Espaço

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(6)
(7)
 
(4 edições intermediárias não estão sendo exibidas.)
Linha 6: Linha 6:
: Referência:
: Referência:
-
: (1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. In: ''Ensaios e conferências''.  Petrópolis: Vozes, 2001, p. 134.
+
: (1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. In: '''Ensaios e conferências'''.  Petrópolis: Vozes, 2001, p. 134.
== 2 ==
== 2 ==
Linha 38: Linha 38:
== 5 ==
== 5 ==
-
: O [[tempo]] é uma [[questão]]. E como [[questão]] não podemos viver fora do [[tempo]] nem sem [[tempo]]. Em si, ele, não como [[conceito]], mas como [[questão]], é o [[tempo]] [[poético]], o [[tempo]] do [[existir]], fazendo-se, ou seja, o [[acontecer]], isto é, o [[tempo]] em sua densidade máxima, porque é o [[tempo]] destinado a cada ser vivente. [[Tempo]] é [[Vida]] [[sendo]], destinando-se em  cada vivente. É o [[tempo]] do [[ser]], em que SE dá o [[ser]] e, por isso, é inclassificável, só experienciável como [[tempo]] [[poético]], dando-se e presentificando-se, enfim, [[sendo]]. Por isso, o [[tempo]] é a quarta [[dimensão]] do [[espaço]], como afirmam os físicos. Porém, tal [[tempo]] não é o [[tempo]] tripartido (somente cronológico), porque o [[tempo]] tem também uma quarta [[dimensão]]: é a [[linguagem]] (1). Esta é o [[tempo]] [[poético]]. E pensá-lo é a [[Poética]]. Se o [[tempo]] é a quarta [[dimensão]] do [[espaço]] e a [[linguagem]] a quarta [[dimensão]] do tempo, a [[linguagem]] é o [[fundar]] de [[tempo]] e [[espaço]]. Esse [[fundar]] é o [[fundamentar]] o [[lugar]]. [[Lugar]] ou ''campo'' é [[mundo]]. A [[linguagem]] é [[mundo]] e [[sentido]], porque o [[mundo]] é a quarta [[dimensão]] da [[linguagem]]. Como o [[leitor]] percebe, torna-se imprescindível a [[leitura]] do [[ensaio]] de Heidegger abaixo indicado, onde apreendemos estas [[ideias]].
+
: O [[tempo]] é uma [[questão]]. E como [[questão]] não podemos viver fora do [[tempo]] nem sem [[tempo]]. Em si, ele, não como [[conceito]], mas como [[questão]], é o [[tempo]] [[poético]], o [[tempo]] do [[existir]], fazendo-se, ou seja, o [[acontecer]], isto é, o [[tempo]] em sua densidade máxima, porque é o [[tempo]] destinado a cada ser vivente. [[Tempo]] é [[Vida]] [[sendo]], destinando-se em  cada vivente. É o [[tempo]] do [[ser]], em que SE dá o [[ser]] e, por isso, é inclassificável, só experienciável como [[tempo]] [[poético]], dando-se e presentificando-se, enfim, [[sendo]]. Por isso, o [[tempo]] é a quarta [[dimensão]] do [[espaço]], como afirmam os físicos. Porém, tal [[tempo]] não é o [[tempo]] tripartido (somente cronológico), porque o [[tempo]] tem também uma quarta [[dimensão]]: é a [[linguagem]] (1). Esta é o [[tempo]] [[poético]]. E pensá-lo é a [[Poética]]. Se o [[tempo]] é a quarta [[dimensão]] do [[espaço]] e a [[linguagem]] a quarta [[dimensão]] do tempo, a [[linguagem]] é o [[fundar]] de [[tempo]] e [[espaço]]. Esse [[fundar]] é o [[fundamentar]] o [[lugar]]. [[Lugar]] ou ''campo'' é [[mundo]]. A [[linguagem]] é [[mundo]] e [[sentido]], porque o [[mundo]] é a quarta [[dimensão]] da [[linguagem]]. Como o [[leitor]] percebe, torna-se imprescindível a [[leitura]] do [[ensaio]] de [[Heidegger]] abaixo indicado, onde apreendemos estas [[ideias]].
Linha 45: Linha 45:
: Referência:
: Referência:
-
: 1) Cf. HEIDEGGER, Martin. "Tempo e ser". In: ______. ''Os pensadores''. São Paulo: Abril Cultural, 1979, pp. 255-72.
+
: 1) Cf. HEIDEGGER, Martin. "Tempo e ser". In: ______. '''Os pensadores'''. São Paulo: Abril Cultural, 1979, pp. 255-72.
-
 
