Extraordinário
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 03h03min de 11 de Outubro de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)
1
- "De algum modo já aprendera que cada dia nunca era comum, era sempre extraordinário. E que a ela cabia sofrer o dia ou ter prazer nele. Ela queria o prazer do extraordinário que era tão simples de encontrar nas coisas comuns: não era necessário que a coisa fosse extraordinária para que nela se sentisse o extraordinário" (1).
- Referência:
- (1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 131.
- Ver também:
2
- O extraordinário não está fora do ordinário. Pelo contrário, ele vigora na âmago do ordinário e possibilita a sua existência, o poder ser real. Experienciar o extraordinário no ordinário é pensar. Quando pensamos, todo o ordinário se transfigura em sua existência aparente e limites.
3
- "No diálogo Fedro, Platão apreende o extraordinário de uma maneira mais ampla e complexa. E vai procurar abrangê-lo, nomeando quatro forças de possibilidades: Apolo, o vigor do iluminar e adivinhar; Dioniso, o vigor místico; Musas, o vigor poético, ligado ao tempo enquanto memória, isto é, sentido e mundo; Eros, o vigor amoroso. Lembremos que as quatro forças são divinas. Referem-se à presença dos deuses nos seres humanos. Em vista disso, a essência do ser humano é a sua morada no extraordinário, como nos diz Heráclito: " Ethos anthropou daimon " (1) (2).
- Referência:
- (1) . HERÁCLITO, frag. 91. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Trad. Emmanuel Carneiro Leão e Sérgio Wrublewski. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 91.
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 241.
4
- " Ethos anthroupou daimon " - "A morada do homem, o extraordinário"(1).
- A tradução de Ethos por morada nos projeta nesta na medida em que morada diz então o sentido, o mundo, a linguagem que fazem e constituem o ser humano. Isso o diferencia dos demais entes, constituindo-o como o existente, ou seja, é sua diferença ontológica. E então poderíamos interpretar os demais entes como ordinário, para diferenciá-los do ser humano.
- Referência:
- (1) HERÁCLITO, frag. 119. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. In: Os pensadores originários - Anaximandro, Parmênides, Heráclito. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 91.