Relógio

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: As seguintes [[distinções]] são [[ontológicas]]. Estas sofrem uma [[transformação]] profunda com o [[advento]] da [[Modernidade]]. Conforme é tratado por Fritjof Capra no [[filme]] ''[[O ponto de mutação]]''/O [[caminho]] do [[pensamento]], vamos ter uma profunda [[transformação]] com o [[advento]] da [[Modernidade]], porque se parte para uma [[outra]] [[concepção]] do [[universo]]. Este deixa de ser uma [[criação]] [[divina]], sujeita às suas [[leis]]. Há [[leis]], sim, mas de outra [[natureza]]. Como elas são [[enigmáticas]] trata-se de [[descobrir]] essas [[leis]] da [[natureza]], para dominá-la, submetê-la ao [[fazer]] do [[ser humano]] e sua [[vontade]]. Surge aí a [[ideia]] de [[possibilidade]] de [[intervenção]] do [[ser humano]]. Não é que ele queira [[ser]] um [[criador]], embora esta [[ideia]] depois se torne a dominante na [[arte]], através da [[imaginação]], falando-se, então, em [[imaginação]] [[criadora]], introduzindo-se também a denominação: ''[[gênio]]'', para o que se mostrava com grande [[poder]] de [[invenção]] ou  [[criação]]. Mas esta já pressupõe a [[concepção]] que dá partida a [[tudo]] isso e se opõe sobretudo à [[concepção]] [[medieval]], [[teológica]]. Porém, o que esta significava e como se diferenciava da antiga, da [[grega]]? Por detrás destas havia sempre a [[ideia]] de [[Deus]] [[criador]], isto é, de um [[criador]], que cria do [[Nada]]. O [[homem]] [[moderno]] criará a partir da [[imaginação]]. Contudo, para isto haverá uma [[profunda]] [[transformação]]. E a grande [[metáfora]] para indicar e [[conduzir]] esta [[mudança]] será conceber o [[universo]] como um gigantesco [[relógio]]. Nesta, o [[Ser]] é substituído pelo [[Tempo]], mas agora um [[tempo]] que pode [[ser]] [[conhecido]], [[medido]] e até se efetuarem [[intervenções]].
: As seguintes [[distinções]] são [[ontológicas]]. Estas sofrem uma [[transformação]] profunda com o [[advento]] da [[Modernidade]]. Conforme é tratado por Fritjof Capra no [[filme]] ''[[O ponto de mutação]]''/O [[caminho]] do [[pensamento]], vamos ter uma profunda [[transformação]] com o [[advento]] da [[Modernidade]], porque se parte para uma [[outra]] [[concepção]] do [[universo]]. Este deixa de ser uma [[criação]] [[divina]], sujeita às suas [[leis]]. Há [[leis]], sim, mas de outra [[natureza]]. Como elas são [[enigmáticas]] trata-se de [[descobrir]] essas [[leis]] da [[natureza]], para dominá-la, submetê-la ao [[fazer]] do [[ser humano]] e sua [[vontade]]. Surge aí a [[ideia]] de [[possibilidade]] de [[intervenção]] do [[ser humano]]. Não é que ele queira [[ser]] um [[criador]], embora esta [[ideia]] depois se torne a dominante na [[arte]], através da [[imaginação]], falando-se, então, em [[imaginação]] [[criadora]], introduzindo-se também a denominação: ''[[gênio]]'', para o que se mostrava com grande [[poder]] de [[invenção]] ou  [[criação]]. Mas esta já pressupõe a [[concepção]] que dá partida a [[tudo]] isso e se opõe sobretudo à [[concepção]] [[medieval]], [[teológica]]. Porém, o que esta significava e como se diferenciava da antiga, da [[grega]]? Por detrás destas havia sempre a [[ideia]] de [[Deus]] [[criador]], isto é, de um [[criador]], que cria do [[Nada]]. O [[homem]] [[moderno]] criará a partir da [[imaginação]]. Contudo, para isto haverá uma [[profunda]] [[transformação]]. E a grande [[metáfora]] para indicar e [[conduzir]] esta [[mudança]] será conceber o [[universo]] como um gigantesco [[relógio]]. Nesta, o [[Ser]] é substituído pelo [[Tempo]], mas agora um [[tempo]] que pode [[ser]] [[conhecido]], [[medido]] e até se efetuarem [[intervenções]].
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A [[prática]] vai levar a [[metáfora]] do [[relógio]]/[[tempo]] para todas as esferas da [[realidade]]/[[natureza]]. Temos de ficar atentos às [[reduções]] que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da [[preocupação]] [[ontológica]] com ''o que é'' e o foco único ''no como é'', mas não mais relacionado a ''o que é''. Agora ''o como é'' diz respeito a ''o como se conhece''.
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: A [[prática]] vai levar a [[metáfora]] do [[relógio]]/[[tempo]] para todas as esferas da [[realidade]]/[[natureza]]. Temos de ficar atentos às [[reduções]] que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da [[preocupação]] [[ontológica]] com ''o que é'' e o foco único ''no como é'', mas não mais relacionado a ''o que é''. Agora ''o como é'' diz respeito a ''o como se conhece''.
: - [[Manuel Antônio de Castro]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]].

