Consciência

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 01h46min de 15 de Junho de 2018 por Profmanuel (Discussão | contribs)

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A consciência como questão remete para a epistemologia e, no que diz respeito à verdade, para adequação. Esta é a relação lógico-conceitual entre enunciado e enunciação, onde o vigorar do que é e está sendo (aletheia) fica esquecido e obstruído pela luz da razão conceitual. Tal esquecimento mostra os limites da consciência que só sabe o que sabe (cum-scire) e nunca sabe o que não vê, pois limita-se epistemologicamente (epistastai) ao que pode ser visto. A consciência diz respeito ao saber e não e jamais ao não-saber de todo saber, ao não-ver de tudo que vê, pois não pode se abrir para o que, dando-se a ver, se retrai, se oculta, se vela: o ser, sendo e não-sendo, dando-se e retraindo-se, pondo-se e depondo-se, sendo no aparecer das aparências e no desaparecer do não-ser, pois o ser foi, é e será sempre o vigorar do nada. O que a consciência sabe do nada?
O que a consciência sabe de si mesmo? Não será apenas a fala do silêncio? Mas esta é silêncio e não fala... eis o mistério da consciência. Esta aparece em todo o seu vigor de questão quando tentamos apreender o inconsciente e a realidade que se faz presente e atua nos sonhos. Em nossa vida os sonhos são reais. O que eles dizem e como dizem é que é inconsciente para nós em seu sentido. É este sentido que a psicanálise procura.


- Manuel Antônio de Castro


Conferir também:
* aletheia
Se o leitor quiser aprofundar esta temática, sugerimos:
HEIDEGGER, Martin. "Aletheia". In: --------. Ensaios e conferências. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2002.
----------------------------. Parmênides. Trad. Sérgio Mário Wrublevski. Petrópolis: Vozes, 2008.


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"Um outro exemplo da idade moderna de criação da razão e da consciência é de Kant, cogitans objectum me objectum, da Analítica dos Princípios. Pensando o objeto que não sou eu, mas que se opõe a mim e por isso é “ob-jecto”, descubro que sou eu que penso o objeto oposto a mim. Essa oposição não é tão radical assim. Por isso, isso é o que constitui a consciência. Sem essa experiência de não ser radical, de não ser por exclusividade e exclusão radical a diferença entre sujeito e objeto; por isso é que há a possibilidade da consciência, que pode se tornar qualquer coisa, sem violar e deturpar a diferença" (1).


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. "Idea, Eidos". Conf. proferida na UERJ, em 2005.
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