Não-saber

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "A [[pergunta]] implica sempre dois elementos: o [[saber]] e o [[não-saber]]. É este que faz surgir a [[pergunta]] para [[saber]], mas  ele não é um [[não-saber]] totalmente [[vazio]], algo totalmente [[desconhecido]].  Trata-se antes - na [[unidade]] do [[saber]] e [[não-saber]] já ciente - de um [[não-saber]] em que pelo [[fato]] de perguntarmos o perguntado já é conhecido numa [[forma]] geral e indeterminada, mas não é ainda em [[forma]] específica e determinada" (1).
: "A [[pergunta]] implica sempre dois elementos: o [[saber]] e o [[não-saber]]. É este que faz surgir a [[pergunta]] para [[saber]], mas  ele não é um [[não-saber]] totalmente [[vazio]], algo totalmente [[desconhecido]].  Trata-se antes - na [[unidade]] do [[saber]] e [[não-saber]] já ciente - de um [[não-saber]] em que pelo [[fato]] de perguntarmos o perguntado já é conhecido numa [[forma]] geral e indeterminada, mas não é ainda em [[forma]] específica e determinada" (1).
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: Referência:
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: (1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. ''Metafísica''. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.
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: "Para que haja [[pergunta]] já se exige mais que uma mútua delimitação de [[saber]] e [[não-saber]]: exige-se um [[não-saber]] ciente, que ciente do seu [[próprio]] [[não-saber]] e ultrapassando-o se projeta para mais adiante do que onde ele [[está]], na direção do ainda-não-sabido, pois, do contrário, não poderia constituir uma direção. De um tal [[não-saber]] ciente surge o [[querer saber]] e do [[querer saber]] surge a [[pergunta]]" (1).

Edição de 21h55min de 18 de Junho de 2020

Tabela de conteúdo

1

"E era bom. 'Não-entender' era tão vasto que ultrapassava qualquer entender - entender era sempre limitado. Mas não-entender não tinha fronteiras e levava ao infinito, ao Deus. Não era um não-entender como um simples de espírito. O bom era ter uma inteligência e não entender. Era uma bênção estranha como a de ter loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura de estupidez" (1).


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974, p. 42.

2

Quem pergunta é porque já quer (saber) e este querer não nos vem de nossa vontade, mas do ser / saber (em Parmênides: einai / noein) que nos foi doado e o qual tendemos já desde sempre a realizar completamente, mas porque somos limitados nunca conseguimos de maneira completa, pois nele não mais poderia haver saber e não-saber. Daí surge a dialética enquanto procura incessante de proximidade e distância, de completude e falta, de sentido e não-sentido, de verdade e não-verdade, onde um tal não não indica falta, mas o que já se tem e tem demais e nunca cabe em nossos limites. Por isso, dentro deles só fazemos nos entregar incessantemente à procura da plenitude para a qual tendemos por sermos e não-sermos, e jamais como uma decisão de nossa vontade, que só aparentemente é que quer.


- Manuel Antônio de Castro.

3

"A pergunta implica sempre dois elementos: o saber e o não-saber. É este que faz surgir a pergunta para saber, mas ele não é um não-saber totalmente vazio, algo totalmente desconhecido. Trata-se antes - na unidade do saber e não-saber já ciente - de um não-saber em que pelo fato de perguntarmos o perguntado já é conhecido numa forma geral e indeterminada, mas não é ainda em forma específica e determinada" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.

4

"Para que haja pergunta já se exige mais que uma mútua delimitação de saber e não-saber: exige-se um não-saber ciente, que ciente do seu próprio não-saber e ultrapassando-o se projeta para mais adiante do que onde ele está, na direção do ainda-não-sabido, pois, do contrário, não poderia constituir uma direção. De um tal não-saber ciente surge o querer saber e do querer saber surge a pergunta" (1).


Referência:
(1) HUMMES, o.f.m. Cláudio. Metafísica. Mimeo. Daltro Filho / Imigrantes, RS, 1963. Depois tornou-se Bispo e hoje é Cardeal.