Ousia

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: Heidegger trata do que se pode entender por ''on'' / ''onta'' no ensaio: "A sentença de Anaximandro" (1), ligando-o à questão do [[presente]]. Esta [[questão]] dos ''onta'', plural de ''[[on]]'', é [[radical]]. Da [[decisão]] sobre os ''onta'' surge o [[limite]], o [[substantivo]], o [[conceito]], a [[proposição]]. Contudo, o [[limite]] é [[indefinível]]. Por isso, o [[conceito]], ao se decidir pelo [[limite]] [[definível]], ocasiona um [[silenciamento]] e [[empobrecimento]] da [[compreensão]] e [[apreensão]] do [[ente]]. Lembramos que a [[tradução]] para o [[latim]] de ''[[on]]'' foi, como partícipio presente do verbo ''[[einai]]'', ''ens, entis'', de onde se formou a [[palavra]] [[ente]], em português. A [[substantivação]] da [[forma]] [[verbal]] acarretou a perda do caráter [[verbal]] da [[palavra]] ''ens, entis''. Por isso, preferimos traduzi-la por [[sendo]]. E o [[feminino]] de ''[[on]]'' é ''[[ousia]]'', [[essência]], ''[[essentia'']], em [[latim]], ou [[princípio]] de procriação, fertilidade. Daí estar ligado sempre a [[mulher]].  
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: Heidegger trata do que se pode entender por ''on'' / ''onta'' no ensaio: "A sentença de Anaximandro" (1), ligando-o à questão do [[presente]]. Esta [[questão]] dos ''onta'', plural de ''[[on]]'', é [[radical]]. Da [[decisão]] sobre os ''onta'' surge o [[limite]], o [[substantivo]], o [[conceito]], a [[proposição]]. Contudo, o [[limite]] é [[indefinível]]. Por isso, o [[conceito]], ao se decidir pelo [[limite]] [[definível]], ocasiona um [[silenciamento]] e [[empobrecimento]] da [[compreensão]] e [[apreensão]] do [[ente]]. Lembramos que a [[tradução]] para o [[latim]] de ''[[on]]'' foi, como partícipio presente do verbo ''[[einai]]'', ''ens, entis'', de onde se formou a [[palavra]] [[ente]], em português. A [[substantivação]] da [[forma]] [[verbal]] acarretou a perda do caráter [[verbal]] da [[palavra]] ''ens, entis''. Por isso, preferimos traduzi-la por [[sendo]]. E o [[feminino]] de ''[[on]]'' é ''[[ousia]]'', [[essência]], ''[[essentia]]'', em [[latim]], ou [[princípio]] de procriação, fertilidade. Daí estar ligado sempre a [[mulher]].  
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: (1) HEIDEGGER, Martin. "A sentença de Anaximandro". In: ''Pré-Socráticos. Coleção Os Pensadores''. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 30.
: (1) HEIDEGGER, Martin. "A sentença de Anaximandro". In: ''Pré-Socráticos. Coleção Os Pensadores''. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 30.
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: "Em todos os [[viventes]] há essa força geradora, a [[unidade]], que denominamos [[Vida]]. Portanto, ''[[eidos]]'' nada tem a ver com [[ideal]] em [[oposição]] a [[real]], até porque não há algo que exista sem essa [[energia]] geradora, sem a [[unidade]], ou seja, sem o [[ser]]. Por isso, nos [[diálogos]] de [[Platão]], quando quer [[dizer]] essa [[energia]] geradora que não se confunde com as meras [[representações]], ele a nomeia: ''[[ousia]]''. Ou seja: o [[feminino]] de ''[[on]]'', [[particípio]] [[presente]] do [[verbo]] [[ser]] (''[[einai]]''). O ''[[eidos]]'' me dá a [[ver]] o que é a ''[[ousia]]''. Esta, como [[feminino]] de [[sendo]], diz, portanto, [[possibilidade]] de [[Vida]], [[fertilidade]] [[própria]] de todo [[feminino]]" (1).
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura: compreender e interpretar". In: -----. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 90.
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: ''[[Ousía]]'' (οὐσία, pronúncia moderna "ussía") é um [[substantivo]] da [[língua]] [[grega]] formado a partir do [[feminino]] do [[particípio]] [[presente]] do [[verbo]] [[ser]], ''[[esse]]'' em [[latim]] e ''[[εἶναι]]'', ''[[einai]]'', em grego. Esta [[palavra]] é, por vezes, [[traduzida]] para [[português]] como [[substância]] ou [[essência]], simples [[traduções]] da ''[[ousia]]'' [[grega]] para o [[latim]] como [[substantia]] ou [[essentia]]. De [[substância]] se formou a importante [[palavra]] em [[português]]: [[substantivo]]. Devido à sua [[origem]] [[filosófica]], [[substância]] é muito utilizada em [[Filosofia]] e em [[Teologia]]. Note-se logo que as [[palavras]] [[substância]] e [[substantivo]] têm originalmente um caráter [[verbal]], o que já não ocorre no [[uso]] que delas faz a [[gramática]] e muitas vezes a [[filosofia]] e a [[teologia]], onde se perde completamente o [[sentido]] [[verbal]].
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: [[Manuel Antônio de Castro]].
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: "''[[Ousía]]'' não é [[gênero]] no [[sentido]] gramatical, mas é [[gênero]] no [[sentido]] de ''[[génos]]''. Como [[feminino]] de ''[[on]]'', traz para o [[pensar]] a [[questão]] da [[presença]] [[concreta]] da inesgotável [[energia]] de [[manifestação]] da [[vida]] em toda [[mulher]], isto é, da [[possibilidade]] da [[fertilidade]]" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In:---. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 134.

