Desejo
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 21h25min de 12 de Novembro de 2017 por Profmanuel (Discussão | contribs)
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- Todo prazer é a satisfação de um desejo. Mas o que é o desejo? Formou-se da palavra latina: desiderium: (1) Desejo (de alguma coisa que se teve e não se tem mais)(o que já temos porque somos e não temos mais é o outro de nós mesmos); (2) objeto de carinho; (3) Necessidade natural (natural vem de physis, de quem recebemos o que somos, nosso ser como doação. Como doação que somos já nos foi doado também o desejo, a falta, de ter aquilo que nos foi dado e não temos, o que nos co-pertence e não temos, por isso pro-curamos como sendo parte de nós, mas que não pode ser outro senão o que já somos e não temos. É, portanto, uma necessidade natural, um desejo). Desiderium formou-se do verbo: de-sidero: deixar de ver, sentir falta de; daí: procurar, desejar, exigir. O deixar de ver está ligado à formação do verbo: de+sidus: astro, sol, estelas (constelação) ou sidereus: sidéreo, relativo a um astro, celeste, divino. O prefixo de- diz perda de alto a baixo. O desejo em sentido essencial remete para o que em nós vigora como luz e ainda não temos, daí o desejar, cobiçar, a concupiscência.
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- "Mas, sem dúvida, se não podemos falar em sensação pura, também, em se tratando do ser humano, é impossível ficar preso a uma razão pura. Por isso, melhor do que falar em instinto, seja melhor dimensioná-lo pelo mito de Cura, conjugando a sua origem, tanto em Eros, quanto em Cura, fazendo desta uma dimensão do próprio Eros, pois, em última instância, as libidos são sempre uma procura, inerente ao próprio do ser humano, enquanto dimensionada por Eros" (1).
- Esse sentido de procura como impulso da libido, a denominamos também desejo, embora tenha este um âmbito semântico mais amplo e variado.
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "Eros, o humano e os humanismos". In: Eros, tecnologia, transumanismo. MONTEIRO, Maria Conceição e Outros (org.). Rio de Janeiro: Caetés, 2015, p. 47.