Finito
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 01h53min de 27 de Maio de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)
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- "Quem começa muito, quem inicia muitas coisas, nunca chega ao princípio. É que nós, seres finitos,somos sempre definidos. Temos necessidade de definições. Nunca poderemos começar com o princípio. E por quê? - Porque já estamos sempre imersos no princípio. Por isso mesmo, para sabermos que estamos onde estamos, temos de começar invariavelmente com o início, com algo, portanto, que nos descubra o princípio, que nos mostre a origem, que nos desvele a fonte. É esta espécie de início, este tipo de começo que nos proporciona o discurso, quando nos surpreendemos no curso da Arte ou nos deparamos no percurso da Filosofia. Pois tanto a Filosofia como a Arte é o esforço que fazemos para tomarmos e entrarmos na posse do que já é sempre dado" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Arte e filosofia". In: Revista Tempo Brasileiro, 64, jan.-mar., 1981, p. 42.
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- O problema e densidade do finito ficam bem claros quando fazemos uma escuta do pensamento de Platão, não reduzido a conceitos pelo platonismo. "Da separação metafísica da finitude sensível e da infinitude inteligível decorrem as oposições antagônicas do corpo e da alma, da matéria e do espírito" (1). O universal abstrato, o conceito, é a infinitude inteligível. "No pensamento criticamente irônico de F. Schlegel, o finito sensível e o infinito inteligível são dois pólos de uma mesma unidade polarizada. Tese e antítese constituem a tensão polar da aparência finita e da ideia infinita" (2). É importante distinguir o que Platão nos propõe como questão do que posteriormente foi reduzido a conceitos. A redução do pensamento de Platão à epistemologia medieval e moderna faz com que o seu pensamento seja reduzido a dicotomias, quando ele nos propõe um pensamento ambíguo, como por exemplo, no uso das palavras gregas diánoia e Eîdos, de profunda densidade ambígua. Como traduzir tais palavras gregas, que se contextualizam dentro de um uso cotidiano e ao mesmo tempo dentro do pensamento original de Platão? Por exemplo, se entendemos diánoia como entre-percepção, tudo se torna bem mais complexo do que uma simples leitura epistemológica. A esse respeito tem também a contribuir o texto "Da essência da verdade" (3).
- Referências:
- (1) SOUZA, Ronaldes de Melo e. "Introdução à poética da Ironia". In: Linha da Pesquisa, n. 1, v.1, 2000, p.32.
- (2) Idem, p.33.
- (3) HEIDEGGER, Martin. "Da essência da verdade". In: Ser e Verdade. Petrópolis: Vozes, 2007.
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- "Por que se parte do on? Este é ambíguo, porque tudo para nós é ambíguo, uma vez que somos finitos, pois não há finito sem o não-finito. Se o finito nasce, cresce e morre, ele vigora no não-finito, o que permanece no fluxo das mudanças. O vivente é o finito e mutável. A vida é o não-finito e não mutável. Portanto, na respostas às perguntas deve se fazer presente essa ambiguidade (1).
- Referência bibliográfica:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 129.
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- " O on traz em si a ambiguidade da referência do ser à essência do ser humano, do limite e do não-limite, pois todo ser humano enquanto este e aquele humano é limite, e enquanto ser é não-limite (1). A palavra latina para limite é finis, de onde se origina a palavra portuguesa finito. Aquilo que é sem limite, ou seja, não-limite, é o sem finis.
- : Referência bibliográfica:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 129.
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- "O homem não é só um ser simplesmente finito. O homem é o mais finito dos seres, porque, na finitude, ele sente sempre o infinito do nada, mesmo em toda pretensão, escamoteada, de ser infinito. É na finitude sem fim do nada que afirma, em tudo que faz e/ou deixa de fazer, o infinito" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O sentido do pseudônimo". In: -----. Aprendendo a pensar III. Teresópolis/RJ: Daimon Editora, 2017, p. 121.