Repouso
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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: O ''[[Ânimo]]'' se desdobrando nos [[gestos]] é a [[essência]] da '''[[Dança]]'''. Fique, porém, claro que a [[palavra]] ''[[ânimo]]'' de ''[[anima]]'', [[alma]], traduz o termo [[grego]] ''[[physché]]'', que quer [[dizer]] o [[movimento]] [[vital]] de inspirar e expirar: o [[livre]] [[viver]]. ''[[Dança]]'' são os [[gestos]] do [[movimento]] que nos [[libertam]] para o [[livre]] [[viver]] pela [[manifestação]] do que [[essencialmente]] somos. O [[gesto]] da [[dança]] é a [[procura]] da [[densidade]] do [[sentido]] do [[agir]] em sua [[manifestação]]. ''[[Dança]]'' é a [[sintaxe]] da ''[[physis]]'' se manifestando no [[ser humano]] em seu [[sentido]] [[poético]]. O [[gesto]], na [[figuração]] do [[movimento]], é uma [[doação]] do [[vazio]] e do [[silêncio]] que colhe o seu [[sentido]] na busca da [[plenitude]] do [[agir]]: o [[repouso]]. O [[gesto]] é o [[sentido]] do [[corpo]] na tensão harmônica de [[limite]] e [[não-limite]], de atração para a [[Terra]] e [[experienciação]] da [[liberdade]] no [[aberto]] da [[vida]]. A [[dança]] não é o [[corpo]] em [[movimento]]. Pelo contrário, é o [[corpo]] eclodindo na densidade do que [[é]] enquanto [[procura]] de [[realização]] [[plena]] no [[não-movimento]] do [[repouso]]. [[Repouso]] diz aí [[sentido]] [[pleno]] e não falta de [[ação]]. | : O ''[[Ânimo]]'' se desdobrando nos [[gestos]] é a [[essência]] da '''[[Dança]]'''. Fique, porém, claro que a [[palavra]] ''[[ânimo]]'' de ''[[anima]]'', [[alma]], traduz o termo [[grego]] ''[[physché]]'', que quer [[dizer]] o [[movimento]] [[vital]] de inspirar e expirar: o [[livre]] [[viver]]. ''[[Dança]]'' são os [[gestos]] do [[movimento]] que nos [[libertam]] para o [[livre]] [[viver]] pela [[manifestação]] do que [[essencialmente]] somos. O [[gesto]] da [[dança]] é a [[procura]] da [[densidade]] do [[sentido]] do [[agir]] em sua [[manifestação]]. ''[[Dança]]'' é a [[sintaxe]] da ''[[physis]]'' se manifestando no [[ser humano]] em seu [[sentido]] [[poético]]. O [[gesto]], na [[figuração]] do [[movimento]], é uma [[doação]] do [[vazio]] e do [[silêncio]] que colhe o seu [[sentido]] na busca da [[plenitude]] do [[agir]]: o [[repouso]]. O [[gesto]] é o [[sentido]] do [[corpo]] na tensão harmônica de [[limite]] e [[não-limite]], de atração para a [[Terra]] e [[experienciação]] da [[liberdade]] no [[aberto]] da [[vida]]. A [[dança]] não é o [[corpo]] em [[movimento]]. Pelo contrário, é o [[corpo]] eclodindo na densidade do que [[é]] enquanto [[procura]] de [[realização]] [[plena]] no [[não-movimento]] do [[repouso]]. [[Repouso]] diz aí [[sentido]] [[pleno]] e não falta de [[ação]]. | ||
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]. | : - [[Manuel Antônio de Castro]]. |
Edição de 21h01min de 28 de Junho de 2021
1
- O Ânimo se desdobrando nos gestos é a essência da Dança. Fique, porém, claro que a palavra ânimo de anima, alma, traduz o termo grego physché, que quer dizer o movimento vital de inspirar e expirar: o livre viver. Dança são os gestos do movimento que nos libertam para o livre viver pela manifestação do que essencialmente somos. O gesto da dança é a procura da densidade do sentido do agir em sua manifestação. Dança é a sintaxe da physis se manifestando no ser humano em seu sentido poético. O gesto, na figuração do movimento, é uma doação do vazio e do silêncio que colhe o seu sentido na busca da plenitude do agir: o repouso. O gesto é o sentido do corpo na tensão harmônica de limite e não-limite, de atração para a Terra e experienciação da liberdade no aberto da vida. A dança não é o corpo em movimento. Pelo contrário, é o corpo eclodindo na densidade do que é enquanto procura de realização plena no não-movimento do repouso. Repouso diz aí sentido pleno e não falta de ação.
2
- Nenhum atributo dá conta do sendo, pois estatiza a dinâmica do Ser, do transformar-se sem cessar e que, por isso mesmo, repousa, acontecendo o repouso. Repousar é permanecer na e com a dinâmica do entre-acontecer poético da mudança. Esse “e” é a dobra vigorando em toda forma (morphé). Permanecer é não deixar de ser sendo: entre-acontecer poético.