Comunicação

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) FERRAZ, Antônio Máximo. "A i-nominada essência da linguagem". In: DOLZANE, Harley Farias. ''I nome nada [poesia]''. Belém: Instituto de artes do Pará, 2012, p. 183.
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: (1) FERRAZ, Antônio Máximo. "A i-nominada essência da linguagem". In: DOLZANE, Harley Farias. ''I nome nada'' [poesia]. Belém: Instituto de artes do Pará, 2012, p. 183.
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: Não é o [[fazer]] que faz o [[corpo]] e suas [[experienciações]], mas o [[ser]]. Dessa maneira, a [[relação]] e [[referência]] [[entre]] [[corpos]] tem uma duração própria e não técnica nem mecânica, inacessível às [[experiências]]. Para haver [[comunicação]] não basta a troca rápida de [[significados]] nas [[possibilidades]] e rapidez dos [[códigos]] e suas [[representações]], numa troca constante [[entre]] [[emissor]] e [[receptor]]. Há a [[necessidade]] do [[tempo]] da ''metábole'', ([[transformação]] e eclosão), um [[tempo]] de [[ser]] o que se intercambia na vigência da [[linguagem]], do ''[[logos]]'', onde acontece a [[diferença]] na [[identidade]] de [[ser]] o que se [[é]].
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: ------. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 102.
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: A [[linguagem]] está além do [[sistema]] [[comunicativo]] e das [[funções]] [[linguísticas]]: "Em sua [[Essência]], a [[linguagem]] não é nem a exteriorização de um [[organismo]], nem a [[expressão]] de um [[ser]] [[vivo]]. Por isso, também ela nunca pode ser [[pensada]], de acordo com sua [[Essência]], a partir de seu [[caráter]] [[semasiológico]], nem talvez mesmo a partir de seu [[caráter]] [[significativo]]. A [[linguagem]] é o [[advento]] do [[próprio]] [[Ser]] que se clareia e se esconde" (1).
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: Ela é [[condição]] de [[possibilidade]] [[originária]] e [[inaugural]] em que se [[funda]] o [[aparecer]] de todo [[sendo]], que só [[é]] desde o [[ser]]. Esta [[distinção]] é importante porque, em geral, desde os [[retóricos]] [[gregos]], inventores da [[gramática]], que tinha por [[finalidade]] a [[formação]] no [[estruturar]] com [[coesão]] e [[coerência]] a [[argumentação]] na [[escrita]] e na [[fala]], para bem persuadir, a [[linguagem]] ficou reduzida ao seu [[aspecto]] [[instrumental]]. É o que hoje se denomina [[comunicação]] ou [[expressão]]. Este uso [[prático]] da [[linguagem]] levou ao [[esquecimento]] de sua [[essência]] [[poética]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: (1) HEIDEGGER, Martin. '''Carta sobre o humanismo'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 45.
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: "Na [[comunicação]] a [[palavra]] se torna um [[instrumento]] como [[causa]] de um [[meio]] para um [[fim]]. O esvaziamento da [[palavra]] é [[necessário]] na [[comunicação]]  para que se torne um [[instrumento]] [[funcional]], isto é, tudo funcione de acordo com o processar-se daquilo que se quer [[comunicar]]. Este pressupõe um [[real]] dominado e [[predeterminado]]: 1 - pelos [[fins]]: 2-  pelos [[meios]]; 3- e pela [[causalidade]] [[instrumental]]" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A leitura e o diálogo". Ensaio não publicado.
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: "Porque podemos [[escutar]] só o outro ''[[logos]]'', o dos  [[entes]], o da [[fala]] da [[língua]]. Então, nessa redução e [[esquecimento]], ela se torna o mais [[perigoso]] dos [[bens]], porque só há um [[bem]], um [[penhor]] em nossas [[ações]], o [[ser]] que se [[dá]]: [[linguagem]]. Nesse [[bem]] maior e com esse [[bem]] maior só nos podemos [[comunicar]] se na e em toda [[comunicação]] formos mais: testemunharmos o que somos: [[linguagem]] / [[ser]], ''[[poiesis]]'' / ''[[ethos]]''" (1).
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. '''Linguagem: nosso maior bem'''. "Série Aulas Inaugurais". Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 27.

