Conjuntura

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: O [[acontecer]] [[dialético]] da [[história]] é o [[sentido do ser]] [[destinando]]-se [[epocalmente]]. O [[horizonte]] de [[vigência]] do [[próprio]] é a [[época]]. Nunca podemos [[esquecer]] que somos [[finitos]] e por isso estamos jogados em [[conjunturas]]. Estas são nossa [[condição humana]] de [[estar]] para [[ser]]. Mas também não podemos [[esquecer]] que enquanto [[entre-seres]] já estamos jogados também no [[livre]] [[não-limite]] do [[sentido do ser]] e não presos às e determinados pelas [[conjunturas]] do [[estar]].
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: O [[acontecer]] [[dialético]] da [[história]] é o [[sentido do ser]] [[destinando]]-se [[epocalmente]]. O [[horizonte]] de [[vigência]] do [[próprio]] é a [[época]]. Nunca podemos [[esquecer]] que somos [[finitos]] e por isso estamos jogados em [[conjunturas]]. Estas são nossa [[condição humana]] de [[estar]] para [[ser]]. Mas também não podemos [[esquecer]] que enquanto [[entre-seres]] já estamos jogados também no [[livre]] [[não-limite]] do [[sentido do ser]] e não presos às e determinados pelas [[conjuntura]]/[[conjunturas]] do [[estar]].
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: A [[conjuntura]] é um [[momento]] [[histórico]] em que [[tudo]] se junge e conjuga em torno de um [[vigorar]] do [[tempo]] como [[história]] [[acontecendo]]. O [[tempo]], [[linguagem]] do [[sentido do ser]], põe, compõe, depõe e dispõe, gerando e ultrapassando as [[circunstâncias]]. Eis aí o que é [[acontecer histórico]]. Não há [[conjuntura]] sem [[tempo]], porque não há [[tempo]] sem [[ser]] e seu [[sentido]]. O [[tempo]] [[é]] o [[ser]] [[vigorando]] em seu [[acontecer]] [[poético]].
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: A [[conjuntura]] é um [[momento]] [[histórico]] em que [[tudo]] se junge e conjuga em torno de um [[vigorar]] do [[tempo]] como [[história]] [[acontecendo]]. O [[tempo]], [[linguagem]] do [[sentido do ser]], põe, compõe, depõe e dispõe, gerando e ultrapassando as [[circunstâncias]]. Eis aí o que é [[acontecer histórico]]. Não há [[conjuntura]] sem [[tempo]], porque não há [[tempo]] sem [[ser]] e seu [[sentido]]. O [[tempo]] [[é]] o [[ser]] [[vigorando]] em seu [[acontecer]] [[poético]]. O [[vigorar]] é a [[energia]] de [[toda]] [[conjuntura]]
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: "[[Conjuntura]] é uma [[abertura]] que se fecha e, ao se fechar, se abre para a [[identidade]] e [[diferença]], na [[medida]] e [[toda]] vez que o [[homem]] se relaciona, quer num [[encontro]], quer num [[desencontro]], com [[tudo]] [[o que é]] e [[não é]]" (1).
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: Temos em geral uma aproximação do que seja a [[conjuntura]] muito limitada. Já a enquadramos dentro de um processo histórico delimitado por [[conceitos]] que não apreendem o que, em [[essência]] é a [[conjuntura]], não que se negue essa [[dimensão]] da [[história]], mas de uma [[história]] prisioneira da [[cronologia]] lógico-científica. Pensando a [[questão]] do [[próprio]] e do seu eclodir, notei que não há a menor [[possibilidade]] de eclosão, e eis aí a [[verdade]], sem um [[solo]], [[terra]], propício junto com a [[luz]] que advém do [[céu]]. Ora, eis aí o que é con-juntura: a junção de [[terra]] e [[céu]], ou seja, [[mundo]]: [[luz]]. Não são duas forças opostas, mas distintas e ambas provindas do mesmo [[princípio]], num [[jogo]] de [[memória]] enquanto [[tempo]] e [[mundo]]. Nessa [[con-juntura]] não pode haver oposição, embora não sejam a mesma coisa, entre [[natureza]] e [[cultura]], mas uma [[unidade]] essencial. É esta a [[conjuntura]] [[essencial]]. E é esta a [[conjuntura]] [[dialética]].
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: Temos em geral uma aproximação do que seja a [[conjuntura]] muito limitada. Já a enquadramos dentro de um processo histórico delimitado por [[conceitos]] que não apreendem o que, em [[essência]] é a [[conjuntura]], não que se negue essa [[dimensão]] da [[história]], mas de uma [[história]] prisioneira da [[cronologia]] lógico-científica. Pensando a [[questão]] do [[próprio]] e do seu eclodir, notei que não há a menor [[possibilidade]] de eclosão, e eis aí a [[verdade]], sem um [[solo]], [[terra]], propício junto com a [[luz]] que advém do [[céu]]. Ora, eis aí o que é [[conjuntura]]: a junção de [[terra]] e [[céu]], ou seja, [[mundo]]: [[luz]]. Não são duas forças opostas, mas distintas e ambas provindas do mesmo [[princípio]], num [[jogo]] de [[memória]] enquanto [[tempo]] e [[mundo]]. Nessa [[conjuntura]] não pode haver [[oposição]], embora não sejam a [[mesma]] [[coisa]], [[entre]] [[natureza]] e [[cultura]], mas uma [[unidade]] [[essencial]]. É esta a [[conjuntura]] [[essencial]]. E é esta a [[conjuntura]] [[dialética]].
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: "O que é [[conjuntura]]? Como pode haver [[conjuntura]]? A [[palavra]] -junta tem a mesma [[origem]], indicando aquilo que reúne juntando. A [[con-juntura]] junta [[diferenças]] porque ela [[vigora]] no [[mesmo]], o que em si doa a [[identidade]]. No [[diálogo]], a -junta está relacionada ao diá- que significa: através de e [[entre]]. A [[conjuntura]] é o [[entre]] de [[Eu]] e [[Tu]]. Mas o [[entre]] remete tanto para as [[diferenças]] quanto para a [[identidade]], que no caso, é o ''[[logos]]'', de todo [[diá-logo]]. A -junta como [[entre]] vai remeter para o a-juntar [[histórico]] da [[memória]]. Toda [[conjuntura]] traz em si o [[vigor]] [[histórico]] da [[memória]]" (1).
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: "O que é [[conjuntura]]? Como pode haver [[conjuntura]]? A [[palavra]] "-junta" tem a [[mesma]] [[origem]], indicando aquilo que [[reúne]] [[juntando]]. A [[conjuntura]] junta [[diferenças]] porque ela [[vigora]] no [[mesmo]], o que em si doa a [[identidade]]. No [[diálogo]], a "-junta" está relacionada ao "diá-" que significa: através de e [[entre]]. A [[conjuntura]] é o [[entre]] de [[Eu]] e [[Tu]]. Mas o [[entre]] remete tanto para as [[diferenças]] quanto para a [[identidade]], que no caso, é o ''[[logos]]'', de todo [[diá-logo]]. A "-junta" como [[entre]] vai [[remeter]] para o [[a-juntar]] [[histórico]] da [[memória]]. [[Toda]] [[conjuntura]] traz em si o [[vigor]] [[histórico]] da [[memória]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Os três diálogos e logos: o amar". '''Ensaio''' não publicado.
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Os três [[diálogos]] e o [[logos]]: o [[amar]]". '''Ensaio''' não publicado.

