Ética
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→7) |
(→7) |
||
Linha 41: | Linha 41: | ||
== 7 == | == 7 == | ||
- | : | + | : Essencialmente, a [[ética]] é [[realizar]] aquilo que somos e recebemos como [[destino]], como ''[[moira]]'', diziam os gregos. Já a [[realização]] [[moral]] é seguir o [[social]], o que todos fazem. Na [[moral]] não há [[próprio]], mas [[padrões]] de comportamento e [[valores]] padronizados. |
- | + | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. | |
- | + | ||
- | + | ||
== 8 == | == 8 == |
Edição de 01h16min de 28 de Maio de 2018
1
- Ética é o sentido do agir e da verdade do ser como possível horizonte do agir humano. E todo agir, não todo fazer, em essência é ético, pois funda-se no sentido e verdade do ser, ou seja, são a sua medida.
2
- Todo agir essencial exige uma ética não como norma ou paradigma, mas como aprender no sentido grego de manthano, pois este diz não o aprender algo, mas o agarrar-se à essência do ser que já somos, do qual nos vem o sentido do agir. É nesse sentido que Píndaro nos ensina: "Chega a ser o que já és, aprendendo", em grego: Genoi 'óios essi mathon.... Ensinar é, pois, aprender, manthano, e não decorar algo sobre. Todo ensinar e aprender, essencialmente, somente são quando se tornam éticos.
3
- Ética é chegar a ser o que já se é, ou seja, aprender na e pela experienciação do viver. É a vida não apenas vivida, mas experienciada. É o que nos ensina Píndaro, quando diz: Genoi 'óios essi mathon... (Chega a ser o que és: aprendendo).
4
- "A ética está no empenho de ser, mora no desempenho de não ser tudo que já se tem e não se tem. Na ética já estamos onde temos ainda de chegar" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis / RJ: Daimon Editora, 2013, 64.
5
- Na ética o valor (lei) não vem da relação social nem de um sistema prévio, seja ele subjetivo, seja ele social-institucional (valores ou leis morais, ideológicas, normas de conduta etc.). O valor é o acolhimento do sentido do Ser, enquanto este é o fundar do agir. É neste que se realiza o próprio de cada ser humano (só este pode ser ético), ou seja, sua essência, isto é, suas possibilidades recebidas do Ser. Ética e linguagem dizem o mesmo, porque esta se torna o horizonte da própria libertação e realização, de cada um. O horizonte jamais é o sujeito ou o sujeito o horizonte com sua razão. Nesse polemos, ( que podemos traduzir por entre, disputa, guerra), o que somos e o sentido e agir do Ser, passa a vigorar a verdade enquanto a tensão dialética de desvelamento e velamento, de sentido e forma (morphe), de solidão e liberdade, de interno e externo, de limite e não-limite. Eis aí a essência do pólemos, que podemos traduzir por:entre, disputa, guerra. O ético é o valor ontológico, não um valor subjetivo ou objetivo-moral e suas leis.
6
- "Prescrever e dever já provêm da ética a ser conquistada e dita em toda libertação. Pois ética é sempre libertação do mal para voltar à liberdade originária do bem de ser e não ser tudo que já se é, mas de que nunca se está de posse. No engajamento ético de fazer e deixar de fazer, somos e estamos investindo pela liberdade numa libertação sem princípio, meio ou fim" (1).
- Referência;
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O Édipo em Píndaro e Freud". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis / RJ: Daimon Editora, 2013, 64.
7
- Essencialmente, a ética é realizar aquilo que somos e recebemos como destino, como moira, diziam os gregos. Já a realização moral é seguir o social, o que todos fazem. Na moral não há próprio, mas padrões de comportamento e valores padronizados.
8
- "O desafio da ética hoje não está em transformar-se numa ética da situação. Toda ética da situação inclui uma abstração nevoenta. O desafio concreto da ética está em entregar-se toda à espera do inesperado. Uma espera que vive e vivifica a vida do pensamento" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Ética e comunicação". In: -----. Filosofia contemporânea. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2013, p. 108.