Acontecer

De Dicionário de Poética e Pensamento

(Diferença entre revisões)
 
(27 edições intermediárias não estão sendo exibidas.)
Linha 1: Linha 1:
__NOTOC__
__NOTOC__
== 1 ==
== 1 ==
-
: "[[História]], entendida como [[acontecer]], é o [[agir]] e sofrer pelo [[presente]], determinado pelo [[futuro]] e que assume o pretérito vigente" (1). E é nesse [[horizonte]] de [[dar-se]] e [[velar-se]] que deve ser pensada cada [[época]] e, evidente, o suceder, [[acontecer]] das [[épocas]]. Estas desenham o [[horizonte]] de toda possível [[historiografia]], caso contrário, não poderia haver [[historiografia]], pois não seria possível [[apreender]] o [[sentido]] do acontecer que as funda: [[ser]] e [[tempo]], sem os quais não podem ser pensadas as [[épocas]] e, portanto, a [[historiografia]] e a [[cronologia]], uma mera contagem e datação de datas, ou seja, o [[tempo]] reduzido ao numérico.
+
: "[[História]], entendida como [[acontecer]], é o [[agir]] e sofrer pelo [[presente]], determinado pelo [[futuro]] e que assume o pretérito vigente" (1).
 +
: E é nesse [[horizonte]] de [[dar-se]] e [[velar-se]] que deve ser pensada cada [[época]] e, evidente, o suceder, [[acontecer]] das [[épocas]]. Estas desenham o [[horizonte]] de [[toda]] [[possível]] [[historiografia]], caso contrário, não poderia haver [[historiografia]], pois não seria [[possível]] [[apreender]] o [[sentido]] do [[acontecer]] que as funda: [[ser]] e [[tempo]], sem os quais não podem ser pensadas as [[épocas]] e, portanto, a [[historiografia]] e a [[cronologia]], uma mera contagem e datação de datas, ou seja, o [[tempo]] reduzido ao numérico.
-
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
 
 +
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: Referência:
: Referência:
-
: (1) HEIDEGGER, Martin. ''Introdução à metafísica''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 70.
+
: (1) HEIDEGGER, Martin. '''Introdução à metafísica'''. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 70.
== 2 ==
== 2 ==
-
:"Que devemos fazer quando a [[questão]] tem um caráter histórico? Que significa aqui "histórico"? Em primeiro lugar, afirmamos somente que a resposta provisória à [[questão]] acerca da [[coisa]] provém de um [[tempo]] anterior, já passado [...]. Porque qualquer [[referência]] ao passado, bem como aos níveis elementares da [[questão]] acerca da [[coisa]], tratam de outra [[coisa]], que permanece na imobilidade: esta [[forma]] de [[referência]] histórica é, expressamente, uma suspensão da [[história]] – ao passo que esta é, sempre um acontecer. Perguntamos historicamente quando perguntamos pelo que ainda acontece, mesmo quando tal dá a [[aparência]] de já ter passado. Perguntamos pelo que ainda acontece se permanecermos à altura desse acontecer, de modo que, primeiro, ele se possa manifestar" (1).
+
:"Que devemos fazer quando a [[questão]] tem um caráter histórico? Que significa aqui "histórico"? Em primeiro lugar, afirmamos somente que a [[resposta]] provisória à [[questão]] acerca da [[coisa]] provém de um [[tempo]] anterior, já passado [...]. Porque qualquer [[referência]] ao [[passado]], bem como aos níveis elementares da [[questão]] acerca da [[coisa]], tratam de outra [[coisa]], que permanece na imobilidade: esta [[forma]] de [[referência]] histórica é, expressamente, uma suspensão da [[história]] – ao passo que esta é, [[sempre]] um [[acontecer]]. Perguntamos historicamente quando perguntamos pelo que ainda acontece, mesmo quando tal dá a [[aparência]] de já ter passado. Perguntamos pelo que ainda acontece se permanecermos à altura desse [[acontecer]], de modo que, primeiro, ele se possa [[manifestar]]" (1).
: Referência:
: Referência:
-
: (1)HEIDEGGER, Martin. ''O que é uma coisa''? Lisboa: Edições 70, 1992, p. 49.
+
: (1)HEIDEGGER, Martin. '''O que é uma coisa'''? Lisboa: Edições 70, 1992, p. 49.
== 3 ==
== 3 ==
-
:Acontecer é deixar-se ser inteiro e estar dentro e fora, além e aquém do [[tempo]] [[cronológico]], pois acontecer é o [[vigorar]] do tempo sendo.
+
: [[Acontecer]] é deixar-se [[ser]] [[inteiro]] e [[estar]] dentro e fora, além e aquém do [[tempo]] [[cronológico]], pois [[acontecer]] é o [[vigorar]] do [[tempo]] [[sendo]].
-
 
