Duplo

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: Só pode haver [[duplo]] onde se reduz o [[acontecer]] do [[ser]] à [[substantivação]] causal. No [[não-causal]] e [[verbal]] o [[ser]] nos advém como [[dobra]]. A [[dobra]] se dá no [[vigorar]] do [[eu]] e do [[tu]] enquanto [[desdobramento]] e [[doação]] do [[ser]], [[desdobramento]] de [[pensar]] e [[ser]] (ver sentença III de Parmênides). No [[vigorar]] da [[dobra]] é que acontece a ''[[aletheia]]'', a [[verdade]]. Por isso ela será sempre um [[entre]], um [[diálogo]] de [[ser]] e [[pensar]], no exercício [[concreto]] do ''[[krinein]]'', ou seja, do [[criticar]] [[originário]]. ''[[Krinein]]'' diz então o [[vigorar]] do [[sentido]] do [[ser]] no [[doar-se]] e [[destinar-se]] enquanto [[verdade]]. Nesse [[sentido]] [[poético]], a [[crítica]] não é um exercício [[epistemológico]]-[[racional]],  mas [[ontológico]]. No [[conhecer]] [[epistemológico]]-[[racional]] não acontece [[ser]] porque só temos a sua [[representação]] [[causal]] e [[substantiva]], isto é, [[dual]]. O [[modelo]] pressupõe o [[dual]], ao passo que a [[dobra]] se funda na [[matriz]].
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: Só pode haver [[duplo]] onde se reduz o [[acontecer]] do [[ser]] à [[substantivação]] causal. No não-causal e [[verbal]] o [[ser]] nos advém como [[dobra]]. A [[dobra]] se dá no [[vigorar]] do [[eu]] e do [[tu]] enquanto [[desdobramento]] e [[doação]] do [[ser]], [[desdobramento]] de [[pensar]] e [[ser]] (ver sentença III de Parmênides). No [[vigorar]] da [[dobra]] é que acontece a ''[[aletheia]]'', a [[verdade]]. Por isso ela será sempre um [[entre]], um [[diálogo]] de [[ser]] e [[pensar]], no exercício [[concreto]] do ''[[krinein]]'', ou seja, do [[criticar]] [[originário]]. ''[[Krinein]]'' diz então o [[vigorar]] do [[sentido]] do [[ser]] no [[doar-se]] e [[destinar-se]] enquanto [[verdade]]. Nesse [[sentido]] [[poético]], a [[crítica]] não é um exercício [[epistemológico]]-[[racional]],  mas [[ontológico]]. No [[conhecer]] [[epistemológico]]-[[racional]] não acontece [[ser]] porque só temos a sua [[representação]] [[causal]] e [[substantiva]], isto é, [[dual]]. O [[modelo]] pressupõe o [[dual]], ao passo que a [[dobra]] se funda na [[matriz]].

Edição de 15h59min de 19 de Dezembro de 2024

Tabela de conteúdo

1

Só pode haver duplo onde se reduz o acontecer do ser à substantivação causal. No não-causal e verbal o ser nos advém como dobra. A dobra se dá no vigorar do eu e do tu enquanto desdobramento e doação do ser, desdobramento de pensar e ser (ver sentença III de Parmênides). No vigorar da dobra é que acontece a aletheia, a verdade. Por isso ela será sempre um entre, um diálogo de ser e pensar, no exercício concreto do krinein, ou seja, do criticar originário. Krinein diz então o vigorar do sentido do ser no doar-se e destinar-se enquanto verdade. Nesse sentido poético, a crítica não é um exercício epistemológico-racional, mas ontológico. No conhecer epistemológico-racional não acontece ser porque só temos a sua representação causal e substantiva, isto é, dual. O modelo pressupõe o dual, ao passo que a dobra se funda na matriz.


- Manuel Antônio de Castro

2

"O duplo não representa absolutamente nada de material, mas está situado no reino do desejo, naquilo que não sou, mas busco ser, porque sempre fui. É um estar e ser, algo que se mostra e se oculta. Por fim, é uma representação que se faz através do apagamento, do simulacro" (1)


(1) MONTEIRO, Maria Conceição. Figurações das paixões nas literaturas de língua inglesa. Rio de Janeiro: Eduerj, 2013, p. 144.

3

"O mundo como o conhecemos - desde a menor partícula até o maior planeta -, é mantido em equilíbrio por uma lei baseada na natureza dualista equilibrada de todas as coisas. Sem o equilíbrio entre as duas forças opostas não haveria a criação, isto é, não existiria o Universo. Por exemplo, as galáxias basicamente estão sujeitas a duas forças opostas: 1) as forças de expulsão - resultantes dos efeitos do Big Bang, através das quais todas as galáxias movem-se para longe de nós - e 2) as forças gravitacionais, que puxam as galáxias umas contra as outras" (1).
Essas duas forças ou energias não constituem também o princípio vital, fundado pelo masculino e pelo feminino? Penso que sim.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) GADALLA, Moustafa. "O mais religioso". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 87.

4

"O duplo coloca a vida como começo e a morte como fim. A dobra diz: vida e morte são circulares e tensionais. Não há oposição entre tempo cronológico e tempo poético-circular. As narrativas poéticas se movem nessa dobra. Um bom exemplo é o conto de Guimarães Rosa, no livro Primeira estórias: “Sequência” " (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Tempo, o poético-circular e a cronologia". Ensaio não publicado.
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