Paradoxo

De Dicionário de Poética e Pensamento

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: Toda [[questão]] é paradoxal. Todo [[conceito]] é racional e objetivo. A questão precisa do conceito assim como o [[ilimitado]] precisa do [[limite]]. Porém, tanto o conceito quanto o limite não subsistem sem a questão e o ilimitado. É aqui que acontece o paradoxo. Por isso ele surge da questão porque a [[vida]] do [[ser humano]] só é paradoxal porque é uma doação das questões. Eis porque temos o ser humano lançado radicalmente numa [[liminaridade]], isto é, no paradoxo do limite e do ilimitado, da vida e da [[morte]], do [[conhecer]] e do [[não-conhecer]], do [[permanente]] e do [[passageiro]], da [[noite]] e do [[dia]],  do [[ser]] e do [[não-ser]]. É nesses paradoxos que o [[humano]] do homem se entre-tece. Ele é um [[Entre-ser]]. As questões, como paradoxos, ao configurarem a liminaridade, projetam o ser humano numa profunda [[dor]], mas também numa profunda [[paixão]]. Por isso o paradoxo maior do ser humano é o [[amor]], o sabor da [[sabedoria]] do amor, ou seja, a tensão radical de paixão amorosa e mortal.
: Toda [[questão]] é paradoxal. Todo [[conceito]] é racional e objetivo. A questão precisa do conceito assim como o [[ilimitado]] precisa do [[limite]]. Porém, tanto o conceito quanto o limite não subsistem sem a questão e o ilimitado. É aqui que acontece o paradoxo. Por isso ele surge da questão porque a [[vida]] do [[ser humano]] só é paradoxal porque é uma doação das questões. Eis porque temos o ser humano lançado radicalmente numa [[liminaridade]], isto é, no paradoxo do limite e do ilimitado, da vida e da [[morte]], do [[conhecer]] e do [[não-conhecer]], do [[permanente]] e do [[passageiro]], da [[noite]] e do [[dia]],  do [[ser]] e do [[não-ser]]. É nesses paradoxos que o [[humano]] do homem se entre-tece. Ele é um [[Entre-ser]]. As questões, como paradoxos, ao configurarem a liminaridade, projetam o ser humano numa profunda [[dor]], mas também numa profunda [[paixão]]. Por isso o paradoxo maior do ser humano é o [[amor]], o sabor da [[sabedoria]] do amor, ou seja, a tensão radical de paixão amorosa e mortal.
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: Essencialmente temos de renunciar a tudo que queremos adquirir. E quanto mais renunciamos mais o adquirimos. É o [[paradoxo]] de [[ser]], de [[amar]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: - [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição de 21h20min de 22 de Outubro de 2016

1

Para-doxo forma-se do pré-verbal pará, que significa junto a, em casa de, entre. E –doxo vem do verbo dokéo, que significa parecer, julgar, pensar em. De dokéo se forma o substantivo doxa, opinião, conjectura, juízo. O paradoxo é o inesperado, o incrível, o raro, o insólito, o que nos faz sair do ordinário. No paradoxo a opinião e juízo são levados para o sem certeza, para o inesperado, para o aberto. Este aberto é dito pelo pará-, enquanto o estar junto a, no entre. Para apreender a força do "entre", confira o artigo "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'" (1).


- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: n. 164, jan.-mar. 2006, p. 25.


2

"O que é pensar enquanto experienciação? É penetrar nos insterstícios dos conceitos racionais. E um conceito só se potencializa realmente quando se deixa engravidar pelo paradoxo. Os paradoxos são os interstícios dos conceitos, porque neles acontecem as questões. O paradoxo é o entre de todo aprendizado como abertura para a aprendizagem" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 27.


3

"... mas tudo: a vida, a morte, tudo é, no fundo, paradoxo. Os paradoxos existem para que ainda se possa exprimir algo para o qual não existem palavras. Por isso acho que um paradoxo bem formulado é mais importante que toda a matemática, pois ela própria é um paradoxo, porque cada fórmula que o homem pode empregar é um paradoxo" (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. In: site: Tiro e Letras


4

Toda questão é paradoxal. Todo conceito é racional e objetivo. A questão precisa do conceito assim como o ilimitado precisa do limite. Porém, tanto o conceito quanto o limite não subsistem sem a questão e o ilimitado. É aqui que acontece o paradoxo. Por isso ele surge da questão porque a vida do ser humano só é paradoxal porque é uma doação das questões. Eis porque temos o ser humano lançado radicalmente numa liminaridade, isto é, no paradoxo do limite e do ilimitado, da vida e da morte, do conhecer e do não-conhecer, do permanente e do passageiro, da noite e do dia, do ser e do não-ser. É nesses paradoxos que o humano do homem se entre-tece. Ele é um Entre-ser. As questões, como paradoxos, ao configurarem a liminaridade, projetam o ser humano numa profunda dor, mas também numa profunda paixão. Por isso o paradoxo maior do ser humano é o amor, o sabor da sabedoria do amor, ou seja, a tensão radical de paixão amorosa e mortal.


- Manuel Antônio de Castro


5

Essencialmente temos de renunciar a tudo que queremos adquirir. E quanto mais renunciamos mais o adquirimos. É o paradoxo de ser, de amar.


- Manuel Antônio de Castro