Funcional

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(2)
(4)
 
(7 edições intermediárias não estão sendo exibidas.)
Linha 1: Linha 1:
== 1 ==
== 1 ==
-
:Funcional é a [[relação]] calculável entre [[causa]] e [[efeito]], sendo o efeito o [[fim]] ou seja a [[funcionalidade]]. Há [[funcionalidade]] quando algo atinge o seu [[fim]], a sua [[meta]], sendo estas algo que nas [[causas]] já estava previsto e até calculado. O funcional se fundamenta na correlação de [[sujeito]] e [[objeto]]. E nesta não há lugar para o [[inesperado]]. É que o funcional é a perfeita [[adequação]] entre o [[real]] e o [[lógico]], o que é passível de cálculo. É [[lógico]] tudo o que for regido pela [[lógica]]. É nesse sentido que se diz que o [[lógico]] é [[verdadeiro]] e o que é [[verdadeiro]] é [[real]]. Logo, logicamente, o [[real]] é o que é [[lógico]] ou funcional. E o que não for lógico, naturalmente, é [[ilógico]], ou seja, o não-lógico. Sem se notar há aí um [[círculo]] vicioso: lógico=verdadeiro=real, portanto, o real para ser real terá de ser verdadeiro e o verdadeiro terá de ser lógico. O que não couber nesse círculo será [[ilógico]] e, portanto, não verdadeiro e não real. Isso vale para o funcional. Mas nem sempre a [[realidade]] em seu [[acontecer]] é funcional e não deixa de ser verdadeira e [[real]]. A [[dor]], o [[sofrimento]], a [[paixão]], o [[sonho]], a [[imaginação]] etc. etc., são reais e nem por isso podem ser reduzidos ao [[lógico]]. E muito menos se tornarem funcionais.
+
: [[Funcional]] é a [[relação]] calculável entre [[causa]] e [[efeito]], sendo o efeito o [[fim]] ou seja a [[funcionalidade]]. Há [[funcionalidade]] quando algo atinge o seu [[fim]], a sua [[meta]], sendo estas algo que nas [[causas]] já estava previsto e até calculado. O [[funcional]] se [[fundamenta]] na correlação de [[sujeito]] e [[objeto]]. E nesta não há [[lugar]] para o [[inesperado]]. É que o [[funcional]] é a perfeita [[adequação]] entre o [[real]] e o [[lógico]], o que é passível de [[cálculo]]. É [[lógico]] tudo o que for regido pela [[lógica]]. É nesse sentido que se diz que o [[lógico]] é [[verdadeiro]] e o que é [[verdadeiro]] é [[real]]. Logo, logicamente, o [[real]] é o que é [[lógico]] ou [[funcional]]. E o que não for [[lógico]], naturalmente, é [[ilógico]], ou seja, o não-lógico. Sem se notar há aí um [[círculo]] vicioso: lógico=verdadeiro=real, portanto, o [[real]] para [[ser]] [[real]] terá de ser [[verdadeiro]] e o [[verdadeiro]] terá de [[ser]] [[lógico]]. O que não couber nesse [[círculo]] será [[ilógico]] e, portanto, não verdadeiro e não real. Isso vale para o [[funcional]]. Mas nem sempre a [[realidade]] em seu [[acontecer]] é [[funcional e não deixa de ser verdadeira e [[real]]. A [[dor]], o [[sofrimento]], a [[paixão]], o [[sonho]], a [[imaginação]] etc. etc., são [[reais]] e nem por isso podem ser reduzidos ao [[lógico]]. E muito menos se tornarem [[funcionais]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]].
-
 