+
-
 
+
== 6 ==
== 6 ==
Linha 56: Linha 54:
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio não publicado.
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio não publicado.
 +
 +
== 7 ==
 +
: "A [[história]] não pode, portanto, ser vista só na sua [[dimensão]] [[horizontal]], porque não há [[horizontalidade]] sem [[verticalidade]]. O [[inverso]] também é [[verdadeiro]]. A [[sucessão]] [[linear]] ([[temporal]]) manifesta a [[espacialidade]] dos [[fatos]], enquanto inscrição do [[paradigma]] (''para-'': ''ao lado de''; ''-digma'': ''manifestação''). O [[paradigma]] permite-nos [[apreender]] [[espacialmente]] os [[diferentes]] [[fatos]] assinalados ''ordenadamente'' (''-tagma'') ''entre si'' (''syn-''), enquanto [[manifestação]] [[temporal]]. O [[espaço]] é a [[configuração]] [[temporal]]. Projetamo-nos [[temporalmente]] para nos percebermos [[espacialmente]]" (1).
 +
 +
 +
: Referência:
 +
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Paradigma e identidade". In: ------. '''Tempos de Metamorfose'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 190.
 +
 +
== 8 ==
 +
: "O “[[lugar]]” como [[abertura]] já diz o que se dá enquanto [[sentido]] e [[verdade]]. É neste encaminhamento que apreendemos a [[realidade]] enquanto [[espaço]] e [[tempo]], ou seja, o [[sentido]] e sua [[verdade]] [[ética]]-[[erótica]], [[dimensões]] [[essenciais]] do [[sentido]]. [[Sentido]], [[verdade]] e [[mundo]], que são a [[linguagem]] atuando, [[fundam]] o [[espaço]] e o [[tempo]], que possibilitam [[diferentes]] [[posições]] e [[perspectivas]]" (1).
 +
 +
 +
: Referência:
 +
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ler e suas questões”. In: ------------. '''Leitura: questões'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 20 .

Edição atual tal como 15h48min de 23 de fevereiro de 2021

1

"Espaço é algo espaçado, arrumado, liberado, num limite, em grego péras. O limite não é onde uma coisa termina mas, como os gregos reconheceram, de onde alguma coisa dá início à sua essência. Isso explica por que a palavra grega para dizer conceito é horismós, limite. Espaço é, essencialmente, o fruto de uma arrumação, de um espaçamento, o que foi deixado em seu limite" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". Trad. Marcia Sá Cavalcante Schuback. In: Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 134.

2

Pelo domínio dos conceitos científicos, onde domina a percepção de tudo que nos cerca e constitui o universo, o espaço ficou reduzido a um significado dominante, perdendo-se seu sentido mais profundo, o humano, que precede toda e qualquer determinação conceitual da ciência. Preceder diz aí possibilitar esses conceitos, sem que eles abarquem toda a realidade. É o caso muito importante em nossa vida de algo fundamental: o espaço. Este em seu sentido originário, manifestação do humano no vigorar da physis é lugar, é habitação. Diz Heidegger: "Aquilo em que uma coisa devém é o que chamamos 'espaço'. Os gregos não possuem nenhuma palavra para dizer 'espaço'. Isso não é mero acaso. Fizeram a experiência do que é 'espacial' não a partir da extensio mas do lugar (topos), como chora. Chora não significa nem lugar nem espaço e sim o que é tomado e ocupado pelo que está em si mesmo. O lugar pertence à própria coisa em si mesma. As diversas coisas, cada uma tem seu lugar próprio" (1). O espaço como lugar torna-se algo que vigora a partir do próprio. Então a questão do espaço é a questão do próprio. O que é o próprio?


