Realização
De Dicionrio de Potica e Pensamento
(Diferença entre revisões)
(→2) |
(→5) |
||
(8 edições intermediárias não estão sendo exibidas.) | |||
Linha 36: | Linha 36: | ||
: O [[silêncio]] e a [[não-ação]] | : O [[silêncio]] e a [[não-ação]] | ||
: Eis a raiz de todas as [[coisas]]” (1). | : Eis a raiz de todas as [[coisas]]” (1). | ||
- | + | '' | |
- | TZU, Chuang. | + | TZU, Chuang.''' “[[Ação]] e [[não-ação]]”. In: MERTON, Thomas. A [[via]] de Chuang Tzu. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 106.''' |
== 4 == | == 4 == | ||
Linha 45: | Linha 45: | ||
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O que é pensar?" | + | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "O que é [[pensar]]?" Conferência proferida na Academia Brasileira de Letras, em 2017.''' |
== 5 == | == 5 == | ||
- | : "A [[história]] da [[humanidade]] se tem movido em ciclos de vinte e cinco séculos. A cada dois | + | : "A [[história]] da [[humanidade]] se tem movido em ciclos de vinte e cinco séculos. A cada dois milênios e meio fecha-se um ciclo. Atinge-se um clímax e instala-se um [[fim]], mas [[fim]] no triplo sentido de término, de [[plenitude]] e de [[transformação]]. É um [[instante]] propício para outra [[realização]] do [[real]] na [[história]] dos [[homens]], quando então poderemos vir a ser mais livremente tanto o que já fomos como o que ainda somos, mas sempre na [[abertura]] de outro [[horizonte]], do [[horizonte]] do que seremos" (1). |
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O que é pensar?" | + | : (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro.''' "O que é [[pensar]]?" Conferência proferida na Academia Brasileira de Letras, em 2017.''' |
== 6 == | == 6 == | ||
- | : "A [[palavra]] [[realização]] nos engana porque vamos lê-la no plano dos [[entes]], quando ela só pode ser o que é porque é o [[vigorar]] do [[ser]]. Vejamos. [[Realização]] é todo [[crescer]], é todo [[agir]], é todo levar à [[manifestação]], à [[transformação]], ao | + | : "A [[palavra]] [[realização]] nos engana porque vamos lê-la no plano dos [[entes]], quando ela só pode ser o que é porque é o [[vigorar]] do [[ser]]. Vejamos. [[Realização]] é todo [[crescer]], é todo [[agir]], é todo levar à [[manifestação]], à [[transformação]], ao aparecimento de algo que ainda não é. Há [[realização]] incessante e não apenas quando se vê o resultado de uma [[ação]] [[humana]] ou da [[natureza]]. Toda a [[realidade]] é contínua e [[permanente]] [[realização]], [[musicalidade]], onde não há apenas aparecimento, e, sim, um [[vigorar]] no [[sentido do ser]]. [[Realização]] é um contínuo e incessante [[agir]], [[crescer]], [[acontecer]] do [[sentido]]. [[Tudo]] está em [[permanente]] [[mutação]], eclosão, como nos diz o [[verbo]] [[grego]] ''légein'': por, [[depor]], compor, [[dispor]], [[propor]]. Acontece que nesse por, a [[realidade]] se dá enquanto seu [[sentido]] pelo [[vigorar]] na [[linguagem]]" (1). |
: Referência: | : Referência: | ||
- | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In:------. | + | : (1) CASTRO, Manuel Antônio de.''' "[[Amar]] e [[ser]]". In:------. [[Arte]]: o [[humano]] e o [[destino]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 317.''' |
== 7 == | == 7 == |
Edição atual tal como 21h31min de 10 de março de 2025
Tabela de conteúdo |
1
- Realização é o vir a ser da realidade no seu manifestar-se em real, ou seja, a totalidade dos entes (ta onta), dos fenômenos. Como tal, todo fenômeno é uma realização da realidade constituindo o real. Toda realização é oblíqua e dissimulada porque nela a realidade se dá e retrai, se manifesta e vela. Toda realização é uma doação do ser. Daí podermos falar de real e irreal, de ideal e real, porque este, em verdade, é a vigência do vigor da realidade pondo-se e depondo-se nas realizações. O Ser é doação enquanto tempo, presença, mundo, sentido e realização.