+
-
 
+
-
:- [[Manuel Antônio de Castro]]
+
 +
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
== 4 ==
== 4 ==
-
:"[[Agora]], [[eu]], eu sei como tudo é: as [[coisas]] que acontecem, é porque já estavam ficadas prontas, noutro ar, no sabugo da unha; e com efeito tudo é [[grátis]] quando sucede, no reles do [[momento]]" (1).
+
: "[[Agora]], [[eu]], eu sei como [[tudo]] é: as [[coisas]] que acontecem, é porque já estavam ficadas prontas, noutro ar, no sabugo da unha; e com efeito [[tudo]] é grátis quando sucede, no reles do [[momento]]" (1).
: Referência:
: Referência:
-
: (1) ROSA, João Guimarães. ''Grande sertão: veredas'', 6.e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, 331.
+
: (1) ROSA, João Guimarães. '''Grande sertão: veredas''', 6.e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, 331.
-
 
+
-
 
+
== 5 ==
== 5 ==
-
: Acontecer: incessante manifestar-se em [[mundo]] do [[sentido]], da [[verdade]], da [[linguagem]] do [[extraordinário]].
+
: [[Acontecer]]: incessante [[manifestar-se]] em [[mundo]] do [[sentido]], da [[verdade]], da [[linguagem]] do [[extraordinário]].
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
: - [[Manuel Antônio de Castro]]
 +
== 6 ==
 +
: "Se em nós há [[procura]] incessante, e há, isso diz que o nosso [[não-ser]] é o [[vigorar]] do [[acontecer]], no [[sentido]] em que o [[poeta]]-[[pensador]] [[Rosa]] nos faz [[pensar]], conforme já citamos: “Aquilo que não havia, acontecia†(1).
-
 
+
: O [[acontecer]] se dá [[sempre]] na terceira margem do [[rio]]. Então, o [[não-ser]] de cada [[sendo]] vigora no [[nada]] acontecendo" (2).
-
== 6 ==
+
-
: "Se em nós há [[procura]] incessante, e há, isso diz que o nosso [[não-ser]] é o [[vigorar]] do [[acontecer]], no [[sentido]] em que o poeta-pensador Rosa nos faz [[pensar]], conforme já citamos: “Aquilo que não havia, acontecia†(1). O [[acontecer]] se dá sempre na terceira margem do rio. Então, o [[não-ser]] de cada [[sendo]] vigora no [[nada]] acontecendo" (2).
+
: Referência:
: Referência:
-
: (1) ROSA, João Guimarães. "A terceira margem do rio". In: -------. ''Primeiras estórias'', 3. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p. 33.
+
: (1) ROSA, João Guimarães. "A terceira margem do rio". In: ---. '''Primeiras estórias''', 3. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p. 33.
-
: (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ------. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 218.
+
: (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 218.
== 7 ==
== 7 ==
-
: "O [[vigorar]] da inclusão é que faz a [[proximidade]] e [[distância]] tornarem-se sempre presentes no [[amar]] e não [[parecer]] no [[aparecer]]. É o dar-se da união amorosa. Só há [[aparência]] do [[aparecer]] quando há o [[esquecimento]] do [[sentido]] do [[ser]], porque o [[aparecer]] se move no plano dos [[entes]]. E estes nunca podem [[fundar]] [[ser]], porque só este é [[vigorar]], [[acontecer]]. [[Amar]] é [[acontecer]]" (1).
+
: "O [[vigorar]] da inclusão é que faz a [[proximidade]] e [[distância]] tornarem-se sempre presentes no [[amar]] e não [[parecer]] no [[aparecer]]. É o [[dar-se]] da união amorosa. Só há [[aparência]] do [[aparecer]] quando há o [[esquecimento]] do [[sentido]] do [[ser]], porque o [[aparecer]] se move no plano dos [[entes]]. E estes nunca podem [[fundar]] [[ser]], porque só este é [[vigorar]], [[acontecer]]. [[Amar]] é [[acontecer]]" (1).
: Referência:
: Referência:
-
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: -----. ''Arte: o humano e o destino''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 308.
+
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 308.
== 8 ==
== 8 ==
Linha 69: Linha 66:
: Referência:
: Referência:
-
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Dialética e diálogo: A verdade do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 192, ''Dialética em questão I''. Rio de Janeiro, jan.- mar., 2013, p. 11.
+
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Dialética e diálogo: A verdade do humano". In: '''Revista Tempo Brasileiro''', 192, '''Dialética em questão I'''. Rio de Janeiro, jan.- mar., 2013, p. 11.
-
 
