todo [[espaço]] e [[tempo]], de toda [[época]]. No e pelo [[ontológico]] o [[percurso]] como [[caminhada]] é de mergulho na [[memória]], que a tudo preside. A [[iluminação]] provoca em nós a [[experienciação]] da [[sabedoria]] e uma [[caminhada]] de [[libertação]]. Não há [[iluminação]] sem [[desprendimento]] e [[recolhimento]]. E será uma [[caminhada]] ou [[travessia]] para a [[plenitude]] de [[realização]] do [[sentido]] do que recebemos para [[ser]], será uma [[apropriação]] do [[próprio]]. No [[recolhimento]] apreendemos o [[sentido]] de nosso [[agir]]. | + | : "O [[ser humano]] é uma doação da [[linguagem]]. Sempre se movendo na [[linguagem]] em sua [[ânsia]] [[essencial]] de [[ser]] o [[não-ser]], [[procura]] incessantemente o [[horizonte]] de seu [[mistério]] e [[presença]] como [[escuta]] de sua fala. A [[escuta]] exige de nós uma entrega e [[caminhada]], que se torna uma [[travessia]], um [[percurso]] de [[iluminação]]. Ela nos leva à fala da sua [[escuta]] para melhor escutá-la. É quando a [[palavra]] se torna o [[vigor]] de seu [[desvelamento]] e [[velamento]] como [[língua]]. Porque a [[palavra]] é o [[vigor]] desse " ''[[entre]]'' " que identifica e diferencia fala e [[silêncio]], [[desvelamento]] e [[velamento]]. E assim surgem algumas das mais importantes [[reflexões]] dos [[pensadores]] " (1). |
+ | |||
+ | : O [[percurso]] de [[iluminação]] nos conduz a uma posse do que somos e recebemos para [[ser]]. Será, portanto, um [[percurso]] [[ontológico]] e não meramente [[temporal]] ou [[espacial]]. O [[ontológico]] é o [[originário]] de todo [[espaço]] e [[tempo]], de toda [[época]]. No e pelo [[ontológico]] o [[percurso]] como [[caminhada]] é de mergulho na [[memória]], que a tudo preside. A [[iluminação]] provoca em nós a [[experienciação]] da [[sabedoria]] e uma [[caminhada]] de [[libertação]]. Não há [[iluminação]] sem [[desprendimento]] e [[recolhimento]]. E será uma [[caminhada]] ou [[travessia]], como diz [[Rosa]], para a [[plenitude]] de [[realização]] do [[sentido]] do que recebemos para [[ser]], será uma [[apropriação]] do [[próprio]]. No [[recolhimento]] apreendemos o [[sentido]] de nosso [[agir]]. | ||
Linha 18: | Linha 21: | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser e a aparência". In: | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser e a aparência". In: ---. '''www.travessiapoetica.blogspot.com'''. |
== 3 == | == 3 == | ||
- | : Toda [[travessia]] se dá na [[tensão]] [[vida]] | + | : Toda [[travessia]] se dá na [[tensão]] [[vida]] / [[morte]], dimensionada na e como [[experienciação]] de [[caminhada]] de [[iluminação]] e [[libertação]], mas [[libertação]] [[existencial]], [[ética]]. |
- | : - [[Manuel Antônio de Castro]] | + | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. |
- | + | ||
== 4 == | == 4 == | ||
Linha 33: | Linha 35: | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. ''Filosofia contemporânea''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 64. | + | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. '''Filosofia contemporânea'''. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 64. |
== 5 == | == 5 == |
Edição atual tal como 21h25min de 17 de janeiro de 2024
Tabela de conteúdo |
1
- "É que liberdade não é um presente que se recebe ao nascer. Ninguém nasce com liberdade, como nasce com orelhas. Liberdade é um dom de uma conquista. O homem não é livre. O homem se liberta. Liberdade é libertação de e para criar com as necessidades e seus bens de satisfação, com as possibilidades e suas forças de realização de um mundo realmente novo" (1).
- Para realizarmos a libertação e efetivarmos a liberdade, temos de fazer de nossa vida, isto é, cada um tem de fazer de sua vida uma caminhada de iluminação pelas escolhas que vai fazendo e pela escuta do que é. João Guimarães Rosa chamou esta caminhada de iluminação e libertação: travessia.
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: Filosofia contemporânea. Teresópolis / RJ: Daimon Editora, 2013, 63.
2
- "O ser humano é uma doação da linguagem. Sempre se movendo na linguagem em sua ânsia essencial de ser o não-ser, procura incessantemente o horizonte de seu mistério e presença como escuta de sua fala. A escuta exige de nós uma entrega e caminhada, que se torna uma travessia, um percurso de iluminação. Ela nos leva à fala da sua escuta para melhor escutá-la. É quando a palavra se torna o vigor de seu desvelamento e velamento como língua. Porque a palavra é o vigor desse " entre " que identifica e diferencia fala e silêncio, desvelamento e velamento. E assim surgem algumas das mais importantes reflexões dos pensadores " (1).
- O percurso de iluminação nos conduz a uma posse do que somos e recebemos para ser. Será, portanto, um percurso ontológico e não meramente temporal ou espacial. O ontológico é o originário de todo espaço e tempo, de toda época. No e pelo ontológico o percurso como caminhada é de mergulho na memória, que a tudo preside. A iluminação provoca em nós a experienciação da sabedoria e uma caminhada de libertação. Não há iluminação sem desprendimento e recolhimento. E será uma caminhada ou travessia, como diz Rosa, para a plenitude de realização do sentido do que recebemos para ser, será uma apropriação do próprio. No recolhimento apreendemos o sentido de nosso agir.
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ser e a aparência". In: ---. www.travessiapoetica.blogspot.com.
3
- Toda travessia se dá na tensão vida / morte, dimensionada na e como experienciação de caminhada de iluminação e libertação, mas libertação existencial, ética.
4
- "A aposta do Bem pelo Bem traz consigo o apelo de vir a ser nas ações o que já se é e não se é no ser que se tem e não se tem. Por outro lado, a urgência da libertação implica e traz consigo o desafio do Bem e do Mal. Percorrer o curso de libertação próprio desta urgência supõe apostar na criação do inesperado que alimenta de esperança toda espera. Radicalmente, nenhuma ética se reduz à prescrição de normas, nem está apenas no cumprimento do dever. Toda prescrição e todo dever já chegam sempre tarde. São um evento temporão" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 64.
5
- agora que você se libertou
- e a única obrigação que tem
- é com os seus sonhos os de mais ninguém
- o que vai fazer
- da sua vida (1)
- Referência:
- (1) KAUR, rupi. meu corpo / minha casa. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 191.