Edição atual tal como 20h45min de 19 de janeiro de 2024

Tabela de conteúdo

1

"Na evocação da palavra, o homem convoca o que ainda está por vir. O que está por vir é o momento em que o homem, sabendo acolher, guardar com desvelo e retribuir o dom da linguagem enquanto silêncio, não a reduzirá a mero instrumento de comunicação. O que está por vir é o momento em que cada um, percebendo-se como um dom da linguagem, perceberá que o sentido das coisas e de si próprio realiza-se no exercício da escuta desse silêncio essencial" (1).


(1) FERRAZ, Antônio Máximo. "A i-nominada essência da linguagem". In: DOLZANE, Harley Farias. I nome nada [poesia]. Belém: Instituto de artes do Pará, 2012, p. 183.

2

Não é o fazer que faz o corpo e suas experienciações, mas o ser. Dessa maneira, a relação e referência entre corpos tem uma duração própria e não técnica nem mecânica, inacessível às experiências. Para haver comunicação não basta a troca rápida de significados nas possibilidades e rapidez dos códigos e suas representações, numa troca constante entre emissor e receptor. Há a necessidade do tempo da metábole, (transformação e eclosão), um tempo de ser o que se intercambia na vigência da linguagem, do logos, onde acontece a diferença na identidade de ser o que se é.


- Manuel Antônio de Castro.

3

"A língua comunicativa, circunstancial, feita dos lugares-comuns de muitas épocas, das ideias preconcebidas, das banalidades, dos estereótipos, dos clichês incorporados nas “ideologias dominantes”, nos discursos intencionais, porque a essência da causalidade funcional é a intencionalidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 102.

4

A linguagem está além do sistema comunicativo e das funções linguísticas: "Em sua Essência, a linguagem não é nem a exteriorização de um organismo, nem a expressão de um ser vivo. Por isso, também ela nunca pode ser pensada, de acordo com sua Essência, a partir de seu caráter semasiológico, nem talvez mesmo a partir de seu caráter significativo. A linguagem é o advento do próprio Ser que se clareia e se esconde" (1).
Ela é condição de possibilidade originária e inaugural em que se funda o aparecer de todo sendo, que só é desde o ser. Esta distinção é importante porque, em geral, desde os retóricos gregos, inventores da gramática, que tinha por finalidade a formação no estruturar com coesão e coerência a argumentação na escrita e na fala, para bem persuadir, a linguagem ficou reduzida ao seu aspecto instrumental. É o que hoje se denomina comunicação ou expressão. Este uso prático da linguagem levou ao esquecimento de sua essência poética.


- Manuel Antônio de Castro.
(1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 45.

5

"Na comunicação a palavra se torna um instrumento como causa de um meio para um fim. O esvaziamento da palavra é necessário na comunicação para que se torne um instrumento funcional, isto é, tudo funcione de acordo com o processar-se daquilo que se quer comunicar. Este pressupõe um real dominado e predeterminado: 1 - pelos fins: 2- pelos meios; 3- e pela causalidade instrumental" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A leitura e o diálogo". Ensaio não publicado.

6

"Porque podemos escutar só o outro logos, o dos entes, o da fala da língua. Então, nessa redução e esquecimento, ela se torna o mais perigoso dos bens, porque só há um bem, um penhor em nossas ações, o ser que se : linguagem. Nesse bem maior e com esse bem maior só nos podemos comunicar se na e em toda comunicação formos mais: testemunharmos o que somos: linguagem / ser, poiesis / ethos" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Linguagem: nosso maior bem. "Série Aulas Inaugurais". Faculdade de Letras, UFRJ, 2o. sem. / 2004, p. 27.