+
-
 
+
== 9 ==
== 9 ==
-
: "Muitas vezes ficamos alegres, tristes, decepcionados e perplexos diante do que nos acontece na [[vida]]. A [[vida]] é um [[acontecer]] incessante para além das [[teorias]], dos [[sistemas]], das [[utopias]] idealizantes e dos [[sonhos]] [[simbólicos]] ou não. O [[acontecer]] é sempre [[misterioso]], conforme nos faz [[pensar]] o [[poeta]]-[[pensador]] João Guimarães Rosa, ao afirmar: “Aquilo que não havia, acontecia†(1). O [[vigorar]] do [[acontecer]] nos lança sempre à [[procura]] disto e daquilo e até, essencialmente, de nós mesmos" (2).
+
: "Muitas vezes ficamos alegres, tristes, decepcionados e perplexos diante do que nos acontece na [[vida]]. A [[vida]] é um [[acontecer]] incessante para além das [[teorias]], dos [[sistemas]], das [[utopias]] idealizantes e dos [[sonhos]] [[simbólicos]] ou não. O [[acontecer]] é sempre [[misterioso]], conforme nos faz [[pensar]] o [[poeta]]-[[pensador]] João Guimarães Rosa, ao afirmar: “Aquilo que não havia, acontecia†(1).  
 +
 
 +
: O [[vigorar]] do [[acontecer]] nos lança sempre à [[procura]] disto e daquilo e até, essencialmente, de nós mesmos" (2).
: Referências:
: Referências:
-
: (1) ROSA, João Guimarães. ''Primeiras estórias''. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p.33.  
+
: (1) ROSA, João Guimarães. '''Primeiras estórias'''. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p.33.  
 +
 
 +
: (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ---. '''Arte: o humano e o destino'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 213.
 +
 
 +
== 10 ==
 +
: ''Os [[olhos]] são a janela da [[alma]]''.
 +
: ''Cada um olha o [[mundo]] da sua janela''.
 +
: ''O [[mundo]] não é o que cada um olha''.
 +
: ''É o [[sentido]]  do que [[acontece]]'' (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura: compreender e interpretar". In: ---. '''Leitura: Questões'''. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 87.
 +
 
 +
== 11 ==
 +
 
 +
: em mim existem [[milagres]]
 +
: que esperam sua vez de [[acontecer]]
 +
: eu nunca vou desistir de mim      (1)
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
 +
 
 +
:  (1) KAUR, rupi. '''meu corpo / minha casa'''. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 176.
 +
 
 +
== 12 ==
 +
: "Se o [[tempo]] é o desencadeador, isto é, o largo [[horizonte]] onde se dá o [[acontecer]], quando se chega à enunciação do [[acontecimento]], parece ser este que engravida a [[experiência]] da [[vivência]] [[temporal]], como se o [[acontecimento]] fosse o ''locus'' de [[manifestação]] do [[tempo]] e sua [[real]] [[concretização]]. O [[ad-vento]] do [[tempo]] é [[acontecimento]]" (1).
 +
 
 +
 
 +
: Referência:
-
: (2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: --------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 213.
+
: (1) CASTRO, Manuel Antônio de. '''O acontecer poético'''. Rio de Janeiro: Antares, 1982, p. 36.

Edição atual tal como 22h06min de 17 de Abril de 2024

1

"História, entendida como acontecer, é o agir e sofrer pelo presente, determinado pelo futuro e que assume o pretérito vigente" (1).
E é nesse horizonte de dar-se e velar-se que deve ser pensada cada época e, evidente, o suceder, acontecer das épocas. Estas desenham o horizonte de toda possível historiografia, caso contrário, não poderia haver historiografia, pois não seria possível apreender o sentido do acontecer que as funda: ser e tempo, sem os quais não podem ser pensadas as épocas e, portanto, a historiografia e a cronologia, uma mera contagem e datação de datas, ou seja, o tempo reduzido ao numérico.


