Entre-ser

De Dicionrio de Potica e Pensamento

(Diferença entre revisões)
(2)
(2)
Linha 15: Linha 15:
== 2 ==
== 2 ==
-
: Os [[dias]], as [[noites]], nós, somos uma doação do [[sol]], que tanto mais se dá quanto mais retrai para que cheguemos a [[ser]] o que somos: filhos e doação do [[sol]] E da [[terra]]. No fundo e essencialmente somos a dis-puta de [[Terra]] E [[Sol]]. Originários do [[sol]] e da [[terra]], nosso [[viver]] consiste nesse per-curso [[entre]] o [[sol]] e a [[terra]]. Guimarães Rosa chamou a esse [[per-curso]] do [[entre]] de [[travessia]]. É que nesse [[percurso]] nos trans-vertemos, nos vertemos na densidade vertente do que nos constitui: [[sol]] e [[terra]]. O [[sol]] é a [[linguagem]] que vivifica e faz eclodir a [[vida]] e [[morte]] que somos, como [[doação]] da [[terra, em seu [[sentido]]. Por isso nosso [[corpo]] é a [[língua]] da [[linguagem]]. Em todos os [[sentidos]], em nossa constituição poética e ontológica somos sempre e sempre [[Entre-ser]].
+
: Os [[dias]], as [[noites]], nós, somos uma [[doação]] do [[sol]], que tanto mais se dá quanto mais retrai para que cheguemos a [[ser]] o que somos: filhos e [[doação]] do [[sol]] E da [[terra]]. No fundo e essencialmente somos a dis-puta de [[Terra]] E [[Sol]]. [[Originários]] do [[sol]] e da [[terra]], nosso [[viver]] consiste nesse per-curso [[entre]] o [[sol]] e a [[terra]]. Guimarães Rosa chamou a esse [[per-curso]] do [[entre]] de [[travessia]]. É que nesse [[percurso]] nos trans-vertemos, nos vertemos na densidade vertente do que nos constitui: [[sol]] e [[terra]]. O [[sol]] é a [[linguagem]] que vivifica e faz eclodir a [[vida]] e [[morte]] que somos, como [[doação]] da [[terra]], em seu [[sentido]]. Por isso nosso [[corpo]] é a [[língua]] da [[linguagem]]. Em todos os [[sentidos]], em nossa constituição [[poética]] e [[ontológica]] somos sempre e sempre [[Entre-ser]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
-
 
-
 
== 3 ==
== 3 ==

Edição de 01h26min de 26 de Junho de 2018

1

"Intuição vem de in, ou seja, é já radicalmente um entre. Por já desde sempre vigorar o ser humano neste entre, por provir e se constituir no 'doar-se de uma intuição originária' (1), é que Heidegger passou a denominar o ser humano como Da-sein, ou seja, como Entre-ser" (2).


Referências:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "A fenomenologia de Edmund Husserl e a fenomenologia de Martin Heidegger". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 165. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 10.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: Revista Tempo Brasileiro, nº 164. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2006, p. 24.


Ver também:

2

Os dias, as noites, nós, somos uma doação do sol, que tanto mais se dá quanto mais retrai para que cheguemos a ser o que somos: filhos e doação do sol E da terra. No fundo e essencialmente somos a dis-puta de Terra E Sol. Originários do sol e da terra, nosso viver consiste nesse per-curso entre o sol e a terra. Guimarães Rosa chamou a esse per-curso do entre de travessia. É que nesse percurso nos trans-vertemos, nos vertemos na densidade vertente do que nos constitui: sol e terra. O sol é a linguagem que vivifica e faz eclodir a vida e morte que somos, como doação da terra, em seu sentido. Por isso nosso corpo é a língua da linguagem. Em todos os sentidos, em nossa constituição poética e ontológica somos sempre e sempre Entre-ser.


- Manuel Antônio de Castro

3

No limite, apreender o não-limite é que constitui propriamente o método poético. Por isso, o ser humano não é simplesmente, é o entre-ser (Dasein, diz Heidegger), o que faz dele, em relação a todos os outros entes, único, isto é o que se denomina: diferença ontológica, pois aí o “entre” diz radicalmente a abertura ou clareira do ser, isto é, a a-letheia, a verdade, segundo os gregos. Nesta todos os seres humanos habitam, porém, para cada um há um habitar próprio essa clareira na medida em que é e não é, isto é, se diferencia também ontologicamente.


- Manuel Antônio de Castro
Ferramentas pessoais