Paradoxo
De Dicionrio de Potica e Pensamento
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Edição de 15h16min de 14 de Julho de 2016
1
- Para-doxo forma-se do pré-verbal pará, que significa junto a, em casa de, entre. E –doxo vem do verbo dokéo, que significa parecer, julgar, pensar em. De dokéo se forma o substantivo doxa, opinião, conjectura, juízo. O paradoxo é o inesperado, o incrível, o raro, o insólito, o que nos faz sair do ordinário. No paradoxo a opinião e juízo são levados para o sem certeza, para o inesperado, para o aberto. Este aberto é dito pelo pará-, enquanto o estar junto a, no entre. Para apreender a força do "entre", confira o artigo "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: n. 164, jan.-mar. 2006, p. 25.
2
- "O que é pensar enquanto experienciação? É penetrar nos insterstícios dos conceitos racionais. E um conceito só se potencializa realmente quando se deixa engravidar pelo paradoxo. Os paradoxos são os interstícios dos conceitos, porque neles acontecem as questões. O paradoxo é o entre de todo aprendizado como abertura para a aprendizagem" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Poético-ecologia". In: CASTRO, Manuel Antônio de (org.). Arte: corpo, mundo e terra. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 27.
3
- "... mas tudo: a vida, a morte, tudo é, no fundo, paradoxo. Os paradoxos existem para que ainda se possa exprimir algo para o qual não existem palavras. Por isso acho que um paradoxo bem formulado é mais importante que toda a matemática, pois ela própria é um paradoxo, porque cada fórmula que o homem pode empregar é um paradoxo" (1).
- Referência:
- (1) ROSA, João Guimarães. In: site: Tiro e Letras
4
- Toda questão é paradoxal. Todo conceito é racional e objetivo. A questão precisa do conceito assim como o ilimitado precisa do limite. Porém, tanto o conceito quanto o limite não subsistem sem a questão e o ilimitado. É aqui que acontece o paradoxo. Por isso ele surge da questão porque a vida do ser humano só é paradoxal porque é uma doação das questões. Eis porque temos o ser humano lançado radicalmente numa liminaridade, isto é, no paradoxo do limite e do ilimitado, da vida e da morte, do conhecer e do não-conhecer, do permanente e do passageiro, da noite e do dia, do ser e do não-ser. É nesses paradoxos que o humano do homem se entre-tece. Ele é um Entre-ser. As questões, como paradoxos, ao configurarem a liminaridade, projetam o ser humano numa profunda dor, mas também numa profunda paixão. Por isso o paradoxo maior do ser humano é o amor, o sabor da sabedoria do amor, ou seja, a tensão radical de paixão amorosa e mortal.