Edição atual tal como 22h14min de 14 de Abril de 2024

Tabela de conteúdo

1

O estar de toda conjunturadinâmica de posições temporais - em que estamos desde sempre jogados é o ser acontecendo. As circunstâncias são estados da conjuntura, vigorando no acontecer do ser. Não se pode reduzir a história às circunstâncias porque não há história sem conjuntura e nem há conjuntura sem o acontecer do sentido do ser.


- Manuel Antônio de Castro.

2

O acontecer dialético da história é o sentido do ser destinando-se epocalmente. O horizonte de vigência do próprio é a época. Nunca podemos esquecer que somos finitos e por isso estamos jogados em conjunturas. Estas são nossa condição humana de estar para ser. Mas também não podemos esquecer que enquanto entre-seres já estamos jogados também no livre não-limite do sentido do ser e não presos às e determinados pelas conjuntura/conjunturas do estar.


- Manuel Antônio de Castro

3

A conjuntura é um momento histórico em que tudo se junge e conjuga em torno de um vigorar do tempo como história acontecendo. O tempo, linguagem do sentido do ser, põe, compõe, depõe e dispõe, gerando e ultrapassando as circunstâncias. Eis aí o que é acontecer histórico. Não há conjuntura sem tempo, porque não há tempo sem ser e seu sentido. O tempo é o ser vigorando em seu acontecer poético. O vigorar é a energia de toda conjuntura


- Manuel Antônio de Castro

4

"Conjuntura é uma abertura que se fecha e, ao se fechar, se abre para a identidade e diferença, na medida e toda vez que o homem se relaciona, quer num encontro, quer num desencontro, com tudo o que é e não é" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar I. Petrópolis: Vozes, 1977, 8.

5

Temos em geral uma aproximação do que seja a conjuntura muito limitada. Já a enquadramos dentro de um processo histórico delimitado por conceitos que não apreendem o que, em essência é a conjuntura, não que se negue essa dimensão da história, mas de uma história prisioneira da cronologia lógico-científica. Pensando a questão do próprio e do seu eclodir, notei que não há a menor possibilidade de eclosão, e eis aí a verdade, sem um solo, terra, propício junto com a luz que advém do céu. Ora, eis aí o que é conjuntura: a junção de terra e céu, ou seja, mundo: luz. Não são duas forças opostas, mas distintas e ambas provindas do mesmo princípio, num jogo de memória enquanto tempo e mundo. Nessa conjuntura não pode haver oposição, embora não sejam a mesma coisa, entre natureza e cultura, mas uma unidade essencial. É esta a conjuntura essencial. E é esta a conjuntura dialética.


- Manuel Antônio de Castro

6

"O que é conjuntura? Como pode haver conjuntura? A palavra "-junta" tem a mesma origem, indicando aquilo que reúne juntando. A conjuntura junta diferenças porque ela vigora no mesmo, o que em si doa a identidade. No diálogo, a "-junta" está relacionada ao "diá-" que significa: através de e entre. A conjuntura é o entre de Eu e Tu. Mas o entre remete tanto para as diferenças quanto para a identidade, que no caso, é o logos, de todo diá-logo. A "-junta" como entre vai remeter para o a-juntar histórico da memória. Toda conjuntura traz em si o vigor histórico da memória" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Os três diálogos e o logos: o amar". Ensaio não publicado.
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