Caminho

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: [[Caminho]] é uma [[palavra]] em português de uma rica semântica. Mas a [[questão]] é tomar a [[palavra]] naquilo que ela tem de [[essencial]], naquilo que remete para a [[essência]] do [[ser humano]]. E é neste [[horizonte]] que a [[questão]] do [[caminho]] se torna uma [[ideia]] motriz no filme de Pan Nalin: ''Samsara''. Aliás, é uma noção-chave tanto no budismo quanto no cristianismo. O personagem-monge Tashi está procurando a sua [[realização]] e o seu [[sentido]]: continua no mosteiro ou sai? O motivo central para ele é, no momento, ficar no mosteiro e não casar ou sair e poder casar. E isso se torna para ele a [[questão]] do [[caminho]] e opções a fazer. E consulta um monge-asceta em total isolamento e sem se comunicar com ninguém. Quando consultado por Tashi, ele lhe mostra um papel onde estão escritas as [[palavras]]:
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: ''Tudo que você contatar é um [[lugar]] para praticar o [[caminho]]''.
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: ''Tudo que você contactar é um [[lugar]] para praticar o [[caminho]]''.
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: Estas [[palavras]] constituem e não constituem uma [[resposta]], pois o essencial nelas é o convite a [[pensar]], fazendo do [[pensamento]] um [[agir]], enquanto uma [[atitude]] e conduta de [[vida]].
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: Pensa e faz a [[escolha]] de sair do mosteiro. Na verdade, estas [[palavras]] constituem e não constituem uma [[resposta]], pois o essencial nelas é o convite a [[pensar]], fazendo do [[pensamento]] um [[agir]], enquanto uma [[atitude]] e conduta de [[vida]]. Toda [[vida]] é um [[caminho]] de [[procuras]] escolhas com suas consequências.
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: - [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 00h25min de 26 de Dezembro de 2017

1

Heidegger insiste muito na nossa travessia como caminho (1). Diz Leão: "O percurso entre o princípio e o fim é o curso de um início, combate de velamento e des-velamento entre as potências de ser, não-ser e aparência" (2). O mesmo autor, no volume II (3) de sua obra, na p. 181, discute o caminho como atividade, meio e fim e na p. 183, discute o caminho essencial.


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Ciência e pensamento do sentido". In:______. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 58.
(2) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Diana e Heráclito". In: Aprendendo a pensar. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 188.
(3) ________. Aprendendo a pensar II. Petropolis: Vozes, 1992.


Ver também:

2

"O fim do caminho seria de um modo ou de outro a consumação do próprio caminho e, para nós, o que é decisivo e importante é a caminhada com suas peripécias e vicissitudes. Deste modo, todo começo é já um fim e, assim, este não se caracteriza como sendo marcadamente determinado por nenhuma linearidade consumadora. O nosso caminho tenta ser trilhado pelo ocidente das questões, porque estamos determinados em última instância por esta mesma ocidentalidade, isto é, por essa modalidade que traz consigo tanto uma espécie de entardecimento, quanto de infinidade. Não entendemos de outro modo. Todavia, em relação a essa ocidentalidade é necessário ter-se alguma precaução, é necessário precaver-se" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro, 7Letras, 2005, p. 22.


Ver também:

3

"O que é um caminho? Caminho é o que se deixa alcançar. A saga do dizer é o que, sendo encantado, nos deixa alcançar a fala da linguagem. O próprio da linguagem abriga-se, portanto, no caminho com o qual a saga do dizer deixa aqueles que a escutam, alcançar a linguagem. Só podemos ser esses que escutam à medida que pertencermos ao dizer e sua saga. O deixar alcançar, isto é, o caminho para a fala, vem precisamente de um deixar pertencer à saga do dizer" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 205.

4

“Assim, imaginemos passos marcados na areia de uma praia, um caminho sempre solitário, pois mesmo que estejamos na companhia de alguém, cada um terá o registro de seus pés de forma única e inimitável. São marcas singulares que grafam no chão o peso de um corpo e o tempo de sua história” (1).


Referência:
(1) PESSANHA, Fábio Santana. A hermenêutica do mar – Um estudo sobre a poética de Virgílio de Lemos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2013, p. 45.


5

"Porque o caminho para o que está próximo é para nós, homens, sempre o mais longo e, por isso, o mais difícil. Este caminho é um caminho de reflexão. O pensamento que medita exige de nós que não fiquemos unilateralmente presos a uma representação, que não continuemos a correr em sentido único na direção de uma representação. O pensamento que medita exige que nos ocupemos daquilo que, à primeira vista, parece inconciliável" (1).


- Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Serenidade. Trad. Maria Madalena Andrade e Olga Santos. Lisboa: Instituto Piaget, s/d, p. 23.


6

Caminho é uma palavra em português de uma rica semântica. Mas a questão é tomar a palavra naquilo que ela tem de essencial, naquilo que remete para a essência do ser humano. E é neste horizonte que a questão do caminho se torna uma ideia motriz no filme de Pan Nalin: Samsara. Aliás, é uma noção-chave tanto no budismo quanto no cristianismo. O personagem-monge Tashi está procurando a sua realização e o seu sentido: continua no mosteiro ou sai? O motivo central para ele é, no momento, ficar no mosteiro e não casar ou sair e poder casar. E isso se torna para ele a questão do caminho e opções a fazer. E consulta um monge-asceta em total isolamento e sem se comunicar com ninguém. Quando consultado por Tashi, ele lhe mostra um papel onde estão escritas as palavras:
Tudo que você contactar é um lugar para praticar o caminho.
Pensa e faz a escolha de sair do mosteiro. Na verdade, estas palavras constituem e não constituem uma resposta, pois o essencial nelas é o convite a pensar, fazendo do pensamento um agir, enquanto uma atitude e conduta de vida. Toda vida é um caminho de procuras escolhas com suas consequências.
- Manuel Antônio de Castro
- Referência:
PAN NALIN. Filme: Samsara, 2002.

7

"Assim precisamos percorrer efetiva e plenamente o círculo. Isto não é nem uma solução passageira nem é uma deficiência. A posição vigorosa é trilhar este caminho e permanecer nele é a festa do pensar, posto que o pensar é um ofício. Não somente o passo principal da obra para a arte assim como o passo da arte para a obra é um círculo, mas cada passo isolado que tentamos dar circula neste círculo" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Trad. Idalina Azevedo da Silva e Manuel Antônio de Castro. São Paulo: Edições 70, 2010, p. 39.


8

"Um homem verdadeiramente sábio não é aquele que persegue cegamente uma verdade. É somente aquele que conhece constantemente todos os três caminhos: o do Ser, o do não-ser e o da aparência.
Os três caminhos proporcionam uma indicação em si unitária:
O caminho para o Ser é inevitável.
O caminho para o Nada é inacessível.
O caminho para a aparência é sempre acessível e frequentado, mas evitável" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 139.
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