Funcionalidade
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “A menina e a bicicleta: arte e confiabilidade”. In: ------. ‘’Arte: o humano e o destino’’. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 282. | ||
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+ | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. “Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto”. In: ------------. ''Aprendendo a pensar, II''. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 181. | ||
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+ | : "Hoje não é importante a força de [[trabalho]] dos operários. Ela está determinada, em [[verdade]], pelos centros de [[pesquisa]] e suas novas descobertas. De fato, é aí que se gera o [[capital]] e não mais pela força de [[trabalho]], até porque cabe aos centros de [[pesquisa]] [[inventar]] também máquinas que dispensam a intervenção da força de [[trabalho]]. A máquina realiza isso de uma maneira mais [[eficiente]] e sem o perigo das greves. [[Ironia]] do [[destino]]: a [[consciência crítica]] acaba, em última instância, com o operário que, politicamente, é formatado numa [[consciência crítica]]. Ora, é aí que se centra o drama das [[Correntes críticas]] nas [[artes]]. Elas foram ultrapassadas porque não produzem nada que seja [[funcional]] dentro de uma [[sociedade]] como a de hoje, onde tudo é [[funcional]] e onde o [[ser humano]] se mede pela [[funcionalidade]] e [[eficiência]] de seus [[conhecimentos]]. Para dar uma [[função]] aos [[conhecimentos]] [[críticos]], elas tornaram-se totalmente [[ideológicas]]. Mas o que pode hoje a [[ideologia]] diante do [[poder]] da [[técnica]], que determina todas as políticas e está pondo em [[crise]] a [[ideia]] [[moderna]] de [[Nação]]?" (1). | ||
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Tabela de conteúdo |
1
- Funcional é a relação calculável entre causa e efeito, sendo o efeito o fim ou seja a funcionalidade. Há funcionalidade quando algo atinge o seu fim, a sua meta, sendo estas algo que nas causas já estava previsto e até calculado. Não há lugar para o inesperado. Da exatidão desse processo surge a ciência e ela é assegurada pelos cálculos. Desse modo, a arte nunca pode ser funcional ou científica, no sentido de que é impossível prever por qualquer meio o seu operar e, desse modo, as interpretações ou leituras possíveis. Neste horizonte, toda obra de arte ultrapassa o meramente estético e o ideológico.
2
- "Hoje, tudo está dominado pela pesquisa funcional, pela pergunta: Para que serve, qual é a sua função, qual é a sua funcionalidade? A essência da técnica é a funcionalidade enquanto o reduzir a realidade a recursos disponíveis para finalidades objetivas. Ser é estar disponível para exercer funções e finalidades" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: Pensamento no Brasil, v.I - Emmanuel Carneiro Leão. SANTORO, Fernando e Outros, Org. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 213.
3
- Sentido é o estar a caminho da apropriação. O próprio ou sentido é o isto de cada sendo. A redução de tudo à causalidade e à funcionalidade não está anulando o sentido do próprio ser humano e da realidade? O sentido pode surgir da funcionalidade sem vigência do próprio? A funcionalidade é uma dimensão possível do próprio, mas não se pode reduzir o próprio à mera funcionalidade (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: Pensamento no Brasil, v.I - Emmanuel Carneiro Leão. SANTORO, Fernando e Outros, Org. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 214.
4
- "As matérias e as formas respondem pelas obras de arte, mas não são determinadas por elas. Elas assinalam muito mais o horizonte do utensílio em sua utensilidade, isto é, na sua funcionalidade, vistas na luz do desvelar da obra de arte. Por quê? Porque causa é causa na medida em que a ela algo se deve: o utensílio em sua utensilidade. Matéria e forma constituem um servir para, não o que é. São as obras de arte que abrem o horizonte do mundo, onde pode surgir a funcionalidade" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “A menina e a bicicleta: arte e confiabilidade”. In: ------. ‘’Arte: o humano e o destino’’. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 281.
5
- "Há uma proximidade entre mundo e funcionalidade, mas não são a mesma coisa, porque sem mundo, sem sentido, sem linguagem, é impossível qualquer sistema funcional" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “A menina e a bicicleta: arte e confiabilidade”. In: ------. ‘’Arte: o humano e o destino’’. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 282.
6
- "A funcionalidade ocupa todos os canais de comunicação e a irre-flexão preenche todos os códigos de recepção. O deserto do esquecimento do ser se estende sobre o país da exploração e do consumo, cobrindo-lhe toda a paisagem. Cada vez mais se tornam história as palavras de Nietzsche: "o deserto cresce! ai de quem guarda em si um deserto" " (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. “Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto”. In: ------------. Aprendendo a pensar, II. Petrópolis / RJ: Vozes, 1992, p. 181.
7
- "Hoje não é importante a força de trabalho dos operários. Ela está determinada, em verdade, pelos centros de pesquisa e suas novas descobertas. De fato, é aí que se gera o capital e não mais pela força de trabalho, até porque cabe aos centros de pesquisa inventar também máquinas que dispensam a intervenção da força de trabalho. A máquina realiza isso de uma maneira mais eficiente e sem o perigo das greves. Ironia do destino: a consciência crítica acaba, em última instância, com o operário que, politicamente, é formatado numa consciência crítica. Ora, é aí que se centra o drama das Correntes críticas nas artes. Elas foram ultrapassadas porque não produzem nada que seja funcional dentro de uma sociedade como a de hoje, onde tudo é funcional e onde o ser humano se mede pela funcionalidade e eficiência de seus conhecimentos. Para dar uma função aos conhecimentos críticos, elas tornaram-se totalmente ideológicas. Mas o que pode hoje a ideologia diante do poder da técnica, que determina todas as políticas e está pondo em crise a ideia moderna de Nação?" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 131.