-
 
== 2 ==
== 2 ==
-
: "Funcional é tudo que produz algo de útil dentro de um [[sistema]] de relações. Porém, a validade crítica de [[matéria]] e [[forma]] é a validade da rácio-funcionalidade, com a qual se reduzem as [[obras de arte]] a algo instrumental. [[Matéria]] e [[forma]] não passam de instrumentos classificatórios, dentro de [[sistemas]] racionais e funcionais. Daí a funcionalidade com que se revestem as Histórias das Artes para o seu ensino sistemático e pedagógico, seja formal, seja ideológico" (1).
+
: "[[Funcional]] é [[tudo]] que produz algo de [[útil]] dentro de um [[sistema]] de [[relações]]. Porém, a validade crítica de [[matéria]] e [[forma]] é a validade da rácio-[[funcionalidade]], com a qual se reduzem as [[obras de arte]] a [[algo]] [[instrumental]]. [[Matéria]] e [[forma]] não passam de [[instrumentos]] classificatórios, dentro de [[sistemas]] racionais e funcionais. Daí a [[funcionalidade]] com que se revestem as [[Histórias]] das [[Artes]] para o seu [[ensino]] sistemático e pedagógico, seja [[formal]], seja [[ideológico]]" (1).
Linha 14: Linha 12:
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: ---------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 286.
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: ---------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 286.
 +
 +
== 3 ==
 +
: "A [[relação]] [[funcional]] supõe uma [[estrutura]] [[social]] definida por uma [[hierarquia]] de [[funções]] e ''status'', independente das [[pessoas]], determinada apenas pelo grau de [[decisão]], pela posse do [[poder]] e pela [[eficiência]] do [[funcionamento]] de cada escalão. ''Status'' indica a [[posição]] que o [[indivíduo]] ocupa no grupo. É o nicho [[social]]. O ''status'' exclui [[interioridade]]. Independe do [[relacionamento]] das [[pessoas]]. Um caso típico desta [[estrutura]] [[funcional]] é a [[instituição]], por exemplo, [[sociedade]] anônima" (1).
 +
 +
 +
: Referência:
 +
 +
: (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Poder e autoridade no cristianismo". In: ----------: ''Aprendendo a pensar I''. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 224.
 +
 +
== 4 ==
 +
: "A [[presença]] dos [[sistemas]] nos sufoca e nossa [[vida]] se sucede dentro de um [[tempo]] [[cronológico]], onde tudo está predeterminado, onde nossas [[ações]] já estão previstas, onde não há [[lugar]] para o [[inesperado]] e a nossa [[travessia]], como [[projeto]] de [[vida]], único e [[inaugural]], se torna algo [[funcional]], em que todas as nossas [[ações]] estão em [[função]] de uma [[finalidade]], de algo que o [[sistema]] espera de nós. O que somos e não somos tem de [[ser]] [[funcional]]" (1).
 +
 +
 +
: Referência:
 +
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 150.
 +
 +
== 5 ==
 +
: "Toda a [[realidade]] continua crítica, agora no [[sentido]] de [[ser]] criticamente sistematizada, controlada e anestesiada pela [[estética]] do [[consumo]]. A esta nada escapa. O grande aliado são os recursos técnicos, cada vez mais amplos e potentes. E quem os promove são as [[universidades]] e os centros de [[pesquisa]]. Tudo hoje é [[objeto]] de [[pesquisa]], se teórica, terá sempre em vista algo [[prático]], até porque a [[pesquisa]] só produz [[saber]] [[prático]], [[funcional]], jamais o seu [[saber]] se transformará numa [[sabedoria]] [[ética]], até porque a [[sabedoria]], desde a lição de [[Platão]] no [[diálogo]] ''[[Menon]]'', não pode ser ensinada" (1).
 +
 +
 +
: Referência:
 +
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 131.

Edição atual tal como 22h43min de 3 de Novembro de 2020

Tabela de conteúdo

1

Funcional é a relação calculável entre causa e efeito, sendo o efeito o fim ou seja a funcionalidade. Há funcionalidade quando algo atinge o seu fim, a sua meta, sendo estas algo que nas causas já estava previsto e até calculado. O funcional se fundamenta na correlação de sujeito e objeto. E nesta não há lugar para o inesperado. É que o funcional é a perfeita adequação entre o real e o lógico, o que é passível de cálculo. É lógico tudo o que for regido pela lógica. É nesse sentido que se diz que o lógico é verdadeiro e o que é verdadeiro é real. Logo, logicamente, o real é o que é lógico ou funcional. E o que não for lógico, naturalmente, é ilógico, ou seja, o não-lógico. Sem se notar há aí um círculo vicioso: lógico=verdadeiro=real, portanto, o real para ser real terá de ser verdadeiro e o verdadeiro terá de ser lógico. O que não couber nesse círculo será ilógico e, portanto, não verdadeiro e não real. Isso vale para o funcional. Mas nem sempre a realidade em seu acontecer é [[funcional e não deixa de ser verdadeira e real. A dor, o sofrimento, a paixão, o sonho, a imaginação etc. etc., são reais e nem por isso podem ser reduzidos ao lógico. E muito menos se tornarem funcionais.


- Manuel Antônio de Castro.

2

"Funcional é tudo que produz algo de útil dentro de um sistema de relações. Porém, a validade crítica de matéria e forma é a validade da rácio-funcionalidade, com a qual se reduzem as obras de arte a algo instrumental. Matéria e forma não passam de instrumentos classificatórios, dentro de sistemas racionais e funcionais. Daí a funcionalidade com que se revestem as Histórias das Artes para o seu ensino sistemático e pedagógico, seja formal, seja ideológico" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Época e tempo poético". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 286.

3

"A relação funcional supõe uma estrutura social definida por uma hierarquia de funções e status, independente das pessoas, determinada apenas pelo grau de decisão, pela posse do poder e pela eficiência do funcionamento de cada escalão. Status indica a posição que o indivíduo ocupa no grupo. É o nicho social. O status exclui interioridade. Independe do relacionamento das pessoas. Um caso típico desta estrutura funcional é a instituição, por exemplo, sociedade anônima" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Poder e autoridade no cristianismo". In: ----------: Aprendendo a pensar I. Teresópolis: Daimon, 2008, p. 224.

4

"A presença dos sistemas nos sufoca e nossa vida se sucede dentro de um tempo cronológico, onde tudo está predeterminado, onde nossas ações já estão previstas, onde não há lugar para o inesperado e a nossa travessia, como projeto de vida, único e inaugural, se torna algo funcional, em que todas as nossas ações estão em função de uma finalidade, de algo que o sistema espera de nós. O que somos e não somos tem de ser funcional" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereias”. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 150.

5

"Toda a realidade continua crítica, agora no sentido de ser criticamente sistematizada, controlada e anestesiada pela estética do consumo. A esta nada escapa. O grande aliado são os recursos técnicos, cada vez mais amplos e potentes. E quem os promove são as universidades e os centros de pesquisa. Tudo hoje é objeto de pesquisa, se teórica, terá sempre em vista algo prático, até porque a pesquisa só produz saber prático, funcional, jamais o seu saber se transformará numa sabedoria ética, até porque a sabedoria, desde a lição de Platão no diálogo Menon, não pode ser ensinada" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura e Crítica". In: ---------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 131.
Ferramentas pessoais