Comunicação

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: A [[linguagem]] está além do [[sistema]] [[comunicativo]] e das [[funções]] [[linguísticas]]: "A [[linguagem]] é o [[advento]] do [[próprio]] [[Ser]] que se clareia e se esconde" (HEIDEGGER, 1967: 44) (1). Ela é [[condição]] de [[possibilidade]] [[originária]] e [[inaugural]] em que se [[funda]] o [[aparecer]] de todo [[sendo]], que só [[é]] desde o [[ser]]. Esta [[distinção]] é importante porque, em geral, desde os [[retóricos]] [[gregos]], inventores da [[gramática]], que tinha por [[finalidade]] a [[formação]] no [[estruturar]] com [[coesão]] e [[coerência]] a [[argumentação]] na [[escrita]] e na [[fala]], para bem persuadir, a [[linguagem]] ficou reduzida ao seu [[aspecto]] [[instrumental]]. É o que hoje se denomina [[comunicação]] ou [[expressão]]. Este uso [[prático]] da [[linguagem]] levou ao [[esquecimento]] de sua [[essência]] [[poética]].
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: A [[linguagem]] está além do [[sistema]] [[comunicativo]] e das [[funções]] [[linguísticas]]: "Em sua [[Essência]], a [[linguagem]] não é nem a exteriorização de um [[organismo]], nem a [[expressão]] de um [[ser]] [[vivo]]. Por isso, também ela nunca pode ser [[pensada]], de acordo com sua [[Essência]], a partir de seu [[caráter]] [[semasiológico]], nem talvez mesmo a partir de seu [[caráter]] [[significativo]]. A [[linguagem]] é o [[advento]] do [[próprio]] [[Ser]] que se clareia e se esconde" (1).
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: Ela é [[condição]] de [[possibilidade]] [[originária]] e [[inaugural]] em que se [[funda]] o [[aparecer]] de todo [[sendo]], que só [[é]] desde o [[ser]]. Esta [[distinção]] é importante porque, em geral, desde os [[retóricos]] [[gregos]], inventores da [[gramática]], que tinha por [[finalidade]] a [[formação]] no [[estruturar]] com [[coesão]] e [[coerência]] a [[argumentação]] na [[escrita]] e na [[fala]], para bem persuadir, a [[linguagem]] ficou reduzida ao seu [[aspecto]] [[instrumental]]. É o que hoje se denomina [[comunicação]] ou [[expressão]]. Este uso [[prático]] da [[linguagem]] levou ao [[esquecimento]] de sua [[essência]] [[poética]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]].
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: (1) HEIDEGGER, Martin. ''Carta sobre o humanismo''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 45.
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Edição de 16h12min de 4 de Agosto de 2020

Tabela de conteúdo

1

"Na evocação da palavra, o homem convoca o que ainda está por vir. O que está por vir é o momento em que o homem, sabendo acolher, guardar com desvelo e retribuir o dom da linguagem enquanto silêncio, não a reduzirá a mero instrumento de comunicação. O que está por vir é o momento em que cada um, percebendo-se como um dom da linguagem, perceberá que o sentido das coisas e de si próprio realiza-se no exercício da escuta desse silêncio essencial" (1).


(1) FERRAZ, Antônio Máximo. "A i-nominada essência da linguagem". In: DOLZANE, Harley Farias. I nome nada [poesia]. Belém: Instituto de artes do Pará, 2012, p. 183.

2

Não é o fazer que faz o corpo e suas experienciações, mas o ser. Dessa maneira, a relação e referência entre corpos tem uma duração própria e não técnica nem mecânica, inacessível às experiências. Para haver comunicação não basta a troca rápida de significados nas possibilidades e rapidez dos códigos e suas representações, numa troca constante entre emissor e receptor. Há a necessidade do tempo da metábole, (transformação e eclosão), um tempo de ser o que se intercambia na vigência da linguagem, do logos, onde acontece a diferença na identidade de ser o que se é.


- Manuel Antônio de Castro.

3

"A língua comunicativa, circunstancial, feita dos lugares-comuns de muitas épocas, das ideias preconcebidas, das banalidades, dos estereótipos, dos clichês incorporados nas “ideologias dominantes”, nos discursos intencionais, porque a essência da causalidade funcional é a intencionalidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 102.

4

A linguagem está além do sistema comunicativo e das funções linguísticas: "Em sua Essência, a linguagem não é nem a exteriorização de um organismo, nem a expressão de um ser vivo. Por isso, também ela nunca pode ser pensada, de acordo com sua Essência, a partir de seu caráter semasiológico, nem talvez mesmo a partir de seu caráter significativo. A linguagem é o advento do próprio Ser que se clareia e se esconde" (1).
Ela é condição de possibilidade originária e inaugural em que se funda o aparecer de todo sendo, que só é desde o ser. Esta distinção é importante porque, em geral, desde os retóricos gregos, inventores da gramática, que tinha por finalidade a formação no estruturar com coesão e coerência a argumentação na escrita e na fala, para bem persuadir, a linguagem ficou reduzida ao seu aspecto instrumental. É o que hoje se denomina comunicação ou expressão. Este uso prático da linguagem levou ao esquecimento de sua essência poética.


- Manuel Antônio de Castro.
(1) HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o humanismo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967, p. 45.

5

"Na comunicação a palavra se torna um instrumento como causa de um meio para um fim. O esvaziamento da palavra é necessário na comunicação para que se torne um instrumento funcional, isto é, tudo funcione de acordo com o processar-se daquilo que se quer comunicar. Este pressupõe um real dominado e predeterminado: 1 - pelos fins: 2- pelos meios; 3- e pela causalidade instrumental" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "A leitura e o diálogo". Ensaio não publicado.