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 94.

3

"Aristóteles nomeia aquilo que nós chamamos de espaço com dois nomes diferentes [em grego]: Topos e chora. Topos é o espaço que um corpo ocupa imediatamente. Este espaço ocupado pelo corpo foi inicialmente configurado pelo corpo (soma, em grego). Este espaço tem os mesmos limites que o corpo. Uma observação a este propósito: o limite não é, para os gregos, aquilo pelo qual alguma coisa cessa e toma fim, mas aquilo a partir de onde alguma coisa começa, por onde ela tem seu acabamento. O espaço ocupado por um corpo, topos, é o seu lugar" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Remarques sur art - sculpture - espace. Trad. do alemão por: Didier Franck. Paris: Rivages poche / Petite Bibliothèque, 2009, p. 18. Tradução do francês: Manuel Antônio de Castro.

4

"No sentido grego, o espaço é visto a partir do corpo, como sendo seu lugar, como o que contém o lugar. Cada corpo possui, entretanto, seu - próprio - lugar, um lugar que lhe é conforme" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Remarques sur art - sculpture - espace. Trad. do alemão por: Didier Franck. Paris: Rivages poche / Petite Bibliothèque, 2009, p. 18. Tradução do francês: Manuel Antônio de Castro.


5

O tempo é uma questão. E como questão não podemos viver fora do tempo nem sem tempo. Em si, ele, não como conceito, mas como questão, é o tempo poético, o tempo do existir, fazendo-se, ou seja, o acontecer, isto é, o tempo em sua densidade máxima, porque é o tempo destinado a cada ser vivente. Tempo é Vida sendo, destinando-se em cada vivente. É o tempo do ser, em que SE dá o ser e, por isso, é inclassificável, só experienciável como tempo poético, dando-se e presentificando-se, enfim, sendo. Por isso, o tempo é a quarta dimensão do espaço, como afirmam os físicos. Porém, tal tempo não é o tempo tripartido (somente cronológico), porque o tempo tem também uma quarta dimensão: é a linguagem (1). Esta é o tempo poético. E pensá-lo é a Poética. Se o tempo é a quarta dimensão do espaço e a linguagem a quarta dimensão do tempo, a linguagem é o fundar de tempo e espaço. Esse fundar é o fundamentar o lugar. Lugar ou campo é mundo. A linguagem é mundo e sentido, porque o mundo é a quarta dimensão da linguagem. Como o leitor percebe, torna-se imprescindível a leitura do ensaio de Heidegger abaixo indicado, onde apreendemos estas ideias.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
1) Cf. HEIDEGGER, Martin. "Tempo e ser". In: ______. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, pp. 255-72.

6

"O espaço sendo espaço é o tempo acontecendo. Daí o tempo ser a quarta dimensão do espaço. As três outras dimensões do espaço são: comprimento, largura e altura. Toda proposição é ao mesmo tempo uma proposição espacialposição – e uma proposição temporalpro-, que diz o vir à frente, o acontecer do tempo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Espelho: o perigoso caminho do auto-diálogo". Ensaio não publicado.

7

"A história não pode, portanto, ser vista só na sua dimensão horizontal, porque não há horizontalidade sem verticalidade. O inverso também é verdadeiro. A sucessão linear (temporal) manifesta a espacialidade dos fatos, enquanto inscrição do paradigma (para-: ao lado de; -digma: manifestação). O paradigma permite-nos apreender espacialmente os diferentes fatos assinalados ordenadamente (-tagma) entre si (syn-), enquanto manifestação temporal. O espaço é a configuração temporal. Projetamo-nos temporalmente para nos percebermos espacialmente" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Paradigma e identidade". In: ------. Tempos de Metamorfose. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994, p. 190.

8

"O “lugar” como abertura já diz o que se dá enquanto sentido e verdade. É neste encaminhamento que apreendemos a realidade enquanto espaço e tempo, ou seja, o sentido e sua verdade ética-erótica, dimensões essenciais do sentido. Sentido, verdade e mundo, que são a linguagem atuando, fundam o espaço e o tempo, que possibilitam diferentes posições e perspectivas" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O ler e suas questões”. In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 20 .