- Manuel Antônio de Castro
Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969, p. 70.

2

"Que devemos fazer quando a questão tem um caráter histórico? Que significa aqui "histórico"? Em primeiro lugar, afirmamos somente que a resposta provisória à questão acerca da coisa provém de um tempo anterior, já passado [...]. Porque qualquer referência ao passado, bem como aos níveis elementares da questão acerca da coisa, tratam de outra coisa, que permanece na imobilidade: esta forma de referência histórica é, expressamente, uma suspensão da história – ao passo que esta é, sempre um acontecer. Perguntamos historicamente quando perguntamos pelo que ainda acontece, mesmo quando tal dá a aparência de já ter passado. Perguntamos pelo que ainda acontece se permanecermos à altura desse acontecer, de modo que, primeiro, ele se possa manifestar" (1).


Referência:
(1)HEIDEGGER, Martin. O que é uma coisa? Lisboa: Edições 70, 1992, p. 49.

3

Acontecer é deixar-se ser inteiro e estar dentro e fora, além e aquém do tempo cronológico, pois acontecer é o vigorar do tempo sendo.


- Manuel Antônio de Castro

4

"Agora, eu, eu sei como tudo é: as coisas que acontecem, é porque já estavam ficadas prontas, noutro ar, no sabugo da unha; e com efeito tudo é grátis quando sucede, no reles do momento" (1).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas, 6.e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, 331.

5

Acontecer: incessante manifestar-se em mundo do sentido, da verdade, da linguagem do extraordinário.


- Manuel Antônio de Castro

6

"Se em nós há procura incessante, e há, isso diz que o nosso não-ser é o vigorar do acontecer, no sentido em que o poeta-pensador Rosa nos faz pensar, conforme já citamos: “Aquilo que não havia, acontecia†(1).
O acontecer se dá sempre na terceira margem do rio. Então, o não-ser de cada sendo vigora no nada acontecendo" (2).


Referência:
(1) ROSA, João Guimarães. "A terceira margem do rio". In: ---. Primeiras estórias, 3. e. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p. 33.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 218.

7

"O vigorar da inclusão é que faz a proximidade e distância tornarem-se sempre presentes no amar e não parecer no aparecer. É o dar-se da união amorosa. Só há aparência do aparecer quando há o esquecimento do sentido do ser, porque o aparecer se move no plano dos entes. E estes nunca podem fundar ser, porque só este é vigorar, acontecer. Amar é acontecer" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Amar e ser". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 308.

8

"Quem diz sentido o faz já no horizonte do vigorar da realidade em linguagem e mundo. Realidade é seu acontecer nas realizações do real. Não há realização do real sem abertura de mundo e verdade, pois todo acontecer da realidade manifesta e vela" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Dialética e diálogo: A verdade do humano". In: Revista Tempo Brasileiro, 192, Dialética em questão I. Rio de Janeiro, jan.- mar., 2013, p. 11.

9

"Muitas vezes ficamos alegres, tristes, decepcionados e perplexos diante do que nos acontece na vida. A vida é um acontecer incessante para além das teorias, dos sistemas, das utopias idealizantes e dos sonhos simbólicos ou não. O acontecer é sempre misterioso, conforme nos faz pensar o poeta-pensador João Guimarães Rosa, ao afirmar: “Aquilo que não havia, acontecia†(1).
O vigorar do acontecer nos lança sempre à procura disto e daquilo e até, essencialmente, de nós mesmos" (2).


Referências:
(1) ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, p.33.
(2) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ---. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 213.

10

Os olhos são a janela da alma.
Cada um olha o mundo da sua janela.
O mundo não é o que cada um olha.
É o sentido do que acontece (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Leitura: compreender e interpretar". In: ---. Leitura: Questões. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2015, p. 87.

11

em mim existem milagres
que esperam sua vez de acontecer
eu nunca vou desistir de mim (1)


Referência:
(1) KAUR, rupi. meu corpo / minha casa. Trad. Ana Guadalupe. São Paulo: Editora Planeta, 2020, p. 176.

12

"Se o tempo é o desencadeador, isto é, o largo horizonte onde se dá o acontecer, quando se chega à enunciação do acontecimento, parece ser este que engravida a experiência da vivência temporal, como se o acontecimento fosse o locus de manifestação do tempo e sua real concretização. O ad-vento do tempo é acontecimento" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético. Rio de Janeiro: Antares, 1982, p. 36.
Ferramentas pessoais