Cristianismo
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : (1) HOOD, Juliette. "Guardiães da alma". '''O livro celta da vida e da morte'''. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 95. |
Edição de 15h48min de 4 de Junho de 2021
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1
- ""O cristianismo opôs à visão do tempo cíclico da antiguidade greco-romana um tempo linear, sucessivo e irreversível, com um começo, um fim, da queda de Adão e Eva ao Juízo Final. Diante desse tempo histórico e mortal houve outro tempo sobrenatural, invulnerável diante da morte e da sucessão: a Eternidade. Por isso, o único episódio decisivo da história terrestre foi o da Redenção: o descenso de Cristo e o seu sacrifício representam a interseção entre a Eternidade e a temporalidade, o tempo recessivo e moral dos homens e o tempo do mais além, que não muda nem sucede, idêntico a si próprio sempre. A Idade Moderna começa com a crítica à Eternidade cristã e com a aparição de outro tempo. De um lado, o tempo finito do cristianismo, com um começo e um fim, se converte num tempo quase infinito da evolução natural e da história, aberto em direção do futuro. De outro lado, a modernidade desvaloriza a Eternidade: a perfeição se translada para o futuro, não no outro mundo, mas neste. Basta lembrar a imagem célebre de Hegel: a rosa da razão está crucificada no presente" (2).
- Referência:
- (1) PAZ, Octávio. "Ruptura e convergência". In: A outra voz. São Paulo: Siciliano, 2001, pp. 36.
2
- "Também convém notar que o cristianismo que Feuerbach conheceu foi uma das muitas interpretações protestantes do cristianismo. Nestas interpretações se considerava o homem como intrinsecamente mau, incapaz de qualquer obra boa, e que é salvo apenas enquanto os méritos de Cristo cobrem a podridão moral do homem, mas não o purificam realmente. Numa tal concepção do cristianismo, a justiça está toda da parte de Deus, a bondade, o amor, o bem, são impossíveis no homem, por causa da queda original que corrompeu totalmente a natureza humana. Nesta perspectiva protestante, e somente nesta, se compreende esta frase de Feuerbach: “A religião não encontra nada de bom na natureza humana; para ela o homem é mau, corrompido, levando-o ao mal: se Deus é bom, só Ele quer o bem”. Mas esta frase é totalmente falsa, quando aplicada ao cristianismo em sua forma católica onde o pecado original não é interpretado como corruptor radical da natureza humana, onde, portanto, o homem é capaz de verdadeiras obras de justiça, de amor, e onde a salvação de Cristo não é apenas um manto, mas uma verdadeira purificação interna" (1).
- (1) HUMMES ofm, Dom Cláudio (Hoje Cardeal). "Os hegelianos de esquerda". In: ----. História da Filosofia.
- Curso proferido em 1964 em Daltro Filho, (hoje cidade Imigrantes), RS, em 1964.
3
- "Foi somente com o cristianismo que o homem começou a dar-se conta, mais explicitamente, da sua espiritualidade, da sua interioridade, desta sua capacidade de entrar em si mesmo, de separar-se, por assim dizer, da exterioridade da natureza. Esta tomada da consciência proveio justamente do fato de que o cristianismo começou por ensinar que o homem tem uma alma espiritual capaz de viver separada do corpo e que ele deve por assim dizer salvar fugindo do mundo: o interior do homem vale mais do que seu exterior" (1).
- Referência:
- (1) HUMMES, o.f.m. Frei Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
4
- "E assim como o humanismo masca e mascara a experiência originária do homem com o Ser, assim também o monoteísmo metafísico diverte e perverte a experiência originária do homem com o Divino. Ora, o Divino constitui o horizonte pluridimensional da deidade, o elemento misterioso onde poderá haver uma correspondência com Deus e os Deuses. Por isso, o Pensamento Essencial procura sua Verdade fora da dualidade metafísica do teísmo e ateísmo. O ateísmo moderno não passa de uma consequência do cristianismo. É o cristianismo perfeitamente humanizado, isto é, no fundo totalmente descristianizado" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Aprendendo a pensar I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 216.
5
- "Uma sociedade que acredita numa dimensão extrafísica - as profundas verdades que se ocultam por trás do véu da vida terrena - investe sua fé em especialistas talentosos, capazes de servir de intermediários entre os dois mundos: os videntes, os druidas e os bardos. Com o surgimento do Cristianismo, os santos se juntaram às fileiras de talentos guardiães da alma - e muitas figuras antes pagãs adquiriram outros nomes e um novo conjunto de atributos religiosos" (1).
- Referência:
- (1) HOOD, Juliette. "Guardiães da alma". O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 95.