Técnica
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista ''Tempo Brasileiro''- ''Globalização, pensamento e arte, 201/202. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 15. | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista ''Tempo Brasileiro''- ''Globalização, pensamento e arte, 201/202. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 15. | ||
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+ | : (1) UNGER, Nancy Mangabeira. "Heidegger e a espera do inesperado". Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro. Revista ''Tempo Brasileiro'': ''Interdisciplinaridade dimensões poéticas'', 164, Jan.-mar. 2006, 179. |
Edição de 01h13min de 29 de Junho de 2018
1
- É essencial apreender o ponto de partida da técnica na modernidade. Ela se funda na decisão do que é realidade a partir do sapere aude, onde se dá o ser como funcionalidade e a verdade como operatividade. Então, não há lugar para a escuta e o velar-se da phýsis no desvelar-se. Por isso diz Carneiro Leão: "... só temos olhos para o espaço físico-geométrico de sujeito e objeto. Pois este podemos medi-lo com uma escala exatamente definida. Podemos operá-lo com resultados precisos. Mas, com uma arte, que não está dentro nem fora, ou, o que dá no mesmo, que está tão dentro quão fora, da obra de arte e do artista, não podemos empreender nada. Não podemos nem mesmo compreendê-la" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro..a "Heidegger e a modernidade: a correlação de sujeito e objeto. In: ------ Aprendendo a pensar II. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 172.
2
- "Entretanto, também a técnica é um modo de revelação do Ser, modo em que Ser se revela como ausência, como esquecimento, como máximo retraimento, como opacidade do ente. Este retrair-se não é uma nulidade; uma força de atração. Na tração deste retraimento o homem é atraído, é forçado a desinstalar-se de hábitos cristalizados e automatismos de pensamento, a repensar sua identidade enquanto humano." (1)
- Referência:
- (1) UNGER, Nancy Mangabeira. "Heidegger e a espera do inesperado". In: Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 164: 179/188, jan.-mar., 2006, p. 184.
- Ver também:
3
- "A compreensão usual de técnica, e quando falamos da Cultura Ocidental como uma cultura hegemonizada e hegemonizadora pela e através da técnica estamos nos referindo a esta compreensão mais usual, impõe a finalidade antes da produção. Produzir é produzir serventia e produtivo é quem produz serviço. Produzir é necessariamente produzir para uma finalidade pré-estipulada, para uma utilidade." (1)
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 88.
4
- " O sentido do mundo técnico oculta-se. Porém, se atentarmos agora, particular e constantemente, que em todo o mundo técnico deparamos com um sentido oculto, então encontramo-nos imediatamente na esfera do que se oculta de nós e se oculta precisamente ao vir ao nosso encontro. O que, deste modo, se mostra e simultaneamente se retira é o traço fundamental daquilo a que chamamos o mistério. Denomino a atitude em virtude da qual nos mantemos abertos ao sentido oculto do mundo técnico a abertura ao mistério (die Offenheit für das Geheimnis) (1).
- - Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos. Lisboa: Instituto Piaget, s/d, p. 25.
5
- "... a técnica moderna está fundada, como prescrição, na persuasão. O que persuade na persuasão é precisamente a sua possibilidade de assegurar que o caminho percorrido leve inexoravelmente a um final previsto. Nesse sentido, persuasão é aqui entendida como o fazer emergir a razão como modo de assegurar a si mesma e ao real através do con-senso. Significa: o que é constante se apresenta como dado desde sempre e é em torno deste que é proclamado tanto con-senso quanto neutralidade. Con-senso diz aqui aceitação de uma constante como razão." (1)
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 120-1.
6
- "O filósofo Ortega y Gasset, em seu livro Meditação da técnica diz que esta é sempre 'o esforço para poupar esforço...' (1). Mas para que poupar esforço? Onde se aproveitará este esforço? Para a experiência mais elevada da vida como invenção de si mesma e que se expressa nas artes inúteis como a música, a pintura, escultura, dança, retórica, filosofia etc.? No entanto, em nosso contexto, este esforço poupado serve para, nada mais nada menos, fazer mais cálculos para poupar mais esforço, para um maior asseguramento, numa lógica operativa e produtiva ilimitadas, isto é, que encontra na contínua superação do esforço e no asseguramento mais rigoroso seu modo de ser, seu sentido, sua força" (2).
- Referência:
- (1) ORTEGA Y GASSET, José. Meditação da técnica. Rio de Janeiro : Livro Ibero-Americano, 1963, p. 31.
- (2) PISETTA, Écio Elvis. "A funcionalidade: o correto e o verdadeiro". In: Revista Tempo Brasileiro Dialética em questão I. Rio de Janeiro, 192: jan.-mar., 2013, p. 86.
7
- "Como se pode ver, a essência da técnica não são as máquinas, os instrumentos, os aparelhos. Tudo isso não passa de figurantes. A essência mesma é a funcionalidade de tudo e de todos, o que nos apresentaram recentemente os filmes Matrix"(1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Heidegger e a ética". In: Revista Tempo Brasileiro - Caminhos da ética, 157, Rio de Janeiro, abr.-jun., 2004, p. 76.
8
- "Quando, hoje, no domínio universal da técnica, falamos em globalização, no fundo, estamos querendo nos referir a um universal de tal poder que abrange todo o globo terrestre e todo o universo" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A globalização e os desafios do humano". In: Revista Tempo Brasileiro- Globalização, pensamento e arte, 201/202. Rio de Janeiro, abr.-set., 2015, p. 15.
9
- "O sofrimento e a alegria, o ser afetado, tomado por uma força, são relações com o ser. Mas no mundo do voluntarismo absoluto em que a técnica o mergulha, o homem não sente mais a dor, ou a sente de modo somente passivo, e, portanto, ressentido e reativo. É principalmente em sua indiferença frente às consequências destrutivas da técnica, que o "funcionário da técnica" mostra sua insensibilidade e seu extremo fechamento, pois nele, o mais angustiante é sua incapacidade de se angustiar" (1).
- Referência:
- (1) UNGER, Nancy Mangabeira. "Heidegger e a espera do inesperado". Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro. Revista Tempo Brasileiro: Interdisciplinaridade dimensões poéticas, 164, Jan.-mar. 2006, 179.