Pensar

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 00h45min de 22 de Abril de 2009 por Jun (Discussão | contribs)

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"O eu pensante não tem idade, e, na medida em que os pensadores não existem efetivamente senão no pensar, sua felicidade e infelicidade é o se tornarem velhos sem envelhecer. Com a paixão do pensar ocorre o mesmo que acontece com as outras paixões: o que habitualmente conhecemos como particularidades próprias da pessoa, cuja totalidade ordenada pela vontade produz então algo como um caráter, não resiste ao assalto da paixão que toma e, de certa forma, se apodera do homem e da pessoa" (1).


Referência:
(1) ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 226.


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"O eu que, pensando, 'se sustém em si mesmo' na tempestade desencadeada, como diz Heidegger, e para quem o tempo literalmente para, não só não tem idade, como também, ainda que sempre um eu especificamente diferente, não tem particularidade. O eu pensante é totalmente diferente do si da consciência" (1).


Referência:
(1) ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 226.


Ver também:


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"Construir e pensar são, cada um a seu modo, indispensáveis para o habitar. Ambos são, no entanto, insuficientes para o habitar se cada um se mantiver isolado, cuidando do que é seu ao invés de escutar um ao outro. Essa escuta só acontece se ambos, construir e pensar, pertencem ao habitar, permanecem em seus limites e sabem que tanto um como outro provém da obra de uma longa experiência e de um exercício incessante" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "Construir, habitar, pensar". In: Ensaios e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 140.


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"O pensar poético é o pensar se manifestando realização concreta, por uma modalidade de fazer, tal como diz o verbo poiéo. Nessa manifestação, realizando, se dis-põe ao desvelamento. Por sua vez, nesse desvelamento não há certeza, há dinâmica. Sua concretude advém precisamente da ausência de certeza e da vigência de uma dinâmica. O pensar é apresentado como o pensar que pensa realizando, diferentemente de uma modalidade de pensar que se realiza como cumulação de abstrações, como informações coligidas para se apresentarem, no mais das vezes, como simulacro de alguma realização externa a esse mesmo pensar. O pensar vigente como desencadeador de realidade é o que faz com que o desvelar se pronuncie" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 33.


5

"Pensar não é raciocinar. É mais. É deixar-se atravessar pelo a-ser-pensado, pelo não saber de todo conhecer. Portanto, pensamento não é a mesma coisa que conhecimento, embora sejam o “mesmo”. Para o pensamento, o desafio é pensar o conhecido, pensando-o na sua proveniência. É, no dito poético, deixar advir o não-dito" (1).


Referência:
(1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Interdisciplinaridade poética: o 'entre'". In: Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro: número 164, jan.-mar. 2006, p. 13.


Ver Também:

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"Deixar dizer o que é digno de se pensar significa - pensar. Escutando o poema, pensamos desde a poesia. Desse modo, é a poesia, é o pensamento" (1).


Referência:
(1) HEIDEGGER, Martin. "A palavra". In: -----. A caminho da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 188.


7

"Pensar não é só saber, é também e em igual intensidade não-saber. Quando se pensa não se pretende saber. Quando se pretende saber não se pensa. É esse o sentido mais profundo do pensamento socrático expresso na célebre frase: oîda hóti ouk oîda, sei que não sei. Pensar significa fazer um empenho tanto no sentido de compreender cada palavra presente neste tema uma a uma, como compreender o seu interrelacionamento" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 158.


8

"O pensar é a dimensão que nos permite compreender a realidade para além de um somatório de realizações, bem como é o que nos permite, agindo, estar para além da dimensão do agir, que se constitui a partir do agir, e que leve apenas a uma modalidade de agir. Pensar é, na verdade, uma modalidade de radicalização do agir, isto é, é o agir levado à sua radicalidade, à sua raiz, ao seu fundamento, é, portanto, o agir que não se esgota, não se gasta, na ação" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 162.


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"O pensar não tem nem pode ter, necessariamente, sistema. O pensar não tem nem pode ter, necessariamente, ordem. O pensar não tem nem pode ter, necessariamente, regularidade. O pensar não tem nem pode ter, necessariamente, juízo. Enfim, o pensar não julga e não pode ser julgado exclusivamente a partir de uma ordem racional" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 168-9.


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"O pensar não pode nunca erradicar os mistérios, na medida em que se nutre precisamente deles. A palavra mistério é proveniente do verbo grego mýo, e quer dizer concentrar-se, encerrar-se no âmago, recolher-se no íntimo. Mistério, portanto, nos fala de um determinado tipo de movimento, um movimento que se projeta em direção à origem, ao fundamento, à própria dinâmica do ser. O pensar, portanto, é a possibilidade de acolher o mistério não só como integrante de si mesmo, mas também da realidade" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 170.


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"O pensar não é uma vigência excrescente. Ou seja: pensar não se dá por inércia. O pensar enquanto pensar, o pensar que pensa, que cuida e que vela a unidade, faz de si unidade, concentra-se.
"[...] Pensar é uma modalidade própria de acionamento do real. Se hoje é possível se fazer esse acionamento de modo abstrato, isto é, retirando-se a densidade do real, não quer por isso dizer que tenha sido sempre deste modo. Na verdade não é talvez mais possível se saber de que modo, quando e onde o real passou a ser acionado, quase que exclusivamente, por meio da vigência da abstração" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 177.


12

"O pensar não é o outro do concreto. Ao contrário, é pelo pensar que o concreto vige para além, ou para aquém, de si mesmo, do mesmo modo que é pelo concreto que o pensar vige enquanto realização. Pensar e concreto se com-põem. Pensar não é a vigência da abstração. Pensar é um dos modos de concreção da possibilidade" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 177-8.


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"O pensar fundamentado na representação des-considera qualquer possibilidade de presença como decisiva para o pensar. A única presença indispensável acaba sendo a presença de suportes. A própria palavra se torna um entre outros suportes. Estes atuam como depositários da informação" (1).


Referência:
(1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 190.
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