Consciência
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→1) |
(→1) |
||
Linha 1: | Linha 1: | ||
== 1 == | == 1 == | ||
: A [[consciência]] como [[questão]] remete para a [[epistemologia]] e, no que diz respeito à [[verdade]], para [[adequação]]. Esta é a relação lógico-conceitual entre [[enunciado]] e [[enunciação]], onde o [[vigorar]] do que é e está sendo (''[[aletheia]]'') fica esquecido e obstruído pela [[luz]] da [[razão]] conceitual. Tal [[esquecimento]] mostra os [[limites]] da [[consciência]] que só sabe o que sabe (''cum-scire'') e nunca sabe o que não vê, pois limita-se epistemologicamente (''epistastai'') ao que pode ser visto. A [[consciência]] diz respeito ao [[saber]] e não e jamais ao [[não-saber]] de todo [[saber]], ao [[não-ver]] de tudo que vê, pois não pode se abrir para o que, dando-se a [[ver]], se retrai, se oculta, se vela: o [[ser]], sendo e não-sendo, dando-se e retraindo-se, pondo-se e depondo-se, [[sendo]] no [[aparecer]] das [[aparências]] e no [[desaparecer]] do [[não-ser]], pois o [[ser]] foi, é e será sempre o [[vigorar]] do ''[[nada]]''. O que a consciência sabe do ''[[nada]]''? Deste modo, o que nos coloca em contato com esta [[questão]] é o [[pensar]] e não apenas o [[saber]] da [[razão]], da [[consciência]], se definida apenas pela [[razão]], como é tradicional. [[Pensar]] é [[ser]] o que recebemos para [[ser]]. É nesse mesmo [[horizonte]] que se diferenciam as [[traduções]] de ''[[Logos]]'' como [[pensamento]] e [[razão]]. | : A [[consciência]] como [[questão]] remete para a [[epistemologia]] e, no que diz respeito à [[verdade]], para [[adequação]]. Esta é a relação lógico-conceitual entre [[enunciado]] e [[enunciação]], onde o [[vigorar]] do que é e está sendo (''[[aletheia]]'') fica esquecido e obstruído pela [[luz]] da [[razão]] conceitual. Tal [[esquecimento]] mostra os [[limites]] da [[consciência]] que só sabe o que sabe (''cum-scire'') e nunca sabe o que não vê, pois limita-se epistemologicamente (''epistastai'') ao que pode ser visto. A [[consciência]] diz respeito ao [[saber]] e não e jamais ao [[não-saber]] de todo [[saber]], ao [[não-ver]] de tudo que vê, pois não pode se abrir para o que, dando-se a [[ver]], se retrai, se oculta, se vela: o [[ser]], sendo e não-sendo, dando-se e retraindo-se, pondo-se e depondo-se, [[sendo]] no [[aparecer]] das [[aparências]] e no [[desaparecer]] do [[não-ser]], pois o [[ser]] foi, é e será sempre o [[vigorar]] do ''[[nada]]''. O que a consciência sabe do ''[[nada]]''? Deste modo, o que nos coloca em contato com esta [[questão]] é o [[pensar]] e não apenas o [[saber]] da [[razão]], da [[consciência]], se definida apenas pela [[razão]], como é tradicional. [[Pensar]] é [[ser]] o que recebemos para [[ser]]. É nesse mesmo [[horizonte]] que se diferenciam as [[traduções]] de ''[[Logos]]'' como [[pensamento]] e [[razão]]. | ||
- | : O que a consciência sabe de si mesmo? Não será apenas a fala do [[silêncio]]? Mas esta é [[silêncio]] e não fala... eis o [[mistério]] da [[consciência]]. Esta aparece em todo o seu vigor de questão quando tentamos apreender o [[inconsciente]] e a [[realidade]] que se faz [[presente]] e atua nos [[sonhos]]. Em nossa vida os sonhos são reais. O que eles dizem e como dizem é que é inconsciente para nós em seu [[sentido]]. É este [[sentido]] que a [[psicanálise]] procura. | + | : O que a consciência sabe de si mesmo? Não será apenas a fala do [[silêncio]]? Mas esta é [[silêncio]] e não fala... eis o [[mistério]] da [[consciência]]. Esta aparece em todo o seu [[vigor]] de [[questão]] quando tentamos [[apreender]] o [[inconsciente]] e a [[realidade]] que se faz [[presente]] e atua nos [[sonhos]]. Em nossa [[vida]] os [[sonhos]] são reais. O que eles dizem e como dizem é que é [[inconsciente]] para nós em seu [[sentido]]. É este [[sentido]] que a [[psicanálise]] junguiana procura. Por isso Jung propõe o [[arquétipo]]. |
Linha 7: | Linha 7: | ||
- | :Conferir também: | + | : Conferir também: |
: * [[aletheia]] | : * [[aletheia]] |
Edição de 14h16min de 15 de Junho de 2018
1
- A consciência como questão remete para a epistemologia e, no que diz respeito à verdade, para adequação. Esta é a relação lógico-conceitual entre enunciado e enunciação, onde o vigorar do que é e está sendo (aletheia) fica esquecido e obstruído pela luz da razão conceitual. Tal esquecimento mostra os limites da consciência que só sabe o que sabe (cum-scire) e nunca sabe o que não vê, pois limita-se epistemologicamente (epistastai) ao que pode ser visto. A consciência diz respeito ao saber e não e jamais ao não-saber de todo saber, ao não-ver de tudo que vê, pois não pode se abrir para o que, dando-se a ver, se retrai, se oculta, se vela: o ser, sendo e não-sendo, dando-se e retraindo-se, pondo-se e depondo-se, sendo no aparecer das aparências e no desaparecer do não-ser, pois o ser foi, é e será sempre o vigorar do nada. O que a consciência sabe do nada? Deste modo, o que nos coloca em contato com esta questão é o pensar e não apenas o saber da razão, da consciência, se definida apenas pela razão, como é tradicional. Pensar é ser o que recebemos para ser. É nesse mesmo horizonte que se diferenciam as traduções de Logos como pensamento e razão.
- O que a consciência sabe de si mesmo? Não será apenas a fala do silêncio? Mas esta é silêncio e não fala... eis o mistério da consciência. Esta aparece em todo o seu vigor de questão quando tentamos apreender o inconsciente e a realidade que se faz presente e atua nos sonhos. Em nossa vida os sonhos são reais. O que eles dizem e como dizem é que é inconsciente para nós em seu sentido. É este sentido que a psicanálise junguiana procura. Por isso Jung propõe o arquétipo.
- Conferir também:
- * aletheia
- Se o leitor quiser aprofundar esta temática, sugerimos:
- HEIDEGGER, Martin. "Aletheia". In: --------. Ensaios e conferências. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2002.
- ----------------------------. Parmênides. Trad. Sérgio Mário Wrublevski. Petrópolis: Vozes, 2008.
2
- "Um outro exemplo da idade moderna de criação da razão e da consciência é de Kant, cogitans objectum me objectum, da Analítica dos Princípios. Pensando o objeto que não sou eu, mas que se opõe a mim e por isso é “ob-jecto”, descubro que sou eu que penso o objeto oposto a mim. Essa oposição não é tão radical assim. Por isso, isso é o que constitui a consciência. Sem essa experiência de não ser radical, de não ser por exclusividade e exclusão radical a diferença entre sujeito e objeto; por isso é que há a possibilidade da consciência, que pode se tornar qualquer coisa, sem violar e deturpar a diferença" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Idea, Eidos". Conf. proferida na UERJ, em 2005.