Obra de arte

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 251.
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. ''Leitura: questões''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 251.
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: "Tudo é reduzido a [[causas]] porque tudo é reduzido a [[funções]] dentro do [[sistema]] e as próprias [[funções]] estão em [[função]], dentro do [[sistema]], das [[finalidades]] do [[sistema]], que se torna, então, o [[fundamento]], o [[horizonte]] a partir do qual julgamos tudo e classificamos tudo. É dentro dessa estruturação que determinamos cada [[sendo]] ou melhor cada “[[coisa]]”, cada “[[utensílio]]” e  cada “[[obra de arte]]”. Mas será que a [[obra de arte]] se reduz a um [[sistema]] de [[relações]] causais e funcionais? Não. Isso diz a [[Estética]], produto do [[fundamento]] racional. A [[Poética]], [[vigência]] do [[ser]] no [[sendo]], da [[obra]] enquanto operar da [[verdade]], diz o [[vigorar]] do [[fundar]]" (1).
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: Referência:
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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: ''Pensamento no Brasil, v.I - Emmanuel Carneiro Leão''.  SANTORO, Fernando e Outros, Org. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 213.

Edição de 20h33min de 15 de Julho de 2017

1

Caminhar nas e com as questões dá o mesmo trabalho de limpar, arar, semear, plantar, o terreno e esperar a firme, mas lenta maturação do semeado para sua eclosão no e com o tempo propício. A semente para amadurecer precisa de três instâncias: a semente como tal, o terreno, o tempo de maturação. Notamos que a ação do homem - o trabalho - apenas agencia o que já tem ação em si mesmo, mas pelo ordenamento (legein) lhe dá sentido. Isso é o mesmo que questionar e aprender, porque quem medra enquanto aprender é o que se é, a vida que se recebeu. Desse trabalho surge o formar do que chega a desabrochar (infelizmente muitas sementes e seres humanos estiolam antes disso tudo acontecer), mas também a forma das obras de arte (e dos utensílios) e do próprio ser humano, que são indissociáveis, sendo impossível haver forma sem o triplo agir (trabalho em sentido amplo), onde se inclui e é necessário incluir o agir da natureza / physis, acima apresentado. Portanto, nada tem a ver com formalismos técnicos. Pelo contrário, é o que os gregos denominavam morphe, a presença da forma enquanto presença do agir e realizar-se. É nesse sentido que a obra de arte é aquela onde se faz presente não apenas uma forma, mas onde nesta vigora o próprio agir enquanto presença do sentido. Se considerarmos que a forma, de alguma maneira, introduz o limite, a presença enquanto sentido projeta o agir da obra para além do limite. É isso a morphe, em sentido grego.


- Manuel Antônio de Castro


Ver também:


2

As questões da realidade e do humano são a fonte de todo e qualquer mundo, enquanto sentido do destinar-se do ser. Há diferenças, sim, mas estas dizem respeito não a um novo ser humano, mas a uma explicitação mais ampla e a aspectos diferentes daqueles tematizados e manifestados em épocas e obras anteriores. Devemos sempre considerar as obras de arte como grandes expedições de descoberta de paisagens novas da realidade naquilo que ela tem de essencial. Como jamais podemos separar a realidade da essência do humano, sendo esta uma doação dessa mesma realidade para que seja manifestada pelo próprio do ser humano, podemos afirmar que essas novas paisagens da realidade, que surgem da profundeza das obras de arte, nos encaminham para uma compreensão diferente da realidade.


- Manuel Antônio de Castro


3

Obra de arte é o mundo acontecendo como inesperado ou sentido do nada criativo.


- Manuel Antônio de Castro


4

"No utensílio, a forma é a sua finalidade. Como a obra de arte não tem finalidade nem funcionalidade, ela não tem forma. Presencia, desvela a realidade, que não cessa de velar-se, retrair-se. À presencialização da realidade no que ela é sendo é o que se chama telos, ou seja, a realidade se dando em sentido enquanto realização (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 221.


5

"A moral tende ao estático e estabelecido, ao sistema auto-referenciado. É bem o contrário da ética, onde o essencial é o poético. Não há ético sem poético e não há poético sem ético. E é isso que desde sempre se denominou obra de arte, se pusermos em primeiro lugar o que a palavra “obra” diz, aliás, o mesmo que poético no grego: o que age, o que faz acontecer, o que realiza. É necessário pensar a essência do agir, horizonte onde nos aparece a condição humana" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O humano, o poético e a contracultura". In: www.travessiapoetica.Blogspot.com.


6

"O estudo e classificações das obras de arte ficaram submissas à tradição retórico-gramatical, num conhecimento historiográfico de formas e influências sócio-culturais, segundo as diferentes épocas. Com isso, prevaleceu a concepção da língua como código e da obra – enquanto discurso – como organismo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 249.


7

"Cada obra de arte é uma semente pronta a eclodir, se mergulhada na terra fértil do diálogo (dia-logos). O diálogo, como fala sagrada e escuta, é o tempo propício [kairós] para a eclosão da dzoe / Vida, que subjaz na semente, que é a obra de arte.


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Obra de arte, vocabulário e mundo". In: ------------. Leitura: questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 251.


8

"Tudo é reduzido a causas porque tudo é reduzido a funções dentro do sistema e as próprias funções estão em função, dentro do sistema, das finalidades do sistema, que se torna, então, o fundamento, o horizonte a partir do qual julgamos tudo e classificamos tudo. É dentro dessa estruturação que determinamos cada sendo ou melhor cada “coisa”, cada “utensílio” e cada “obra de arte”. Mas será que a obra de arte se reduz a um sistema de relações causais e funcionais? Não. Isso diz a Estética, produto do fundamento racional. A Poética, vigência do ser no sendo, da obra enquanto operar da verdade, diz o vigorar do fundar" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Fundar e fundamentar". In: Pensamento no Brasil, v.I - Emmanuel Carneiro Leão. SANTORO, Fernando e Outros, Org. Rio de Janeiro: Hexis, 2010, p. 213.
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