2
- Toda plenitude só é plenitude do principiar do princípio, assim como todo rio traz em sua corrente a presença da fonte. Esta ambiguidade poética é que é o tempo circular. A palavra plenitude forma-se de pleno. E esta palavra vem do latim plenus, que significa: cheio, completo, satisfeito. Porém, não podemos reduzir a plenitude a esses atributos acidentais quando se trata do ser que cada um é. Ontologicamente é uma realização plena, completa, inteira, que se dá quando, cada um naquilo que é, encontra o seu pleno e total sentido. É a sua completude. É que sentido então é sentido de ser, plena e completa realização, e não simplesmente a mera ligação às sensações e à satisfação dos sentidos. Estes não estão excluídos da plenitude e da completude, mas jamais podemos reduzi-las às meras sensações sejam sensuais, sejam estéticas, pois, neste caso, reduzir-se-ia o ontológico (Libido essendi) ao epistemológico (Libido sciendi).
3
- “A não-ação do sábio não é a inação.
- Não é estudada. Coisa alguma a abala.
- O sábio é quieto porque não se altera
- Não porque ele queira ser quieto”.
....................................................
- “O coração do sábio está tranquilo.
- É o espelho do céu e da terra.
- O espelho de tudo.
- É vazio, é quieto, é tranquilo, é sem-sabor
- O silêncio, a não-ação: esta é a medida do céu e da terra”.
.........................................................
- “Assim, do vazio do sábio surge a quietude:
- Da quietude, a ação. Da ação, a realização.
- Da sua quietude vem sua não-ação, que é também ação
- E é, portanto, sua realização.
- Pois a quietude é alegria. A alegria é isenta de preocupações,
- Fértil por muitos anos.
- A alegria faz tudo despreocupadamente:
- O silêncio e a não-ação
- Eis a raiz de todas as coisas” (1).
TZU, Chuang. “Ação e não-ação”. In: MERTON, Thomas. A via de Chuang Tzu. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 106.
4
- "Vivemos atualmente os primeiros decênios de um novo milênio. Nossa presença neste início é de princípio, pois exige rasgar horizontes de questionamento e de abrir dimensões de interrogação. A tarefa de pensar está toda aqui, pois o pensamento é a presença incômoda e desconcertante do desconhecido no desempenho de qualquer realização; e como se trata de realidade, requer muita concentração e pouca impaciência" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O que é pensar?" Conferência proferida na Academia Brasileira de Letras, em 2017.
5
- "A história da humanidade se tem movido em ciclos de vinte e cinco séculos. A cada dois milênios e meio fecha-se um ciclo. Atinge-se um clímax e instala-se um fim, mas fim no triplo sentido de término, de plenitude e de transformação. É um instante propício para outra realização do real na história dos homens, quando então poderemos vir a ser mais livremente tanto o que já fomos como o que ainda somos, mas sempre na abertura de outro horizonte, do horizonte do que seremos" (1).
- Referência:
- (1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "O que é pensar?" Conferência proferida na Academia Brasileira de Letras, em 2017.
6
- "A palavra realização nos engana porque vamos lê-la no plano dos entes, quando ela só pode ser o que é porque é o vigorar do ser. Vejamos. Realização é todo crescer, é todo agir, é todo levar à manifestação, à transformação, ao aparecimento de algo que ainda não é. Há realização incessante e não apenas quando se vê o resultado de uma ação humana ou da natureza. Toda a realidade é contínua e permanente realização, musicalidade, onde não há apenas aparecimento, e, sim, um vigorar no sentido do ser. Realização é um contínuo e incessante agir, crescer, acontecer do sentido. Tudo está em permanente mutação, eclosão, como nos diz o verbo grego légein: por, depor, compor, dispor, propor. Acontece que nesse por, a realidade se dá enquanto seu sentido pelo vigorar na linguagem" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In:------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 317.
7
- Realização é o vir a ser da realidade no seu manifestar-se em real, ou seja, a totalidade dos entes (ta onta), dos fenômenos. Como tal, todo fenômeno é uma realização da realidade constituindo o real. Toda realização é oblíqua e dissimulada porque nela a realidade se dá e retrai, se manifesta e vela. Toda realização é uma doação do ser. Daí podermos falar de real e irreal, de ideal e real, porque este, em verdade, é a vigência do vigor da realidade pondo-se e depondo-se nas realizações. O Ser é doação enquanto tempo, presença, mundo, sentido e realização.