Duplo
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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1
- Só pode haver duplo onde se reduz o acontecer do ser à substantivação causal. No não-causal e verbal o ser nos advém como dobra. A dobra se dá no vigorar do eu e do tu enquanto desdobramento e doação do ser, desdobramento de pensar e ser (ver sentença III de Parmênides). No vigorar da dobra é que acontece a aletheia, a verdade. Por isso ela será sempre um entre, um diálogo de ser e pensar, no exercício concreto do krinein, ou seja, do criticar originário. Krinein diz então o vigorar do sentido do ser no doar-se e destinar-se enquanto verdade. Nesse sentido poético, a crítica não é um exercício epistemológico-racional, mas ontológico. No conhecer epistemológico-racional não acontece ser porque só temos a sua representação causal e substantiva, isto é, dual. O modelo pressupõe o dual, ao passo que a dobra se funda na matriz.
2
- "O duplo não representa absolutamente nada de material, mas está situado no reino do desejo, naquilo que não sou, mas busco ser, porque sempre fui. É um estar e ser, algo que se mostra e se oculta. Por fim, é uma representação que se faz através do apagamento, do simulacro" (1)
- (1) MONTEIRO, Maria Conceição. Figurações das paixões nas literaturas de língua inglesa. Rio de Janeiro: Eduerj, 2013, p. 144.
3
- "O mundo como o conhecemos - desde a menor partícula até o maior planeta -, é mantido em equilíbrio por uma lei baseada na natureza dualista equilibrada de todas as coisas. Sem o equilíbrio entre as duas forças opostas não haveria a criação, isto é, não existiria o Universo. Por exemplo, as galáxias basicamente estão sujeitas a duas forças opostas: 1) as forças de expulsão - resultantes dos efeitos do Big Bang, através das quais todas as galáxias movem-se para longe de nós - e 2) as forças gravitacionais, que puxam as galáxias umas contra as outras" (1).
- Essas duas forças ou energias não constituem também o princípio vital, fundado pelo masculino e pelo feminino? Penso que sim.
- Referência:
- (1) GADALLA, Moustafa. "O mais religioso". In: ------. Cosmologia egípcia - o universo animado. Trad. Fernanda Rossi. São Paulo: Madras Editora, 2003, p. 87.
4
- "O duplo coloca a vida como começo e a morte como fim. A dobra diz: vida e morte são circulares e tensionais. Não há oposição entre tempo cronológico e tempo poético-circular. As narrativas poéticas se movem nessa dobra. Um bom exemplo é o conto de Guimarães Rosa, no livro Primeira estórias: “Sequência” " (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Tempo, o poético-circular e a cronologia". Ensaio não publicado.