Edição de 22h30min de 21 de Julho de 2019

1

A prática vai levar a metáfora do relógio/tempo para todas as esferas da realidade/natureza. Temos de ficar atentos às reduções que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da preocupação ontológica com o que é e o foco único no como é, mas não mais relacionado a o que é. Agora o como é diz respeito a o como se conhece. É este em última instância que determina tudo, pois tudo será objeto do conhecimento que se torna o verdadeiro sujeito, o verdadeiro criador. E vamos ter as seguintes reduções:
Ente > obra > relógio/organismo>corpo. Por isso não se fala mais em ente nem em obra nem em corpo, mas se falará sempre e para tudo em objeto. E cada objeto/corpo/máquina/organismo é objeto de um conhecimento, submetido à razão crítica, que fundamenta o como se conhece. Surgem as disciplinas e seus objetos de conhecimento. Isso tanto no plano singular quanto no plano das entidades coletivas, como o Estado, a Sociedade, as Épocas. Daí a história estar submetida radicalmente à cronologia. Aliás, tudo ficará submetido à cronologia/tempo. Conhecer a partir do tempo/cronologia é uma questão de medição/cálculo. No fundo, tudo estará submetido ao tempo. Mas este passa a ser o que é acessível à medição/cálculo. Disso se encarregam as diferentes disciplinas que para tal são criadas. Porém, o princípio de medição que dará o verdadeiro conhecimento será o efetuado a partir do que se opera pela matemática, base de todo cálculo, a possibilidade de aprender e ser ensinado.


2

O homem moderno, opondo-se ao homem medieval, que concebia a criação por um Deus Criador, partindo do Nada, criará a partir da imaginação. Contudo, para isto haverá uma profunda transformação. E a grande metáfora para indicar e conduzir esta mudança será o universo como um gigantesco relógio. Nesta, o Ser é substituído pelo Tempo, mas agora um tempo que pode ser conhecido, medido e até efetuar intervenções. Conferir para isto o filme, fundamentado na obra de Fritjof Capra: O ponto de mutação.


- Manuel Antônio de Castro.


3

As seguintes distinções são ontológicas. Estas sofrem uma transformação profunda com o advento da Modernidade. Conforme é tratado por Fritjof Capra no filme O ponto de mutação/O caminho do pensamento, vamos ter uma profunda transformação com o advento da Modernidade, porque se parte para uma outra concepção do universo. Este deixa de ser uma criação divina, sujeita às suas leis. Há leis, sim, mas de outra natureza. Como elas são enigmáticas trata-se de descobrir essas leis da natureza, para dominá-la, submetê-la ao fazer do ser humano e sua vontade. Surge aí a ideia de possibilidade de intervenção do ser humano. Não é que ele queira ser um criador, embora esta ideia depois se torne a dominante na arte, através da imaginação, falando-se, então, em imaginação criadora, introduzindo-se também a denominação: gênio, para o que se mostrava com grande poder de invenção ou criação. Mas esta já pressupõe a concepção que dá partida a tudo isso e se opõe sobretudo à concepção medieval, teológica. Porém, o que esta significava e como se diferenciava da antiga, da grega? Por detrás destas havia sempre a ideia de Deus criador, isto é, de um criador, que cria do Nada. O homem moderno criará a partir da imaginação. Contudo, para isto haverá uma profunda transformação. E a grande metáfora para indicar e conduzir esta mudança será conceber o universo como um gigantesco relógio. Nesta, o Ser é substituído pelo Tempo, mas agora um tempo que pode ser conhecido, medido e até se efetuarem intervenções.
A prática vai levar a metáfora do relógio/tempo para todas as esferas da realidade/natureza. Temos de ficar atentos às reduções que se vão operando. A mais complexa é aí o abandono da preocupação ontológica com o que é e o foco único no como é, mas não mais relacionado a o que é. Agora o como é diz respeito a o como se conhece.


- Manuel Antônio de Castro.
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