Edição atual tal como 02h43min de 4 de Julho de 2022

Tabela de conteúdo

1

Heidegger trata do que se pode entender por on / onta no ensaio: "A sentença de Anaximandro" (1), ligando-o à questão do presente. Esta questão dos onta, plural de on, é radical. Da decisão sobre os onta surge o limite, o substantivo, o conceito, a proposição. Contudo, o limite é indefinível. Por isso, o conceito, ao se decidir pelo limite definível, ocasiona um silenciamento e empobrecimento da compreensão e apreensão do ente. Lembramos que a tradução para o latim de on foi, como partícipio presente do verbo einai, ens, entis, de onde se formou a palavra ente, em português. A substantivação da forma verbal acarretou a perda do caráter verbal da palavra ens, entis. Por isso, preferimos traduzi-la por sendo. E o feminino de on é ousia, essência, essentia, em latim, ou princípio de procriação, fertilidade. Daí estar ligado sempre a mulher.
- Manuel Antônio de Castro


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A sentença de Anaximandro". In: Pré-Socráticos. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 30.

2

"Em todos os viventes há essa força geradora, a unidade, que denominamos Vida. Portanto, eidos nada tem a ver com ideal em oposição a real, até porque não há algo que exista sem essa energia geradora, sem a unidade, ou seja, sem o ser. Por isso, nos diálogos de Platão, quando quer dizer essa energia geradora que não se confunde com as meras representações, ele a nomeia: ousia. Ou seja: o feminino de on, particípio presente do verbo ser (einai). O eidos me dá a ver o que é a ousia. Esta, como feminino de sendo, diz, portanto, possibilidade de Vida, fertilidade própria de todo feminino" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura: compreender e interpretar". In: -----. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 90.

3

Ousía (οὐσία, pronúncia moderna "ussía") é um substantivo da língua grega formado a partir do feminino do particípio presente do verbo ser, esse em latim e εἶναι, einai, em grego. Esta palavra é, por vezes, traduzida para português como substância ou essência, simples traduções da ousia grega para o latim como substantia ou essentia. De substância se formou a importante palavra em português: substantivo. Devido à sua origem filosófica, substância é muito utilizada em Filosofia e em Teologia. Note-se logo que as palavras substância e substantivo têm originalmente um caráter verbal, o que já não ocorre no uso que delas faz a gramática e muitas vezes a filosofia e a teologia, onde se perde completamente o sentido verbal.


Manuel Antônio de Castro.

4

"Ousía não é gênero no sentido gramatical, mas é gênero no sentido de génos. Como feminino de on, traz para o pensar a questão da presença concreta da inesgotável energia de manifestação da vida em toda mulher, isto é, da possibilidade da fertilidade" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O próprio como possibilidades". In:---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 134.
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