Hermes

De Dicionário de Poética e Pensamento

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: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereiasâ€. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 156.
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereiasâ€. In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 156.
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: "A [[imagem-questão]] não é uma [[figura de linguagem]]. É um [[acontecer]]. Por isso o “[[deus]]â€-[[imagem]] [[caminho]] se diz em [[grego]] [[Hermes]], enquanto [[imagem-questão]] da [[essência]] do [[agir]], pelo qual chegamos a [[ser]] o que somos. [[Hermes]] é a [[própria]] [[palavra]] que [[funda]] o [[lugar]], o ''[[ethos]]''. Toda [[linguagem]] que [[revela]] o [[real]] como [[verdade]] o [[revela]] e [[funda]] como [[caminho]] e [[lugar]] ([[Caminho]] do [[campo]]). O [[lugar]], em última [[instância]], é o [[próprio]] [[ser]] se manifestando tanto mais quanto mais se vela enquanto [[mundo]] e [[linguagem]]. Por isso, o [[caminhar]] é a [[travessia]] "[[entre]]" o [[velado]]/[[silêncio]]/[[vazio]] E o [[desvelado]], a excessividade [[poética]] e o [[vazio]] excessivo" (1).
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:  (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arteâ€. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). ''Arte em questão: as questões da arte''. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 20.

Edição de 20h40min de 13 de Novembro de 2020

Tabela de conteúdo

1

"Hermes, como palavra dos deuses ofertada aos homens na dicção do poeta, diz sempre a verdade, porém não toda a verdade. Desta tensão entre verdade e não-verdade é que surge o próprio mito como espelho de toda especulação. A essência do espelho não é representar o eu como o seu outro, não é reduplicar o real em representações, mas mostrar o que se esconde enquanto aparece. Ou seja, Hermes é o próprio diálogo. No diálogo, as diferenças se especulam, não como diferenças de si, mas do real" (1).


Referência:
(1) CASTRO. Manuel Antônio de. Poética e poiesis: a questão da interpretação. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ. Série Conferências, v. 5. 2000, p. 10.

2

"Dioniso foi educado por Hermes, a palavra-medida do sentido da vida e da morte. Só há sabedoria onde houver medida. Hermes é o mensageiro da medida não é a medida. Esta é o vigorar do sagrado, por isso Hermes é o mensageiro dos deuses, da divindade, isto é, do sagrado" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 190.


3

"Por que Ulisses vence Circe? Ele se abre para a fala e escuta de Hermes, o mensageiro dos deuses, a palavra originária, sagrada e poética. O radical de Hermes, wre ou wer, é indo-europeu e significa palavra. Esta se origina do verbo grego pará-ballein: o lançar no entre, daí toda palavra ser portadora e a própria mensagem. Ulisses só vence porque é portador do saber de Hermes, a própria Linguagem, o mito dos mitos e ritos, o sagrado primordial e originário" (1). A mensagem é a própria palavra e o seu sentido.


- Manuel Antônio de Castro.
Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Ulisses e a Escuta do Canto das Sereiasâ€. In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 156.

4

"A imagem-questão não é uma figura de linguagem. É um acontecer. Por isso o “deusâ€-imagem caminho se diz em grego Hermes, enquanto imagem-questão da essência do agir, pelo qual chegamos a ser o que somos. Hermes é a própria palavra que funda o lugar, o ethos. Toda linguagem que revela o real como verdade o revela e funda como caminho e lugar (Caminho do campo). O lugar, em última instância, é o próprio ser se manifestando tanto mais quanto mais se vela enquanto mundo e linguagem. Por isso, o caminhar é a travessia "entre" o velado/silêncio/vazio E o desvelado, a excessividade poética e o vazio excessivo" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Heidegger e as questões da arteâ€. In: Manuel Antônio de Castro, (org.). Arte em questão: as questões da arte. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 20.