Riso
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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+ | : Kant, ao explicitar essa [[definição]], salienta que o entendimento não encontra [[satisfação]] na [[transformação]], a não ser por breves [[instantes]]. E, para explicá-la, diz que as [[representações]] influenciam o [[corpo]] e este, o [[espírito]]. Acentua, porém, que as [[representações]] são mero [[jogo]] e não [[representações]] de um [[objeto]]. Se fossem [[representações]] de algum [[objeto]] não poderiam transformar-se em [[nada]], pois poderiam [[provocar]] uma [[decepção]]. E acrescenta (2): | ||
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- | : (1) KANT, Emmanuel. ''Crítica del juício | + | : (1) KANT, Emmanuel. '''[[Crítica]] del juício. 2. e. Trad. José Rovira Armengoi. Buenos Aires: Losada''', p. 178. |
- | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O lúdico e o humano". In: --------. ''Travessia Poética | + | : (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O [[lúdico]] e o [[humano]]". In: --------. '''[[Travessia]] [[Poética]]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977''', p. 46. |
- | : (3) KANT, Emmanuel. ''Crítica del juício | + | : (3) KANT, Emmanuel. '''[[Crítica]] del juício. 2. e. Trad. José Rovira Armengoi. Buenos Aires: Losada''', p. 179. |
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Edição de 19h17min de 18 de Setembro de 2024
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1
- "A teoria do ridículo vem de há muito apaixonando e ao mesmo tempo desgastando a Estética. Alguns céticos comprazem-se em apontar incongruências nas tentativas de sistematização. Mas se o examinamos minuciosamente, o caso não é tão desanimador. Cada qual consegue esclarecer pelo menos seus próprios exemplos e, assim, contribui para a interpretação da fenomenologia do ridículo" (1).
- Referência:
- (1) STAIGER, Emil. Conceitos fundamentais da poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 154.
2
- "O riso é a paixão decorrente da transformação súbita de uma expectativa em nada (1).
- Kant, ao explicitar essa definição, salienta que o entendimento não encontra satisfação na transformação, a não ser por breves instantes. E, para explicá-la, diz que as representações influenciam o corpo e este, o espírito. Acentua, porém, que as representações são mero jogo e não representações de um objeto. Se fossem representações de algum objeto não poderiam transformar-se em nada, pois poderiam provocar uma decepção. E acrescenta (2):
- O notável é que em todos esses casos, o cômico deve conter sempre algo que por um instante possa enganar (3) ".
- Referências:
- (1) KANT, Emmanuel. Crítica del juício. 2. e. Trad. José Rovira Armengoi. Buenos Aires: Losada, p. 178.
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O lúdico e o humano". In: --------. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 46.
- (3) KANT, Emmanuel. Crítica del juício. 2. e. Trad. José Rovira Armengoi. Buenos Aires: Losada, p. 179.
3
- "Também Baudelaire tratou do problema do riso. Para ele o riso está intimamente ligado a uma queda antiga, a uma degradação física e moral. Atribui uma origem diabólica ao cômico, mas enquanto o diabólico expressa superioridade do homem. Por isso só o homem ri, o animal não se acha superior ao vegetal. Mas essa superioridade é essencialmente contraditória, " ...sinal de uma grandeza infinita e de uma miséria infinita, miséria infinita em relação ao ser absoluto do qual tem um conceito, grandeza infinita relativamente aos animais. É do choque perpétuo destes dois infinitos que surge o riso. O cômico, a faculdade de rir, está naquele que ri e não no objeto do riso (1)" "(2).
- Referências:
- (1) BAUDELAIRE, Charles. Oeuvres completes. Texte établit et annoté par Y.-G. le Dantec. Édition révisé, complétée et présentée par Claude Pichois. Bibliothèque de la Plêiade, 1966, p. 982. (Obras completas). Texto estabelecido e anotado por Y.-G le Dantec. Edição revisada, completada e apresentada por Claude Pichois. Biblioteca da Plêiade, 1966, p. 982.
- (2) CASTRO, Manuel Antônio de. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 48.
4
- "Você sabe quando está em casa quando alguém conta uma piada e todos riem juntos. Não há pátria mais sólida do que o riso partilhado, nem lugar mais estrangeiro do que o silêncio incômodo dos outros depois que você conta uma piada" (1).
- Referência:
- (1) AGUALUSA, José Eduardo. "Minha Casa". In: .... O Globo, Segundo Caderno, 14-03-2020, p. 6.
5
- "Para expressar o que é a ironia e o humor, Schopenhauer parte do conceito de seriedade. Esta é o oposto do riso ou da brincadeira. A seriedade surge da certeza entre o que se pensa e o que se vê. Ora, a piada é o lúdico intencional. A ironia será o lúdico escondido sob a seriedade. Inicialmente há uma concordância aparente para depois fazer surgir a incongruência. Já o humor, para ele, é o oposto da ironia: é a seriedade escondida sob o lúdico. Ainda distingue a ironia do humor, ao achar que a ironia é objetiva e se destina para o outro, enquanto que o humor é subjetivo, existindo primariamente só para a própria pessoa" (1).
- Para maiores esclarecimentos, consultar: STAIGER, Emil. Conceitos fundamentais da poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969.
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O lúdico e o humano". In: ------. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 48.
6
- "A presença constante, nas teorizações sobre o cômico, dos dois aspectos em que o homem é encarado - espírito e corpo - levou-nos a considerar que em si tal oposição é parcial. O homem é um todo, em que tais aspectos não são antitéticos, não se somam nem se justapõem. Além do mais, no fundo, haveria três facetas, que, para facilitar a compreensão, chamaríamos de círculos ou esferas: o corporal, o intelectual e o espiritual. As diferentes manifestações do lúdico, do riso - o humor, o cômico, o satírico, a ironia, o burlesco, etc. - surgiriam da predominância maior ou menor de um desses círculos ou esferas, em seu inter-relacionamento. Daí a impossibilidade de definições que satisfaçam, porque a sua mutabilidade contínua e gradativa conjugação das esferas não permite a fixação de limites ou de definições" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O lúdico e o humano". In: ------. Travessia Poética. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977, p. 50.
7
- "Três motivos para o riso de um tolo:
- Rir do que é bom;
- Rir do que é ruim;
- Rir do que não entende" (1).
- Referência:
- (1) HOOD, Juliette. "Tríades de conhecimento". O livro celta da vida e da morte. Trad. Denise de C. Rocha Delela. São Paulo: Editora Pensamento, 2011, p. 113.